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Empresas da indústria do alumínio analisam o desempenho em 2022 e as perspectivas para 2023

Apesar dos desafios internos e externos, setor investirá cerca de R$ 30 bilhões até 2025

Depois do volume recorde do consumo doméstico de alumínio em 2021, com 1.583 t, a Associação Brasileira do Alumínio (ABAL) tem previsão de recuo de 4% em 2022 – acima da expectativa inicial de retração de 2,3%.

Segundo Janaina Donas, presidente-executiva da ABAL, a demanda no segundo semestre foi morna, o que acentuou a queda no consumo. O setor deve encerrar no ano passado com volume de 1.520 t.

Apesar disso, a dirigente chama a atenção para a reinserção do Brasil na produção mundial de alumínio primário, com a retomada da operação do Consórcio de Alumínio do Maranhão (Alumar) – de 447 mil t métricas por ano – que havia sido suspensa em 2015.

“Em 2023, poderemos sair do 12º lugar no ranking global para 9º ou 8º, ganhando destaque entre os maiores produtores e deixando de ser importador líquido de metal”, declara Janaina.

A indústria de alumínio também comemorou no final do ano passado a decisão do governo brasileiro de taxar as importações de laminados de alumínio chineses, após comprovação de subsídios daquele país às exportações para o Brasil.

De acordo com a dirigente da ABAL, a adoção de instrumentos de defesa comercial é uma ação legítima, reconhecida pela Organização Mundial de Comércio (OMC), e fundamental para a correção dos desequilíbrios provocados por práticas desleais.

Demanda global

Em 2022, o International Aluminium Institute (IAI) divulgou um levantamento que mostra que a demanda por alumínio primário deve crescer 40% até o final de 2030, o que impulsionará a indústria global a produzir mais 33,3 milhões de t do metal por ano.

Os quatro principais consumidores (Transportes, Embalagens, Construção Civil e Setor Elétrico) responderão por 75% do total do aumento.

A busca pelo metal tem sido motivada, entre inúmeros diferenciais, pela sustentabilidade da cadeia – de ponta a ponta. Cerca de 75% dos quase 1,5 bilhão de t métricas de alumínio já produzidas no mundo ainda estão em uso produtivo, graças à possibilidade infinita de reciclagem.

Avaliação do mercado

O portal Revista Alumínio conversou com algumas empresas do setor no Brasil para saber como foi o desempenho no ano passado. Em resumo, os executivos contaram que apesar dos desafios internos e externos, a indústria do alumínio segue investindo e com boas perspectivas para 2023.

Os aportes no mercado nacional somam R$ 30 bilhões para o período de 2021 a 2025, de acordo com a ABAL.

O montante disponibilizado pelo setor incluirá uma série de projetos, os quais vão desde a retomada da produção de alumínio primário, construção de novas plantas e modernização das existentes, expansão de reservas de bauxita, autogeração de energia, modernização e instalação de novos centros de coleta e reciclagem, até os convênios com o meio acadêmico para iniciativas de Pesquisa e Desenvolvimento (P&D).

Mineração de bauxita

No primeiro elo da cadeia produtiva, a Mineração Rio do Norte (MRN) seguiu produzindo bauxita de forma sustentável na Amazônia.

A empresa está alinhada a padrões internacionais como as certificações ASI Performance Standard, Corporação Financeira Internacional (IFC) e o Padrão Global da Indústria para a Gestão de Rejeitos (GISTM), além das práticas de sustentabilidade e ESG.

Guido Germani, CEO da companhia, explica que o maior desafio é o Projeto Novas Minas (PNM), que garantirá a continuidade das operações até 2042. Em fase de licenciamento, a iniciativa será fundamental para manter a produção anual aproximada de 12,5 milhões de t de bauxita.

“O PNM tem investimentos que giram em torno de R$ 900 milhões e, para nós, representa também a continuidade da promoção do desenvolvimento sustentável da região, manutenção e geração de empregos e projetos de responsabilidade social corporativa, incluindo iniciativas educacionais, que já transformaram a vida de milhares de pessoas”, explica.

Só em 2021, foram investidos mais de R$ 23 milhões em ações socioeconômicas e ambientais na região. O PNM também prevê a geração de impostos e divisas para os municípios de Oriximiná, Terra Santa e Faro, assim como para o Estado do Pará. 

Alumínio primário

Para a Albras – produtora de alumínio primário pertencente à multinacional Hydro e à Nippon Amazon Aluminium (NAAC) – o ano passado foi positivo, fechando com cerca de R$ 530 milhões em projetos que devem modernizar a empresa e consolidar a estratégia de produção com redução do footprint de carbono.

A companhia está investindo, por exemplo, na geração estratégica de energia renovável por meio de participação nas plantas de energia solar e das contratações de energia das hidrelétricas do Brasil.

O período ainda marcou a produção recorde da liga PFA (lingote com liga de silício). Dois anos após lançar no mercado, a Albras já ampliou em quase 100% a produção do metal, que é utilizado pela indústria automotiva para a produção de rodas de liga leve e componentes veiculares.

“O que podemos avaliar é que o mercado de alumínio primário foi muito volátil em 2022 por conta de diversos motivos, como a guerra entre Rússia e Ucrânia, e o consequente impacto da redução das exportações de gás da Rússia, gerando uma crise energética na União Europeia. As expectativas de crescimento pós-Covid no ocidente e a persistente política de lockdown no território chinês, também adicionaram doses extras de incertezas quanto ao real crescimento da economia que, por sua vez, impactaram na dinâmica das transações de consumo e reposição de estoques”, comenta João Batista Menezes, presidente da Albras.

Segundo o dirigente, ainda é cedo para uma previsão do setor de alumínio primário para 2023: a inflação nos Estados Unidos está abaixo do esperado e isso movimenta o mercado, pois o país é um grande consumidor. Já a Europa tem uma participação grande no mercado e tem sido negativamente afetada pela guerra entre Rússia e Ucrânia.

“O que podemos dizer é que o Brasil está bem abastecido de alumínio. No que diz respeito a investimentos, ao longo de 2022 tivemos e ainda temos pela frente vários projetos que serão fundamentais para manter a Albras atualizada em relação às melhores tecnologias do mercado, assim como projetos que endereçam de forma definitiva a estabilidade dos nossos processos tornando a companhia mais produtiva e competitiva”, reforça.

Mercado de laminados

Para a Novelis, períodos de instabilidade local e global impactaram a demanda por diversos produtos, incluindo aqueles que utilizam laminados de alumínio.

“O segmento de latas para bebidas vinha crescendo em ritmo acelerado no Brasil nos últimos anos, em função da diversidade de produtos, maior eficiência da embalagem e responsabilidade ambiental. Entretanto, 2022 foi de grandes desafios e a retomada do setor de bares e restaurantes levou a uma queda da participação da lata de alumínio no mix de embalagens para o segmento de cerveja”, explica Solange Akiama, gerente-sênior de Excelência Comercial e Marketing da companhia.

Apesar disso, a empresa segue investindo. Em menos de cinco anos, foram direcionados R$ 1,2 bilhão para expansão da capacidade de produção e reciclagem da companhia.

No ano passado, a Novelis aprovou um novo pacote de R$ 450 milhões para aumentar ainda mais a capacidade produtiva até 2024 na planta em Pindamonhangaba (SP), considerada o maior complexo de laminação e reciclagem de alumínio. Além disso, a empresa pretende direcionar mais de R$ 4 bilhões para a construção de uma nova fábrica ao lado da atual.

Investimos também na instalação de um Centro de Soluções ao Cliente (CSC), um polo de inovação com foco no desenvolvimento de soluções mais sustentáveis para nossos clientes do setor de latas para bebidas que deve ser inaugurado no primeiro semestre de 2023.”

Vergalhões e tubos para refrigeração

De acordo com a Termomecanica — companhia focada na transformação de cobre e suas ligas, tendo iniciado a fabricação de produtos de alumínio em 2016 —, no ano passado, os segmentos em que atua (elétrico e de tubos para refrigeração) apresentaram leve retração em relação ao ano anterior.

Isso se deve à conjuntura: instabilidade política e eleições no cenário interno, efeitos da pandemia e da guerra entre Rússia e Ucrânia, alta dos custos de energia e transporte marítimo internacional, inflação, juros, entre outros.

Segundo Paulo Cezar Martins Pereira, superintendente de Vendas e Marketing da companhia, no Brasil, devido à ação rápida e antecipada do Banco Central em relação a outros países, alguns desses fatores incidiram com menor intensidade, tendo ocorrido com maior controle, como é o caso da inflação.

Na avaliação do executivo, nos três primeiros trimestres do ano a situação permitiu um nível econômico mínimo no mercado interno e até uma reação forte em alguns setores específicos. Mas no último trimestre pós-eleições, a perspectiva futura não se mostrou favorável.

“No geral, as condições não são muito animadoras para os novos investimentos necessários, pelo menos no primeiro semestre de 2023”, acredita.

Já para o setor elétrico, os investimentos programados pelo plano decenal da Empresa de Pesquisa Energética (EPE) representarão um avanço no atual cenário, principalmente em linhas de transmissão e distribuição de energia para absorção da crescente oferta gerada na produção eólica e solar, e pelo volume necessário de substituição de linhas antigas em final de vida útil.

“Se esses investimentos vierem a acontecer como planejado, o alumínio para o setor elétrico verá uma demanda mais favorável e crescente este ano. Os demais segmentos, principalmente aqueles que dependem de crédito tais como automobilístico, construção civil e bens de consumo em geral, dependerão mais da evolução do cenário econômico interno”, avalia.

Ligas especiais

Michelle Ávila, gerente Comercial e de Logística Internacional na AMG Brasil, conta que o setor iniciou o ano passado com a meta de superar 2021, que já havia sido promissor, com exportações elevadas e mercado brasileiro bastante aquecido.

Na visão dela, o primeiro semestre começou a se desenhar como o mais importante da história da empresa, mas logo se desdobrou em crises dadas por fatores externos (guerra na Europa e recessão da indústria naquela região, e com a Argentina em crise cambial) e internos (eleições).

“Isso fez com que a demanda do mercado de anteligas e ligas especiais de alumínio se reduzisse aos níveis de produção de três a cinco anos atrás. Porém, essa realidade é cíclica e a expectativa para o ano de 2023 é de bastante desafio e de melhora na economia global”, complementa Michelle.

Mesmo com esse cenário, a AMG Brasil investiu na ampliação da capacidade produtiva para ter condições de atender mercados ainda maiores em outras partes do globo. O pacote inclui a substituição e modernização de máquinas e equipamentos alinhados à Indústria 4.0.

A companhia trabalha com um plano de investimentos para os próximos cinco anos e deve continuar apostando em ações para o aumento da segurança, produtividade, confiabilidade e qualidade dos produtos para atender as demandas do mercado.

Setores automotivo e de construção civil

Duas entidades que representam os maiores consumidores de alumínio do Brasil já divulgaram os balanços em 2022.

A indústria da construção deve registrar incremento de 7% em seu Produto Interno Bruto (PIB), superando a projeção anterior de 6%, conforme balanço da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC).

O setor prevê crescimento de 2,5% em 2023, em ritmo de três anos consecutivos de expansão acima da economia nacional. A projeção considera o ciclo de negócios do mercado imobiliário em andamento e a demanda habitacional.

Segundo José Carlos Martins, presidente da entidade, embora a perspectiva e os números sejam positivos, o crescimento ainda continua 19,6% abaixo do que a atividade já apresentou, com maior desempenho registrado em 2014.

Já a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) informou que os números de produção e exportação foram positivos com estabilidade nas vendas.

“Depois de um primeiro quadrimestre muito difícil em função da falta de semicondutores, o setor acelerou o ritmo e conseguiu atender parte da demanda reprimida nos mercados interno e externos”, informa Márcio de Lima Leite, presidente da entidade.

O ano passado fechou com a produção de 2,3 milhões de unidades, alta de 5,4% sobre 2021. As exportações registraram crescimento de 27,8% sobre o ano anterior. Enquanto isso, as vendas alcançaram 2,1 milhões de unidades, apenas 0,7% abaixo do acumulado de 2021.

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