A superoferta de alumínio da China, que durante muito tempo desequilibrou o mercado externo, arrefeceu nos últimos três anos. A preocupação do país asiático em conter as emissões de gases causadores do efeito estufa fez com fossem estabelecidos limites de produção para esse e outros metais, tornando a oferta e demanda mais saudáveis.
A análise é de Ricardo Carvalho, presidente da Companhia Brasileira de Alumínio (CBA), que participou de encontro virtual com a imprensa promovido pela empresa na quinta-feira, dia 26 de agosto.
“O consumo de alumínio também continua crescendo, pois o metal está nas principais aplicações do mundo moderno. Isso torna as projeções para o setor a curto e médio prazos, de três a cinco anos, positivas. É o que mostra as consultorias especializadas, como CRU International e Wood Mackenzie”, acrescentou.
Neste contexto favorável, a CBA, pertencente ao Grupo Votorantim, vem evoluindo nos últimos anos. A oferta inicial de ações (IPO, na sigla em inglês), realizada em julho na bolsa brasileira, deve ajudar na implantação de projetos para acelerar o crescimento da empresa e sua posição em Enviromental, Social and Governance (ESG).
A companhia teve lucro líquido de R$ 384,3 milhões no segundo trimestre deste ano. Trata-se de um aumento de 1.900% em relação ao mesmo período de 2020, quando fechou com R$ 19,1 milhões.
Energia renovável
Luciano Alves, CFO da companhia, disse que já estão aprovados R$ 150 milhões para a geração de energia eólica no nordeste do país, por meio de uma parceria entre a Votorantim Energia (VE) e o CPP Investments – fundo canadense. O projeto já está em construção e deve operar a partir de 2023.
“Para o crescimento da empresa no futuro, vamos precisar de mais energia e a nossa intenção é continuar apostando na integração com energia renovável no Brasil. A solar e a eólica são duas matrizes que complementam bem o nosso mix”, afirmou.
Conforme noticiou o jornal O Popular, a empresa também já tem um projeto, ainda em desenvolvimento, de geração de energia solar na unidade de Niquelândia, em Goiás, que foi desativada em 2016. Segundo o presidente da CBA, ele deve ser implantado no prazo de um ano e meio.
Demais investimentos
A CBA pretende aplicar R$ 2 bilhões na exploração de bauxita em um novo projeto em Rondon do Pará (PA) e outros R$ 2 bilhões no aumento da capacidade de reciclagem e na produção de alumínio primário até 2025. O plano é retornar à capacidade mantida até 2014 e interrompida por causa da alta do custo com energia — à época, muitas produtoras com operação no país fecharam usinas.
O objetivo da CBA é atender ao mercado interno, que corresponde a 90% do negócio. Os outros 10% são voltados para as exportações.
“O setor de Embalagens continua crescendo, assim como o de Transportes, que tem potencial. O Brasil é um grande produtor de caminhões e ônibus”, explica o dirigente.