expoalumínio

Setor mostra a sua força

Principais eventos do segmento na América Latina, 8º Congresso Internacional do Alumínio e 7ª ExpoAlumínio reúnem mais de 12 mil pessoas

Por mais clichê que a colocação a seguir possa parecer, sem exageros, de 3 a 5 de setembro, a capital dos paulistas foi também a capital mundial do alumínio. Isso porque o São Paulo Expo recebeu dois eventos simultâneos, o 8º Congresso Internacional do Alumínio e a 7ª Exposição Internacional do Alumínio — ExpoAlumínio, ambos realizados pela Associação Brasileira do Alumínio (ABAL) e organizados pela Reed Exhibitions Alcantara Machado.

Promovidos pela primeira vez junto com o congresso e mostra internacionais SAE Brasil de Tecnologia da Mobilidade, os eventos superaram a expectativa inicial, que era receber 10 mil visitantes, mesmo público de 2016: participaram 12 mil pessoas.

“Ficamos satisfeitos com os resultados da feira e congresso”, confirma Milton Rego, presidente-executivo da ABAL. “O público foi muito maior do que nas outras edições e isso indica duas coisas: a resiliência da indústria, que, após três anos de recessão, monta uma feira muito boa; e o fortalecimento do congresso, com relação à amplitude do conteúdo e o aprofundamento dos debates.”

Cerimônia de abertura: o alumínio no Brasil e no mundo
Merece destaque especial a cerimônia de abertura dos eventos. Milton Rego defendeu de forma enfática o alumínio e suas indústrias: “Empregamos, de maneira direta, 120 mil pessoas no País. Além disso, produzimos, com baixa pegada de carbono, um material essencial para a nossa economia e para as atuais tendências de consumo. Por isso, precisamos que o governo nos ofereça previsibilidade e a possibilidade de sermos competitivos dentro e fora do País”.

Dentre as autoridades federais e estaduais que discursaram, estava o ministro de Minas e Energia, Moreira Franco. Ele concordou que o preço que se paga em energia elétrica no Brasil é alto — um dos grandes problemas que a indústria do alumínio enfrenta por aqui —, mas deixou a questão para o novo governo, incentivando as empresas do segmento a debater o tema com o presidente eleito. “O momento é esse. Precisamos discutir os impostos que incidem sobre a composição do preço da energia.”

Octávio de Barros, ex-economista-chefe do Bradesco, fez projeções político-econômicas em sua palestra, defendendo a abertura maior do mercado nacional, o aumento da produtividade e que o novo governo assuma uma agenda reformista.

Outra palestrante especial da cerimônia de abertura, a consultora do Metal Bulletin, Kirstine Veitch, falou sobre o boom produtivo de alumínio dos chineses nos últimos anos, que causou sobre oferta e a venda — por empresas daquele país — do metal por um valor inferior ao praticado no mercado internacional. O lado positivo é que, nos últimos anos, a demanda por alumínio foi forte e ultrapassou outros metais, como o cobre, magnésio e zinco.

Congresso: mais de 70 horas de conteúdo

Este ano, a fim de promover maior integração entre congresso e feira, os três auditórios em que eram ministradas as palestras foram montados dentro da mostra, proporcionando trânsito constante de pessoas entre os eventos e um bom público nas salas. Chamou atenção a abrangência do conteúdo, distribuído entre quinze painéis temáticos discutidos sob um tema central: Tendências mundiais do alumínio e a inserção do Brasil nesse cenário.  “O congresso fortaleceu sua posição como referência no setor para que relevantes profissionais pudessem participar de debates técnicos de altíssima qualidade, com foco em melhores práticas na inovação, tendências tecnológicas, gestão, segurança operacional, usinagem, governança e qualificação”, enfatiza Kaísa Couto, gerente da área técnica da ABAL. A seguir, destacamos alguns pontos debatidos.

Reciclagem responsável
Sobre reciclagem, instituições não governamentais e também ligadas ao governo falaram de seus esforços pelo fomento dessa prática, desde a embalagem, passando pela construção civil até chegar ao setor de transportes. Ayrton Filleti, presidente-emérito da ABAL e consultor-associado da Intelectus Projetos Consultoria, chamou atenção para um ponto importante: mesmo na reciclagem, é necessário ter cuidado com o despejo de resíduos sólidos e a geração de emissões atmosféricas; equipamentos modernos garantem técnicas seguras no trato do metal.

Tributação verde para incentivar a reciclagem
Renault Castro, presidente-executivo da Associação Brasileira do Alumínio (Abralatas), comentou que a entidade tem trabalhado pela criação de um foro de discussão sobre Tributação Verde na Câmara dos Deputados. Segundo ele, é uma forma eficaz de capturar lucro ambiental (de poluidores) ou aumentar a competitividade (leia mais sobre o assunto clicando aqui).

A demanda cresce e o Brasil precisa se preparar
Segundo dados apresentados por Marcelo Gonçalves, da Alpina Consultoria, no Brasil, cada pessoa consome entre 6 e 7 kg do metal por ano. Em países desenvolvidos, esse índice sobe para 30 kg. O Brasil deve estar preparado para alcançar esse número e, para isso, é necessário ter por aqui não apenas empresas de reciclagem, mas também uma forte indústria produtora de alumínio primário — enquanto, em 2008, produzíamos 1.661 t de alumínio primário, hoje fabricamos 801 t — muito devido ao alto custo da energia cobrada no Brasil.

Tecnologia é aliada
Hans Erik Vatne, head de Tecnologia da Hydro, mostrou os estudos da empresa na área da indústria 4.0, feitos em suas várias unidades pelo mundo: para a companhia, o digital cria oportunidades para a melhoria da produtividade, diminuição de custos, aumento da segurança e eficiência ambiental. Tudo isso pode ser útil em um momento em que a demanda por alumínio cresce no Brasil.

Mineração com impactos mínimos
Empresas que atuam na área de mineração, como a Alcoa e CBA, compartilharam um pouco sobre suas experiências: a primeira, que realiza atividades em Juruti (PA), desenvolve na região não só trabalhos de preservação ambiental, mas também programas focados no desenvolvimento das comunidades locais em termos de saúde, educação e geração de renda. A segunda, por sua vez, falou sobre sua parceria com a Universidade Federal de Viçosa (UFV) para os trabalhos de restauração ambiental no bioma Mata Atlântica após a extração de bauxita em Miraí (MG) — leia mais sobre ambas as iniciativas clicando aqui.

Atenção também aos rejeitos
Sobre a disposição de rejeitos frutos da atividade, Paulo Abrão, diretor da Geo Consultoria, afirmou que não há uma fórmula universal, mas que a segurança passa por um bom projeto (60% dos acidentes acontecem por falhas nessa etapa), execução e operação nas estruturas. Além disso, as mineradoras precisam trabalhar na preservação das áreas correlatas.

Tendências de consumo
Angélica Salado, analista de Pesquisa da EuroMonitor, apresentou estudos sobre o atual perfil do comprador: dentre as várias características listadas, ele está mais responsável e minimalista, com interesse em viver experiências e não necessariamente em ter a posse de determinados produtos. Segundo pesquisa global da EuroMonitor, o brasileiro é um dos mais preocupados com a compra sustentável: ótimo sinal para o alumínio!

Embalagens sustentáveis e eficientes
Nessa linha, Naira Sato, da Mintel — agência de inteligência de mercado —, falou sobre a importância de educar os consumidores para que saibam, por exemplo, que a embalagem de alumínio ajuda a preservar as propriedades dos alimentos e que é totalmente reciclável. A Nespresso apresentou sua experiência com a aplicação do alumínio nas capsulas de café. Além de ser ideal para manter as características do pó, ele colabora com a política de reciclagem da multinacional.

Ao encontro das demandas do setor de transportes
Uma das principais necessidades do segmento automotivo é o uso de materiais resistentes e leves. O alumínio reúne essas características. Nos automóveis com motores à combustão, por pesar menos, ele ajuda na menor emissão de poluentes. Nos elétricos, tendência para os próximos anos, essa mesma característica contribui para o aumento do tempo de autonomia das baterias. Ainda sobre eletrificação, Giuliano Fernandes, da CBA, e Pierre Labat, da Novelis, mostraram oportunidades para o metal (saiba mais sobre o assunto clicando aqui).

Na construção civil, produtividade
Luiz Henrique Ciotto, sócio-consultor da Certiphic Engenharia de Valor, observou em sua palestra que o alumínio está totalmente ligado à industrialização e ao aumento da produtividade na construção civil, demandas claras desse setor. Isso devido à sua leveza, que permite maior agilidade nos trabalhos. Pela mesma característica, destacou que ele é ideal para ser usado em coberturas. A aplicação do alumínio em fachadas, não só sustentando vidros mas também outros materiais (como no caso da fachada ventilada), também foi bastante discutida.

Informações do 8º Congresso Internacional do Alumínio
Ao todo, o congresso reuniu:
– 500 congressistas de 90 empresas e instituições
– 150 keynote speakers, moderadores e apresentadores de trabalhos
– 15 painéis temáticos

Feira: 140 marcas expostas
A ExpoAlumínio levou ao público visitante novidades e tecnologias de 140 marcas nacionais e internacionais, vindos da Europa, Ásia e América do Norte. Para o vice-presidente-executivo da Reed Exhibitions Alcantara Machado, Paulo Octávio Pereira de Almeida, a mostra indica caminhos a serem seguidos pelo segmento. “Recebemos compradores com grande conhecimento técnico interessados em levar as mais modernas tecnologias para dentro de suas empresas”, disse.

Almeida também ressalta que a ExpoAlumínio mostrou que o alumínio ainda tem espaço para crescer no mercado, devido às suas múltiplas aplicações e eficiência em diferentes segmentos da indústria. “Acreditamos que o evento será o grande vetor de novos negócios para nossos expositores nos próximos meses.” Veja a seguir o que algumas companhias expositoras apresentaram.

– Alcoa: foco na marca e em sustentabilidade
Em seu estande, a Alcoa reforçou sua marca ao mercado. “A empresa passou por um processo de mudança há dois anos e achamos muito importante trazermos esse novo posicionamento em termos de novos negócios, bem como mostrar a forma com que estamos contribuindo para geração de valor e desenvolvimento da cadeia”, afirmou Janaína Donas, diretora de Relações Governamentais e Comunicação. A companhia também falou sobre a revisão que fez em seus objetivos estratégicos de sustentabilidade, os quais envolvem geração de valor compartilhado, redução de impactos nas operações e diferenciação de produtos.

– CBA: provedora de soluções e serviços ligados ao alumínio
A Companhia Brasileira de Alumínio (CBA) falou sobre a sua transformação nos últimos três anos: o foco agora não está apenas em ser provedora de produtos de alumínio, mas de soluções e serviços relacionados ao metal. Com isso, a empresa se dividiu em três áreas: energia, produtos primários e produtos transformados. “Tudo isso tem gerado grandes transformações internas, dentro de uma nova estratégia que chamamos de ‘CBA do futuro’. A mudança que fizemos na nossa marca este ano e que é apresentada no nosso estande simboliza essas mudanças”, explicou Ricardo Carvalho, presidente da empresa.

– Hydro: ações voltadas à indústria 4.0
A Hydro, que atua em toda a cadeia do alumínio, montou um espaço com destaque à apresentação institucional de suas atividades. Na conversa com nossa reportagem, a empresa ressaltou suas iniciativas a fim de entrar no conceito de indústria 4.0. “No Brasil, tivemos ações bastante interessantes relacionadas às nossas operações de mineração em Paragominas (PA) e também na Alunorte. Aqui, testamos tecnologias que podem ser aplicadas em outras partes do mundo e o contrário também acontece”, explicou Hans Erik Vatne, head de Tecnologia da companhia. Ele ressaltou ainda a importância do Brasil para as operações da Hydro: “Extraímos toda a nossa bauxita no País e refinamos boa parte da alumina que usamos aqui também”.

– Novelis: atenção aos setores automotivo e de embalagens
Em seu espaço, a Novelis apresentou um Jaguar F-Type, modelo que tem mais de 50% de sua carroceria feita com alumínio da empresa. Maior recicladora de latas de alumínio do mundo, a companhia também apresentou esse serviço e as soluções que oferece para embalagens. À nossa reportagem, Guilherme Superbia, gerente de Excelência Comercial e Marketing, enalteceu o fato de a Novelis estar em consonância com o conceito de economia circular. “Temos o negócio de reciclagem como um pilar e isso é um diferencial. Globalmente, 57% do alumínio que usamos é fruto de reciclagem. Acreditamos que, cada vez mais, os clientes levarão isso em consideração na hora de buscar parceiros.”

– Recicla BR: em plena expansão
O Grupo Recicla BR, maior empresa de reciclagem de metais não ferrosos do Brasil, levou ao seu estande a sua mensagem de expansão. “Divulgamos a inauguração, em outubro, da nossa nova unidade de negócios de Diadema (SP), nosso novo desenvolvimento para as áreas de perfis industriais e extrudados e também nossa atuação na reciclagem de alumínio no Brasil”, explicou Antônio Carlos Assis, seu diretor de Novos Negócios. Sob o grupo, na área do alumínio, estão as empresas Latasa (reciclagem, extrudados e distribuidora), Autoparts e Garimpeiro Urbano. “Inauguramos recentemente uma planta no Mato Grosso e, nos próximos meses, teremos mais novidades. Estamos em franca expansão e confiando no Brasil.

– Maxion: longarina de alumínio para caminhões
A Maxion Estructural Components, braço da Iochpe-Maxion que produz rodas, chassis e componentes estruturais para veículos leves e pesados, levou à Mostra Internacional SAE Brasil uma longarina de alumínio. Desenvolvida em parceria com a Novelis, para caminhões leves, de até 10 t, ela é produzida em uma unidade da Novelis na Coreia do Sul. De liga especial, atende as demandas por resistência do mercado automotivo. Segundo Raphael Barbosa Carneiro de Lima, do setor de engenharia avançada da Maxion, a solução já está à disposição do mercado para montadoras que queiram usá-la. Foi apresentada também uma liga de alumínio para travessas, já usada em veículos leves e médios brasileiros.

 

Além dos estandes
A 7ª ExpoAlumínio não ficou restrita ao que era apresentado pelas empresas nos estandes. Conteúdos extras também chamaram atenção dos visitantes.

– Casa do Alumínio
O projeto inédito “Casa do Alumínio – Uma experiência de arquitetura, arte e design” apresentou ao público, na prática, as aplicações do metal no dia a dia. Uma residência montada na entrada da feira exibia aos visitantes os benefícios da aplicação do material em sua estrutura e também em seus componentes, por meio de esculturas, eletrodomésticos e itens diversos. O projeto é uma realização do Ministério da Cultura-Lei Rouanet e da Quattro Projetos, com chancela da ABAL e patrocínio da Alcoa, CBA, Hydro e Novelis. Até abril de 2019, ele será levado a cinco cidades: Alumínio e Pindamonhangaba (SP); Brasília (DF); Belém (PA) e São Luís (MA).

– Cluster Startup Inovação e Hub Tecnológico
Dois espaços se destacaram além dos estandes: no Cluster Startup Inovação, oferecido pela CBA, foram apresentados projetos nas áreas de inteligência artificial, manufatura aditiva, internet das coisas, big data, realidade virtual, economia compartilhada, realidade aumentada e inspeção visual.  O Hub Tecnológico, por sua vez, foi um palco para que as empresas apresentassem suas tecnologias (foi preestabelecida uma agenda de apresentações), tirassem dúvidas dos visitantes e estabelecessem contatos. O espaço deu a oportunidade de interação com o público e prospecção de novos negócios em segmentos diferentes do que a empresa já atua, segundo os organizadores.

Eventos em vídeo
Durante os dias da feira e congresso, fizemos uma cobertura jornalística publicada em tempo real em nosso site e redes sociais. Diversos vídeos foram produzidos e publicados. Quer assistir a eles? Acesse: www.revistaaluminio.com.br/videos

 

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