No ano passado, a indústria de autoveículos produziu 2,2 milhões de unidades, alta de 11,6% sobre o crítico 2020. Trata-se de uma ligeira melhora, mas ainda aquém do potencial de demanda interna e externa, segundo a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea).
O balanço revela que as vendas de caminhões, picapes e furgões avançaram 43,5%, 25,1% e 22,8%, respectivamente. No entanto, a comercialização de automóveis caiu 3,6% e fez com que os carros de passeio fossem os mais afetados, principalmente por conta da crise global de falta de semicondutores.
Em paralelo, a produção de transformados de alumínio também cresceu. O país somou 1.528,4 t, incremento de 9,3% em relação a 2020 (1.398,1 t), segundo o Anuário Estatístico Alumínio 2021, da Associação Brasileira do Alumínio (ABAL). O aumento ocorreu na mesma medida que o consumo doméstico do metal, que registrou recorde no período, com destaque para o setor de Transportes, com alta de 25,3%.
Novos negócios
Apesar das dificuldades do mercado brasileiro e dos segmentos Automotivo e de Transportes, a multinacional norueguesa Hydro conseguiu um desempenho positivo com crescimento percentual quase três vezes maior que o setor no Brasil, graças aos novos negócios.
A empresa fornece componentes como tubos e perfis variados de alumínio extrudados para diversas aplicações em trocadores de calor e seus agregados, sistemas de freios, acessórios, entre outros.
“Além disso, por meio de suas operações globais, principalmente nos Estados Unidos, Europa e Ásia, a empresa vem atuando de forma expressiva nas demandas das montadoras e sistemistas em produtos específicos para a eletrificação, que poderá ser uma realidade, em breve, em nosso mercado”, diz Sergio Vendrasco, vice-presidente de PrecisionTubing na América do Sul.
A companhia possui duas unidades de refusão nas operações de extrusão no país, com capacidade para atender esses segmentos, que têm uma exigência técnica elevada, com forte demanda para ligas da série 3XXX, 4XXX e 6XXX.
A Hydro tem realizado constantes investimentos nos últimos anos, com o objetivo de melhorar o parque tecnológico e atender a demanda técnica e competitiva dos mercados em que atua, principalmente o Automotivo.
Como esse segmento opera de maneira diferenciada e os projetos são definidos com um horizonte de médio e longo prazos, a empresa observa uma excelente perspectiva para o incremento da utilização do alumínio.
Mobilidade elétrica
Fabio Passerini, gerente da Unidade de Negócios da Elfer Alumínio, avalia que o ano passado foi marcado por incertezas e variações significativas na demanda.
“Contudo, avaliamos um resultado muito bom, pois ficamos dentro dos cenários mais otimistas que havíamos traçado. Foi um ano desafiador e, como estratégia, promovemos o trabalho colaborativo entre os players da cadeia, que minimizaram os impactos com alto grau de alinhamento e sinergia”, explica.
A empresa também tem trabalhado em projetos ligados à mobilidade elétrica, que tem crescido e sido foco de investimentos por parte das montadoras. Por isso, segue otimista no médio e longo prazos, já que o alumínio tem alta relevância nesse segmento.
“O metal é fundamental para o aumento de autonomia dos veículos elétricos, que precisam ser leves para serem mais eficientes. Além disso, é relevante para a redução de emissões de gases de efeito estufa nos automóveis com motores a combustão interna. Ao torná-los mais leves, exige-se uma menor quantidade de combustível para percorrer a mesma distância”, comenta Passerini.
Implementos rodoviários
Para a Companhia Brasileira de Alumínio (CBA), 2021 foi um ano de recuperação frente a 2020.
“Focamos mais em implementos para caminhões e chassis de ônibus, cujos mercados têm apresentado uma boa performance”, informa.
Segundo a empresa, o alumínio possui diversas propriedades que favorecem a sua escolha na composição de produtos para um mundo mais sustentável.
“Desgasta menos o veículo e gera maior eficiência e capacidade de carga, excelente performance e apresenta propriedades superiores na maioria das aplicações. Soma-se a isso o fato de o alumínio possuir reciclabilidade infinita, característica importante quando pensamos no destino após a vida útil do material.”
Já a Novelis América do Sul fornece chapas e folhas de alumínio para os segmentos de Barcos, Ônibus, Implementos Rodoviários e Componentes.
Segundo Bruno Hipólito, gerente de Vendas da área de Especialidades da empresa, as oportunidades para a indústria do alumínio incluem a eletrificação, o Programa de Aumento da Produtividade da Frota Rodoviária (Renovar) e o compromisso de empresas e municípios voltados à redução das emissões de gases poluentes.
Liga PFA
A Albras – subsidiária da Hydro na produção de alumínio primário – tem se destacado no mercado de liga PFA (lingote com liga de silício), aplicada ao setor de Transportes para a produção de rodas de liga leve e componentes veiculares para carros, caminhões e motos.
Desde o lançamento do produto no portfólio, em 2019, a empresa ampliou em 100% a produção e já é a segunda maior produtora no país. Em 2021, foram vendidas 9 mil t de liga PFA. Para 2022, a expectativa é alcançar 12 mil t.
Alejandro Luduena, gerente Comercial Sênior da Hydro, conta que a Albras também produz o lingote P1020, que pode ser usado no setor de transformados para Indústria Automotiva e de Transportes como partes extrudadas (perfis de carroceria) ou fundidas (pistões, cabeçote, bloco de motor e peças de suspensão).
“O mercado brasileiro de Transportes apresenta grande potencial para o consumo de alumínio, pois na América Latina estamos em um estágio anterior no desenvolvimento tecnológico. Existem aplicações que já estão em produção regular na Europa e nos Estados Unidos com alumínio e ainda não chegaram ao Brasil. Por outro lado, o metal apresenta muitas vantagens contra o aço pela relação de peso favorável e a característica de reciclabilidade infinita”, explica.
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