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Com 53% de aumento no faturamento, indústria do alumínio registra recordes de consumo e reciclagem em 2021

'Anuário Estatístico' da ABAL mostra que o setor demonstrou resiliência e apresentou crescimento sustentável no ano passado

No dia 12 de julho, a Associação Brasileira do Alumínio (ABAL) lançou o Anuário Estatístico Alumínio 2021, versão anual da principal publicação brasileira com dados do setor. De acordo com o documento, após queda decorrente da pandemia da Covid-19 em 2020, a indústria apresentou recuperação no ano passado, com faturamento de R$ 160,7 bilhões, crescimento de 53,6% em relação a 2020.

“Os resultados consolidados em nosso Anuário corroboram com a resiliência do setor em momentos adversos e são resultados dos investimentos diretos das nossas empresas associadas em uma série de melhorias, desde o aumento da capacidade de produção de alumínio primário, até a modernização do parque industrial, diversificação da matriz energética e autogeração, mineração, inovação e gestão ambiental”, afirma Janaina Donas, presidente-executiva da ABAL. 

Anuário Estatístico Alumínio 2021 está disponível gratuitamente aos associados da ABAL, em formato digital e com possibilidade para download, aqui. Não associados da entidade podem adquirir por este link.

A publicação tem patrocínio das empresas Albras, Alcoa, Alubar, Alukroma (Grupo Tekno), AMG, CBA (Alux/Metalex), Hydro, MRN, Novelis e Vesuvius.

Consumo e reciclagem
Os desafios da conjuntura econômica não impediram que a indústria do alumínio batesse dois recordes importantes no período.

O consumo doméstico de produtos transformados de alumínio cresceu 10,9% em relação a 2020, totalizando 1.583,9 mil t – o maior volume da série histórica iniciada em 1972. O desempenho elevou o consumo per capita nacional do metal de 6,7 kg ao ano para 7,4 kg em 2021.

Já o índice de reciclagem de latas de alumínio para bebidas chegou a 98,7% em 2021, novo recorde no país. O aumento foi de 1,4% em relação ao patamar de 2020, com um total de 33 bilhões de unidades reaproveitadas, confirmando o Brasil entre os países campeões mundiais no segmento.

Somente a Novelis — que possui o maior complexo de laminação e reciclagem de alumínio da América do Sul — foi a responsável pela recuperação de 21 bilhões de latas de alumínio em 2021, aumento de 2 bilhões em relação ao ano anterior.

Todo esse movimento da indústria do alumínio foi acompanhado por investimentos de R$ 1,5 bilhão, contra R$ 900 milhões em 2020, para elevar a produção, retomar a capacidade instalada, modernizar o parque industrial, diversificar a matriz energética, melhorar a gestão ambiental e a inovação tecnológica.

Bauxita e alumina
O país segue como o quarto colocado em produção de bauxita no mundo – possui, também, a quarta maior reserva global. Além disso, é o terceiro no ranking de fabricantes de alumina.

No último ano, foram produzidas 35,9 milhões de t de bauxita, das quais 85% foram destinadas ao mercado interno, para o refino de 11 milhões de t de alumina. Deste total, 89% foram destinadas às exportações e os 11% restantes utilizados na transformação de alumínio primário e outros processos industriais.

Vale ressaltar que a produção de alumina teve a terceira alta consecutiva no ano passado, de 7,9%, e volume de 10.992 mil t.

Atividade de mineração de bauxita da Hydro em Paragominas, no Pará (Foto: João Ramid/Hydro)

Projeto Novas Minas
A Mineração Rio do Norte (MRN), que figura entre as maiores produtoras de bauxita no Pará, afirmou que segue otimista com relação à produção (atualmente de 12,5 milhões de t/ano) e as exportações no segundo semestre de 2022.

“Nosso maior desafio será garantir a continuidade das operações, pois as atuais reservas minerais seguem ativas até 2026”, explica Rogério Junqueira, diretor de Operações da companhia.

Para isso, o Projeto Novas Minas (PNM) — que segue com as etapas de licenciamento junto aos órgãos competentes — será decisivo para que a MRN siga operando e contribuindo com o desenvolvimento econômico, social e ambiental na região.

A iniciativa permitirá que a empresa amplie sua vida útil em 15 anos, de 2026 até 2042, a partir da operação de cinco novos platôs: Rebolado, Escalante, Jamari, Barone e Cruz Alta Leste.

Segundo Junqueira, além de assegurar a manutenção de milhares de postos de trabalho, a aprovação do PNM permitirá a continuidade de dezenas de iniciativas socioambientais em comunidades quilombolas e ribeirinhas, e garantirá aos municípios da região e ao estado do Pará o recolhimento de impostos e compensações da lavra de bauxita, que são de extrema importância para o impulsionamento da economia e desenvolvimento na região.

Continuidade da atividade da MRN no Pará manterá empregos, garantirá dezenas de iniciativas socioambientais e ajudará no recolhimento de impostos e compensações da lavra de bauxita (Foto: Tarso Sarraf)

Alumínio primário
A produção de alumínio primário teve recuperação de 12,6%, com 771,7 mil t fabricadas no ano passado, contra 685,1 mil t registradas em 2020.

O volume ainda está distante do verificado em 2008, quando somou 1.661,1 mil t. No entanto, o anúncio da retomada da produção de 447 mil t – que se encontrava paralisada desde 2015 – por parte do Consórcio de Alumínio do Maranhão (Alumar) deve elevar a capacidade instalada no país de 910 mil t para 1.357 mil t/ano até o final de 2022.

No ano passado, responderam pela produção local a Albras e a Companhia Brasileira de Alumínio (CBA).

Produção de alumínio primário em unidade da CBA: atividade teve recuperação de 12,6% no Brasil, com 771,7 mil t fabricadas no ano passado (Foto: Divulgação CBA)

Produtos transformados
A produção de transformados de alumínio também teve aumento em 2021. O país somou 1.528,4 mil t, incremento de 9,3% em relação a 2020 (1.398,1 mil t).

Esse aumento ocorreu simultaneamente ao consumo doméstico, que registrou recorde, conforme mencionado no início da reportagem. Os principais produtos tiveram desempenho positivo no período:

  • Extrudados (17,2%)
  • Fundidos (16,7%)
  • Chapas (16,2%).

Com queda, apenas:

  • Cabos (-15,1%)
  • Pó (-5,2%)

Quase todos os segmentos consumidores de alumínio apresentaram crescimento percentual de dois dígitos em 2021:

  • Transportes (25,3%)
  • Construção Civil (21,8%)
  • Bens de Consumo (16,9%)
  • Máquinas e Equipamentos (15,5%)

Embalagens continuou liderando o consumo, com 40,6% do volume total, ou 642,9 mil t, e alta de 10,3%.

Latinhas
Na área de laminados, o mercado de latas para bebidas apresentou crescimento pelo quinto consecutivo. Um dos principais fatores foi o aumento do consumo de bebidas nas residências.

Guilherme Superbia, gerente de Excelência Comercial e Marketing da Novelis, conta que a companhia apoiou o crescimento do mercado, sendo o principal fornecedor de alumínio para produção de latas para bebidas.

“A Novelis segue otimista, acreditando no crescimento do mercado local e dos demais países da América do Sul. Além dos tradicionais segmentos de cerveja e refrigerante, as latinhas vêm ganhando espaço em novas categorias, como vinho, água, energético e outras bebidas mistas”, afirma o executivo.

Superbia acrescenta que a lata de alumínio possui um alto teor de conteúdo reciclado, que a torna uma embalagem sustentável, indicada para consumidores cada vez mais conscientes e que demandam soluções com mínimo impacto ao meio ambiente.

Em franco crescimento, mercado de latas para bebidas apresentou alta pelo quinto consecutivo (Foto: Adobe.Stock.com)

Painéis de ACM
O setor de revestimentos de alumínio vem crescendo ano após ano e teve excelente resultado em 2021

 De acordo com Daniel Guazzelli, diretor Comercial e Novos Negócios do Grupo Tekno, houve crescimento significativo na compra de imóveis, estimulando os investidores, incorporadores e construtores a reduzirem prazos de entregas dos empreendimentos e a lançarem novos produtos.

Dentre as tendências, ocorreu a utilização dos painéis de ACM como revestimento de fachadas residenciais, garantindo variedade de soluções e acabamentos, velocidade e a redução significativa dos prazos de entrega do imóvel.

“Estamos empenhados em manter a curva de crescimento conquistada nos últimos dois anos, não somente no volume de negócios como também no faturamento. Isso é possível porque já temos uma carteira de importantes e emblemáticos projetos finalizados, além de outros com previsão de entregas futuras, assim como negócios em fase final de fechamento com os principais players de cada região”, explica.

Balança comercial
Em 2021, a balança comercial da indústria brasileira do alumínio obteve um superávit de US$ 1.676 milhões FOB, resultado ligeiramente inferior ao de 2020.

Apesar disso, houve aumento nas exportações, que atingiram US$ 4.474 milhões contra US$ 3.439 milhões em 2020; e nas importações, US$ 2.798 milhões versus US$ 1.740 milhões no ano anterior.

A alumina e o hidróxido de alumínio continuam sendo os itens de maior participação nas exportações da indústria. Em 2021, foram US$ 3.002 milhões, representando 67,1% do total.

Em 2021, as importações de alumínio e seus produtos atingiram US$ 2.757 milhões, contra US$ 1.694 milhões em 2020. Este valor corresponde a 986,3 mil t importadas, tendo como principais origens China (13,4%), África do Sul (12,7%) e Índia (10,4%).

Com superávit na balança comercial, Brasil registrou aumento nas exportações em 2021: atingiram US$ 4.474 milhões, contra US$ 3.439 milhões em 2020 (Foto: Adobe.Stock.com)

Análise global
Anderson Baranov, vice-presidente Sênior de Assuntos Externos da Norsk Hydro para a América do Sul, explica que o mercado mundial de alumina (exceto China) foi super abastecido em 2021, com o país asiático absorvendo o excesso de produção como importações para equilibrar o mercado global.

A produção aumentou durante o ano à medida que novas capacidades começaram na Indonésia e na Índia. O crescimento da produção chinesa de alumina ficou estável e a demanda por bauxita importada desacelerou.

Segundo Baranov, a escassez de fornecimento de energia ameaçou reduzir o abastecimento de alumina no sul da China e os preços das matérias-primas aumentaram significativamente, alcançando níveis recordes. 

Os preços caíram rapidamente no final do ano, à medida que a escassez de fornecimento de energia da China foi aliviada. Cortes de produção não planejados no Brasil e na Jamaica também contribuíram para os mercados globais de alumina mais apertados.

“O desempenho do mercado de bauxita e alumina para 2022 está diretamente influenciado pelos impactos nos níveis de oferta e demanda resultantes do conflito com a Rússia e desafios de margem advindos do aumento dos custos de energia”, ressalta.

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