Quem vê de longe um processo industrial muitas vezes imagina que basta reunir os colaboradores e acionar as máquinas para o sistema girar e dar resultado. Mas quem vive dentro de uma fábrica sabe o quão complexo é esse processo. São diversas operações simultâneas agindo em sincronia ou uma dependendo da outra para transformar matérias-primas em produto.
Essa busca pela eficiência se torna ainda mais delicada em meio a inúmeras restrições e outros fatores que poderão surgir ao longo das atividades. A produção deve ser ativa e consistente independentemente de mudanças no quadro de colaboradores e de alterações externas de ordens econômicas, fiscais, contratuais e ambientais.
Por tudo isso, a inovação é a etapa mais desafiadora de um projeto. O investimento em novas tecnologias e modernização dos equipamentos faz com que uma empresa ofereça soluções únicas e criativas em meio às dificuldades impostas pelo mercado, se tornando resistente contra eventuais mudanças econômicas.
Isso vale para analisar o atual momento econômico. A produção industrial enfrenta três novos enormes obstáculos: as crises no fornecimento de água e energia, e a disparada do combustível, que impactam diretamente nas indústrias, grandes consumidoras de recursos naturais.
Segundo dados da Agência Nacional das Águas, neste ano, o setor industrial foi responsável por 15% de toda a água consumida na região Sudeste. É mais do que todo abastecimento urbano nos 4 estados do Sudeste (São Paulo, Rio de Janeiro, Espírito Santo e Minas Gerais), que consome 14% da água para a região.
A indústria também consome boa parte da energia produzida no Brasil. De acordo com os dados do Atlas de Eficiência Energética – Brasil 2020, apresentado pela Empresa de Pesquisa Energética (EPE), o setor industrial consumiu, em média, 35% da energia no Brasil nos últimos 20 anos.
O encarecimento da água e da eletricidade, portanto, provoca um gasto adicional gigantesco às indústrias. Soma-se a isso outro elemento que pressiona a lucratividade industrial: o combustível. A disparada nos preços da gasolina traz reflexos em toda produção, que depende dela para movimentar sua logística.
Representantes do setor se perguntam como ser eficiente com menos água e energia, e como utilizar os recursos naturais sem repassar esse aumento dos preços para o produto final.
A verdade é que o alerta para o consumo eficiente e controlado de água e energia na produção industrial já havia sido dado muito antes da possibilidade de racionamento desses recursos.
O papel da inovação se dá justamente na transformação dos conceitos e operações das empresas por meio da implementação de metodologias com redução de impacto ambiental e com eficiência superior aos métodos convencionais.
O setor de produção de alumínio é uma das áreas industriais que depende da água e energia. Ao longo do processo, o alumínio sofre diversas etapas para remoção de resíduos, entre as quais a lubrificação, enxágue e desengraxe, até que o produto esteja limpo e apto para o consumo. A adoção de procedimentos que aliam menor consumo de recursos com grande eficiência são vitais para atender à enorme demanda de latas de alumínio.
Aliás, essa preocupação em reduzir o impacto ambiental na cadeia produtiva reverte em ganhos às empresas, pois mais clientes buscam soluções limpas e que tragam resultados.
Ainda é comum empresas reverem seus processos somente quando os resultados são insatisfatórios. Antever o cenário será determinante para superar concorrentes e produzir mais e com menos recursos, proporcionando benefícios ambiental e econômico.
Lamentar o surgimento de novos obstáculos não é o melhor caminho. Os imprevistos sempre surgirão. O fomento de novas tecnologias mesmo quando a área já está estruturada é o ideal para seguir atualizado no mercado e ser produtivo frente às adversidades.
Anderson José Guerrero, gerente de Vendas e Assistência Técnica do Departamento Metal Packaging da Henkel na América Latina.