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Novo CEO da CBA reforça o legado da companhia no mercado

Em entrevista exclusiva, Luciano Alves explica como pretende impulsionar o crescimento e aprimorar a atuação da CBA no setor

Em maio, Luciano Alves assumiu como CEO na Companhia Brasileira de Alumínio (CBA). O executivo é engenheiro de produção pela Escola Politécnica da USP e conta com mais de vinte anos de experiência em finanças, planejamento estratégico e M&A.

Tendo iniciado sua trajetória na Votorantim em 2005, com passagens pela Votorantim Siderurgia, Votorantim Metais e CBA, onde se tornou chief Financial Officer (CFO) em agosto de 2017, com a abertura do capital da empresa, em 2021, Alves passou a integrar a diretoria de relações com investidores. Seu compromisso agora é fortalecer a comunicação com os acionistas e investidores.

Em entrevista exclusiva ao portal Revista Alumínio, o executivo fala das expectativas de que a empresa alcance novos patamares de desenvolvimento e se mantenha como referência no setor de alumínio, levando em consideração os desafios do mercado e as demandas crescentes por sustentabilidade e inovação.

Quais serão as principais estratégias da CBA sob sua gestão?

Luciano Alves — A escolha do meu nome como novo CEO é uma demonstração por parte da CBA de que vamos dar continuidade ao trabalho que já era feito pelo Ricardo Carvalho, que agora integra o conselho de administração da companhia. Isso porque já estou há dezoito anos no grupo e há nove anos CBA, sendo, desde 2017, o CFO da empresa. Ou seja, as estratégias que são aplicadas hoje pela CBA no mercado eu ajudei a criar em 2015. Então, assumo essa posição mantendo o que criamos lá atrás. E essa estratégia é baseada em quatro pilares: crescimento, competitividade, ESG [sigla em inglês para Environmental, Social and Governance] e inovação.

Fale um pouco mais sobre como funcionam esses pilares dentro da empresa.

LA — No primeiro, buscamos fortalecer e expandir nossa posição e atuação, com foco especial no alumínio primário e reciclável. No entanto, não limitamos nossos projetos de crescimento a essas áreas, pois temos planos de expansão em todas as etapas da cadeia produtiva. O segundo concentra-se em fortalecer a competitividade da empresa, implementando uma série de novos projetos no mercado. No terceiro pilar, buscamos consolidar a posição da CBA como referência em práticas ambientais, sociais e de governança. Por fim, o quarto pilar são a inovação e as parcerias que acreditamos ser fundamentais para o sucesso da empresa. Para isso, buscamos constantemente maneiras de inovar em nossos processos e produtos, estabelecendo parcerias estratégicas que impulsionam nosso crescimento.

E quais são essas estratégias para expandir a atuação com o alumínio primário e reciclável?

LA — Atualmente, a capacidade de produção de alumínio primário da empresa é de 380 mil t nas salas-fornos, mas pretendemos reiniciar até 2025 a sala 1, adicionando mais 50 mil t de capacidade. Isso levará a produção total de alumínio primário para 430 mil t. Além disso, a CBA tem investido na expansão da reciclagem de alumínio. Produzimos hoje cerca de 120 mil t de material reciclado, provenientes das operações da Metalex e da Alux, bem como da sucata utilizada pela própria CBA em conjunto com o alumínio líquido. A empresa pretende aumentar sua capacidade de reciclagem com o reinício de uma linha na Metalex e realizar novos investimentos para ampliar o processamento de sucata dentro da CBA. Em conjunto com tudo isso, investimos também em energias renováveis para sustentar o crescimento.

Quais são os investimentos que a CBA tem realizado em termos de modernização?

LA — Estamos prestes a concluir um projeto importante este ano: a implementação de um filtro-prensa para a disposição de resíduos secos. Isso significa que deixaremos de ter uma barragem de rejeitos de refinaria de alumina e passaremos a adotar um método de disposição de resíduos mais sustentável. Prevemos que esse novo sistema entrará em operação no início do próximo ano. Além disso, estamos trabalhando na modernização da tecnologia de produção de alumínio líquido nas salas-fornos. E é importante ressaltar que ambos trazem benefícios econômicos e apresentam retorno financeiro. No caso da disposição de resíduos secos, conseguimos reutilizar todo o líquido e reduzir o consumo de insumos na etapa de produção. Já a modernização da tecnologia nas salas-fornos resultará em menor consumo de água e, principalmente, em redução de emissões.

Como a CBA se insere nesse contexto da sustentabilidade em suas operações?

LA — A CBA se destaca como produtor de alumínio de baixo carbono, com uma pegada de carbono abaixo de 4 t de CO2 por t de alumínio, sendo considerado alumínio verde. Sua pegada de carbono atual é de 3,03, abaixo do limite estabelecido. A empresa conta com iniciativas em andamento para reduzir ainda mais essa pegada e tem como meta reduzir as emissões e a pegada de carbono de seus produtos em 40% até 2030. Desde 2019, a CBA já reduziu mais de 25% de suas emissões, alcançando, aproximadamente, de 25% a 26% da meta.

Além disso, a CBA adota práticas sustentáveis em suas operações, como a disposição de resíduos a seco e uma mineração sustentável que inclui a recuperação da área minerada para uso do proprietário rural. A empresa substituiu metade do consumo de gás natural por biomassa na refinaria de alumina, trazendo benefícios em termos de custos e reduzindo significativamente as emissões. Atualmente, a refinaria de alumina da CBA emite cerca de 0,23 t de CO2 para cada t de alumínio, um valor muito baixo em comparação com a indústria, que estabelece metas semelhantes apenas para 2050.

É objetivo da empresa ingressar no mercado global de metal verde?

LA — Como todos os produtos CBA possuem uma baixa pegada de carbono, isso a coloca no primeiro quartil de emissões globais. Mas a demanda por alumínio de baixa pegada de carbono ainda é incipiente. Observa-se uma tendência de maior demanda e interesse pelo produto no mercado, e a CBA já está bem posicionada com preferência pelo seu produto tanto no mercado nacional como no internacional.

Outro passo importante foi a criação do selo Alennium para o alumínio da CBA. A companhia desenvolveu um QRCode com tecnologia de blockchain, o qual pode ser escaneado pelo consumidor para obter informações detalhadas sobre a emissão de carbono do produto desde sua produção. Essa iniciativa proporciona ao consumidor uma visibilidade mais precisa, confiável e segura sobre o que está consumindo. 

Quais são as iniciativas da CBA para fomentar a inovação e impulsionar a competitividade no mercado?

LA — Desde as estratégias que começaram em 2015, o pilar de inovação vem acontecendo, intensificando-se mais em 2017 e 2018. Hoje, essa iniciativa é chamada de Digitall, sendo que o “all” quer dizer a inclusão de todos da organização nesse processo. E as três principais frentes disso são Inovação Aberta (open innovation), Automação e tecnologia da informação (TI) e Coengenharia.

A primeira área de tecnologia pesquisa soluções disruptivas, buscando melhorias de processo, novos produtos e tecnologias que beneficiem a empresa. Um exemplo é um projeto em desenvolvimento que lançaremos no início do ano que vem, para reciclar embalagens multicamadas, como caixinhas de leite, que são compostas, além do alumínio, de materiais como polímeros, papel, cola etc. A tecnologia desenvolvida junto com o nosso parceiro permitirá a reciclagem de todos os materiais presentes nessas embalagens.

O segundo ponto conta com iniciativas para automatizar a fábrica e adotar sistemas e softwares que aumentem e nos ajudem a ser mais eficientes no dia a dia. O terceiro, de coengenharia, é uma forma de inovação em que a empresa desenvolve soluções em conjunto com seus clientes. Um exemplo é o desenvolvimento de um teto de ônibus feito 100% de alumínio, substituindo a fibra de carbono anteriormente utilizada, proporcionando eficiência ao cliente. 

Como o senhor enxerga o futuro da indústria de alumínio no Brasil?

LA — O Brasil é um mercado importante para o alumínio, com consumo anual de cerca de 1,6 milhão de t. Diferentemente de outros países, o Brasil apresenta um consumo diversificado de alumínio, presente em várias cadeias produtivas, como setor automotivo, construção civil, embalagens de alimentos, bebidas, remédios, energia elétrica e bens de consumo. Essa diversificação é uma vantagem, pois aqui o mercado de alumínio não depende exclusivamente de um único setor.

No Brasil, a disponibilidade de bauxita, matéria-prima essencial para a produção de alumina e posteriormente de alumínio, é uma vantagem competitiva também. Além disso, o País conta com uma oferta significativa de energia renovável, com o desenvolvimento de projetos eólicos e solares, além de uma forte base histórica de energia hidrelétrica. Portanto, se o País dispõe dos recursos necessários e de energia renovável, isso o coloca em uma posição vantajosa em relação a outras nações.

O que significa para o senhor ter sido nomeado este ano como representante da ODS13  — Ação Contra a Mudança Global do Clima no Programa Liderança com ImPacto do Pacto Global da Organização das Nações Unidas (ONU) no Brasil?

LA —  É uma grande honra ter recebido o convite para participar dessa iniciativa. Se realmente quisermos mudar a forma como conduzimos os negócios e lidamos com questões sustentáveis, é imprescindível ter o Pacto Global liderando esse processo.

A iniciativa tem como objetivo atrair, engajar, conscientizar e capacitar os líderes empresariais para acelerar o avanço dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), estabelecidos pela ONU até 2030. No nosso caso, focamos especialmente os ODS13 relacionados às mudanças climáticas, o que é significativo, pois já temos um produto com uma pegada de carbono baixa.

Um ponto interessante é que, para alcançar a meta de zero emissão até 2050, será necessária uma mudança tecnológica tanto em nossa empresa como em toda a indústria. Ser um embaixador dos ODS significa poder contribuir com essa conscientização e influenciar positivamente para alcançarmos esse objetivo, não apenas em nossa cadeia de produção, mas também em todas as outras indústrias.

Qual é a sua visão com relação aos principais valores que CBA busca promover entre colaboradores e stakeholders?

LA — Em nossa cultura, a abordagem ESG está profundamente enraizada e faz parte do nosso DNA. Trabalhamos intensamente para criar um ambiente de trabalho colaborativo e construtivo. As áreas se apoiam mutuamente e os assuntos são tratados de forma integrada entre elas. Essa dinâmica contribuiu para o sucesso da empresa e reflete nossa cultura.

Temos a ambição de oferecer soluções com alumínio que transformem vidas, mas de forma sustentável e com baixa pegada de carbono. Isso se aplica não apenas às minerações, mas também a todas as nossas operações, influenciando toda a cadeia. Queremos ser referência no tema ESG, mas, mais do que isso, desejamos influenciar positivamente toda a cadeia produtiva.

As pessoas aqui se sentem à vontade para trazer ideias e propor mudanças e soluções, o que beneficia a empresa como um todo. Temos as estratégias adequadas, as pessoas certas e o ambiente propício para executar todas as ações que visam a melhorar o negócio.

Fotos: Divulgação CBA

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