Na 1ª parte deste “especial” sobre alumina, matéria-prima que dá origem ao alumínio, explicamos que ela é obtida a partir da redução da bauxita, e é utilizada para se transformar no metal e em outras aplicações. Agora falaremos especificamente das ações das empresas que fazem o refino da bauxita.
É dentro de uma refinaria que o minério de bauxita passa pelo processo de Karl Bayer, dando origem à alumina (também conhecida como óxido de alumínio). Em 2021, segundo o Anuário Estatístico Alumínio 2021, editado pela Associação Brasileira do Alumínio (ABAL), o Brasil produziu 11 milhões de t de alumina. Desse total, 89% foi destinado às exportações e os 11% restantes utilizados na transformação de alumínio primário e outros processos industriais.
O Brasil é o terceiro maior produtor mundial de alumina e é importante ressaltar que a produção teve, no ano passado, a terceira alta consecutiva, de 7,9%. A Alcoa, Companhia Brasileira de Alumínio (CBA) e a Hydro fabricam a matéria-prima no país. Entenda a seguir como essas empresas atuam.
Alcoa
A operação da Alcoa na cidade Poços de Caldas (MG) teve início na década de 1960, envolvendo a lavra de bauxita, refinaria de alumina (com capacidade atual de até 1 milhão de t por ano) e produção de alumínio primário.
A mina de bauxita está localizada em Juruti (PA), cujo principal cliente é a refinaria do Consórcio de Alumínio do Maranhão (Alumar), em São Luís — a Alcoa detém 54% de participação e tem a South 32 (36%) e Rio Tinto (10%) como sócias.
“Somos a segunda maior operação de alumina da Alcoa no mundo, com volume de 3,8 milhões de t por ano. Temos um porto privado que tem como objetivo receber os insumos como a bauxita, soda cáustica e óleo BPF (baixo ponto de fluidez), entre outros, e escoar a produção”, ressalta Giuliano Siqueira, gerente da refinaria da Alumar.
Segundo o executivo, a refinaria também é considerada uma das mais eficientes do mundo. Isso porque parte do vapor utilizado dentro do processo Bayer é desviada para um turbo gerador de energia elétrica destinada a diversas operações da empresa.
“A alumina de São Luís tem uma granulometria específica para a redução de alumínio. Já em Poços de Caldas, há flexibilidade, pois são produzidas aluminas específicas para diversos mercados”, explica.
CBA
Na CBA, a operação integrada tem início com a mineração da bauxita nas unidades localizadas em Minas Gerais e Goiás. O material é transportado via ferrovia até a fábrica de Alumínio (SP).
Ao chegar à fábrica, o minério é separado conforme as propriedades físicas e químicas. Na refinaria, é extraído o óxido de alumínio da bauxita, pelo processo Bayer. Atualmente, a empresa tem capacidade para produzir 800 mil t de alumina por ano.
Recentemente, a CBA ganhou o Prêmio ECO Amcham Brasil 2022 com o projeto de implementação da caldeira à biomassa na refinaria, com foco na sustentabilidade.
Com investimento de cerca de US$ 30 milhões e parceria da ComBio Energia, a iniciativa teve como objetivo a substituição de seis caldeiras movidas a óleo ou gás natural por uma Unidade de Produção de Vapor (UPV) alimentada por cavacos de madeira de eucalipto obtidos de áreas de reflorestamento.
A mudança já contribuiu com a redução de 63,6% nas emissões de Gases de Efeito Estufa (GEE) por tonelada de alumina.
Hydro
A multinacional de origem norueguesa Hydro também possui uma cadeia de alumínio integrada, envolvendo a lavra e beneficiamento da bauxita, em Paragominas (PA), e transporte até a refinaria Alunorte, em Barcarena (PA). Em 2021 foram produzidos 6,3 milhões de toneladas de alumina.
Uma parte da matéria-prima é usada para a produção de alumínio primário ca empresa e o restante é encaminhado para as plantas de extrusão em Itu (SP), Utinga (SP) e Tubarão (SC), além de seguir para clientes no Brasil e no exterior.
Michel Lisboa, diretor industrial da refinaria Alunorte, explica que, além da produção de alumínio primário, a alumina é usada na indústria para abrasivos, cargas em plásticos e suporte de catalisadores industriais, pois tem rigidez, resistência, baixa retenção de calor e alto ponto de fusão.
“A Hydro realiza investimentos constantes em melhorias nas suas operações, deixando-as mais sustentáveis e seguras”, afirma.
A refinaria assinou recentemente dois contratos de compra de energia (PPA, na sigla em inglês). Um deles é o projeto Mendubim, de 531 MW, que está sendo realizado em parceria com as empresas de energia renovável Scatec, Equinor ASA e Hydro Rein. O outro é o projeto Feijão, de 586 MW de produção de energia eólica e solar no Nordeste do Brasil.
A Hydro também está investindo R$ 1,3 bilhão na substituição do óleo combustível por gás natural na refinaria. Para isso, assinou um contrato com a New Fortress Energy (NFE) em 2021, com o objetivo de receber fornecimento de GNL por 15 anos.
Ainda visando à redução de emissões de GEE, a companhia está investindo na implementação de caldeiras elétricas em sua operação. A primeira, com tecnologia mais moderna e maior capacidade, está em operação na Alunorte, desde março deste ano, com investimento de cerca de R$ 42 milhões.
Leia a 1ª parte do especial sobre a alumina
Foto: Hydro/Atle Johnsen