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Entenda como a indústria do alumínio administra as emissões de carbono

Empresas como Alcoa, CBA, Hydro e Novelis têm metas de sustentabilidade e ações de mitigação de Gases de Efeito Estufa (GEE)

De acordo com estudo encomendado pela Associação Brasileira do Alumínio (ABAL), o setor já atua no país com intensidade carbônica 3,3 vezes inferior à média global.

As emissões do berço ao portão – que considera desde a extração de bauxita até a fabricação do alumínio – ficam entre 2,75 e 3,5 t CO2e/t, enquanto no mundo varia de 9,7 a 11,7 t CO2e/t.

Isso se deve a vários investimentos realizados pelas empresas do setor, que incluem a diversificação da matriz energética, com fontes limpas e renováveis, tais como a energia solar e eólica, para a produção de alumínio.

No entanto, a descarbonização também exigirá soluções para as emissões diretas, além de medidas de promoção da circularidade de materiais.

Nesse contexto, conversamos com importantes empresas do setor, Alcoa, CBA, Hydro e Novelis, para entender como funciona a administração das emissões de carbono e quais são as metas de sustentabilidade.

Alcoa Brasil

A Alcoa possui um roadmap (quadro de referência) para alcançar as metas globais, estabelecidas em 2015, que visam a reduzir as emissões de Gases de Efeito Estufa (GEE) em 30% até 2025 e em 50% até 2030. Em 2021, a empresa também se comprometeu a alcançar net zero, encurtamento da expressão Net Zero Carbon Emissions, que, em português, significa zero emissões líquidas de carbono (CO2), até 2050.

Atualmente, a Alcoa participa de iniciativas do International Aluminium Institute (IAI) e do International Council on Mining and Metals (ICMM) relacionadas à questão, tais como o GHG Zero Emission Implemention Pathway, que realizou mapeamento de dados e necessidades de tecnologia para apoiar a descarbonização em empresas do segmento.

Ações de mitigação

Em Juruti (PA), a Alcoa tem o projeto Locomotiva Verde, que planta mudas de espécies nativas em áreas da comunidade, com a proporção necessária para compensar as emissões de GEE da ferrovia que liga a mina de bauxita ao porto.

A empresa também tem contratos de compra de energia renovável em suas operações. Um exemplo é o Re-Start do Consórcio de Alumínio do Maranhão (Alumar), projeto que estabeleceu um plano de religamento do smelter com 100% de energia comprada de fontes renováveis. 

Além disso, a empresa possui uma família de produtos de alumina e alumínio primário com baixa pegada de carbono (Sustana).

Thaiza Bissacot, gerente-regional de Meio Ambiente da Alcoa, explica que, no Brasil, a companhia ainda não participa do mercado de crédito de carbono, apenas em outras regiões como Canadá e Europa.

“Fizemos no ano passado um estudo para mapear o potencial de geração de créditos nas nossas áreas e temos um plano de trabalho associado para os próximos anos.”

Entre os desafios para a redução das emissões, segundo Thaiza, estão discussões nacionais e leis em tramitação relacionadas ao mercado de carbono e ao custo da transição energética para alguns processos, como a implementação da tecnologia Elysis (anodo inerte) nas operações. 

CBA

A Companhia Brasileira de Alumínio (CBA) possui as seguintes metas para o GEE:

  • Reduzir em 40% as emissões de CO2 (da mineração até os produtos fundidos); 
  • Ter uma linha de produtos carbono neutro; 
  • Definir um plano de adaptação às mudanças climáticas; 
  • Produzir 100% do tarugo da Metalex com emissão de GEE inferior a 1,4 t CO2e/t de produto. 

Em 2021, a empresa promoveu avanços significativos:

  • Reduziu 25,4% das emissões desde 2019; 
  • Estudou uma trajetória de neutralização de carbono para 2050; 
  • Reestruturou riscos climáticos seguindo a metodologia do TCFD (Task Force on Climate-related Financial Disclosures) e mapeou medidas de mitigação e adaptação; 
  • Participou do Acordo Ambiental de São Paulo, Câmara Temática do Clima do Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável (CEBDS), Plataforma Ação pelo Clima do Pacto Global e Programa Benchmark Club do CDP (Carbon Disclosure Program). 

Leandro Faria, gerente-geral de Sustentabilidade da CBA, explica que, em 2022, a empresa teve suas metas de redução de emissões aprovadas pelo Science Based Targets, sendo a primeira produtora do metal primário no mundo a ter seu compromisso validado pela metodologia. 

Ações de mitigação

Os principais projetos da companhia para mitigação do GEE são:

  • Projeto Reflora: Iniciativa da CBA em parceria com o Instituto Votorantim e Reservas Votorantim, voltada para pequenos e médios produtores rurais interessados em realizar o reflorestamento de Áreas de Preservação Permanente (APPs) e Reserva Legal (RL) degradadas de suas propriedades. Tem como objetivo a captura de carbono, a recuperação de ecossistemas e o incremento da biodiversidade brasileira.
  • Caldeira à biomassa: A refinaria de alumina da empresa é uma das primeiras do mundo a ter 100% de capacidade de produção de vapor originado por biomassa. Essa inovação é responsável pela redução de 63,1% das emissões de GEE nessa etapa produtiva, desde a implementação em 2020. 
  • Modernização das salas fornos: A CBA automatizou a tecnologia de alimentação de fornos, o que reduz as emissões atmosféricas e de GEE, nessa que é a etapa mais eletrointensiva da produção do alumínio. A ação ainda promove ganhos em eficiência e segurança.
  • Reciclagem – Atualmente existem dois projetos em execução que visam aumentar o volume de metal reciclado: a instalação de uma linha de tratamento de sucata na planta da Metalex e a aquisição da Alux do Brasil. 

Crédito de carbono

A CBA desenvolveu, em parceria com a Reservas Votorantim, um projeto de geração de crédito de carbono para contribuir com a preservação do Cerrado brasileiro.

Trata-se do primeiro projeto REED+ (sigla para Redução de Emissões por Desmatamento e Degradação Florestal) com esse perfil no Cerrado, iniciativa que será viabilizada por meio do Legado Verdes do Cerrado, reserva privada de desenvolvimento sustentável localizada em Niquelândia (GO), propriedade da empresa.

A área certificada tem 11.500 ha e capacidade de emissões médias anuais de 50 mil créditos de carbono. Na primeira emissão serão gerados 316 mil créditos de carbono, referentes ao período de 2017 a 2021.

Hydro

A Hydro tem a meta de reduzir as emissões globalmente em 10%, em 2025, e 30%, em 2030, e tornar as operações neutras até 2050.

Uma das iniciativas prioritárias é a mudança da matriz energética da refinaria de alumina, Alunorte, localizada no município de Barcarena (PA).

Com custo de R$ 1,3 bilhão, o projeto prevê a substituição do óleo combustível por gás natural e deve entrar em operação em 2023 com redução das emissões anuais de CO2 em 700 mil t.

Segundo Anderson Baranov, vice-presidente sênior de Relações Externas da Hydro, a Alunorte também assinou recentemente dois contratos de compra de energia (PPA, na sigla em inglês) para consumo de energia renovável de dois projetos da Hydro Rein:

  • Mendubim – Projeto solar de 531 MW que está sendo desenvolvido em parceria com as empresas de energia renovável Scatec e Equinor ASA. As companhias assinaram um PPA de 20 anos em dólares americanos com a Alunorte, companhia que consumirá cerca de 127 MW do total produzido.
  • Feijão – Projeto associado de energia eólica e solar de 586 MW no nordeste do Brasil. Localizado nos estados do Piauí e Pernambuco, será construído em um dos maiores clusters de parques eólicos da América Latina.

Com esses contratos, a Alunorte investe na implementação de caldeiras elétricas na operação. A primeira, com tecnologia mais moderna e de maior capacidade, está funcionando desde março de 2022 e teve um investimento de cerca de R$ 42 milhões. 

Com capacidade nominal de geração de 95 t de vapor por hora e consumo de 60 MW, o equipamento tem potencial para redução na ordem de 100 mil t de CO2 por ano. Além disso, a empresa estuda a adição de mais duas caldeiras elétricas, com expectativa de iniciar a operação em 2024.

Painéis fotovoltaicos

Também está em andamento uma pesquisa sobre o uso de placas solares na mina de bauxita da Hydro, na cidade de Paragominas (PA). A Universidade Federal do Pará (UFPA) realizará estudos com um sistema fotovoltaico flutuante em tanques de testes na planta.

Um dos objetivos é possibilitar a redução da evaporação da água dos reservatórios, além de oferecer uma nova fonte de energia capaz de atender parte do consumo próprio da mina. O investimento inicial do projeto é de cerca de R$ 1 milhão e a pesquisa tem duração de dois anos.

Novelis

As metas globais de sustentabilidade da Novelis preveem a redução de 30% da pegada de CO2 até 2026 e a neutralidade até 2050 nas operações em todo o mundo. Para atingir a marca, pretende atuar principalmente no aumento do conteúdo reciclado dos produtos.

A companhia possui 14 centros de coleta espalhados pelo Brasil, sendo responsável em grande parte pelo alto índice de reciclagem das latas de alumínio para bebidas no país que, em 2021, foi de 98,7%.

“É importante ressaltar que cada tonelada de alumínio reciclado reduz em 95% a emissão de CO2. Quanto mais aumentarmos o conteúdo reciclado de nossos produtos, mais próximos estaremos da nossa meta”, explica Beatriz Sobreira, gerente-sênior de Estratégia e Sustentabilidade da Novelis.

Em junho, a Novelis Inc. se uniu à First Movers Coalition (FMC), coalizão lançada durante a 26ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP26), por meio de uma joint venture entre o Fórum Econômico Mundial e o Departamento de Estado dos Estados Unidos.

Com isso, a empresa se comprometeu em ter 10% de suas compras de alumínio primário com emissões próximas de zero. Além disso, a Novelis garante que pelo menos 50% de todo o uso de alumínio seja de fontes recicladas (métrica já superada pela empresa atualmente, com 57%).

Ações de mitigação

A planta de Pindamonhangaba (SP) constitui o maior complexo de laminação e reciclagem de alumínio da América do Sul, com capacidade de cerca de 680 mil t/ano de produção de laminados e 490 mil t/ano de reciclagem. Com anúncio recente de expansão da fábrica, a expectativa é de que sejam acrescidas 70 mil t à capacidade de produção de chapas de alumínio.

“Para a Novelis, a reciclagem é um compromisso não somente de negócios, mas de colaboração com a sociedade e o futuro do planeta. A economia circular diminui os impactos das nossas atividades no meio ambiente e, no setor do alumínio especificamente, evita a extração de bauxita da natureza.”

A Novelis também anunciou recentemente o investimento de R$ 6 milhões para a instalação de quase 1.000 placas de energia solar fotovoltaica nos 14 centros de coleta de latas para bebidas no Brasil, a partir de fevereiro deste ano. O montante inclui a substituição de empilhadeiras movidas a gás por máquinas elétricas.

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