O início do ano foi marcado pelo lançamento do maior iate à vela de alumínio em construção do mundo, o Sea Eagle II. A embarcação foi encomendada ao estaleiro holandês Royal Huisman por Samuel Yen-Liang Yi, empresário bilionário de Taiwan. Ao solicitar o projeto, o cliente fez um único pedido: “Construa o meu sonho”.
O desafio foi apresentado e o escritório Dykstra Naval Architects projetou um iate grandioso, com 81 m de comprimento total, além de três mastros imponentes de fibra de carbono. Segundo os arquitetos, a proa, a linha de água longa, o casco elegante de alumínio e a grande área de vela proporcionarão à embarcação a alta velocidade (acima de 21 nós) e o desempenho exigidos pelo contratante.
A construção possui interior moderno e confortável, em equilíbrio com os espaços externos, e pode ser usada tanto como plataforma de negócios como para receber amigos e familiares. A estrutura conta com solário amplo, cozinha, bar e uma grande área na parte da frente, com um salão que combina assentos confortáveis e uma mesa com 16 lugares para refeições formais.
O projeto é um dos exemplos da aplicação eficiente — e, no caso, grandiosa — do alumínio em embarcações. E não seria diferente: o metal reúne características importantes para esse tipo de uso, como resistência à corrosão, leveza e durabilidade, além de conferir beleza estética.
No Brasil
Segundo Eduardo Colunna, presidente da Associação Brasileira dos Construtores de Barcos e seus Implementos (Acobar), o alumínio é utilizado por estaleiros nacionais há muito tempo, em embarcações de pequeno, médio e grande porte. São barcos para pesca, esporte, lazer (os chamados pontoom boats), deslocantes e para serviços.
A Novelis é uma das empresas que oferecem ligas para a indústria naval. As do grupo 5XXX, com maior teor de magnésio, são as mais utilizadas para essa aplicação.
“No Brasil, fornecemos a liga 5052 para pequenas embarcações e a 5083 para as de grande porte. O alumínio pode ser fornecido na forma de chapas planas ou bobinas”, explica Guilherme Superbia, gerente de Excelência Comercial e Marketing da Novelis.
Segundo Superbia, o metal pode ser utilizado para construir o casco do barco e até os componentes internos, como piso e revestimento.
“Como o Brasil é um país com uma enorme área costeira e muitos rios, acreditamos que existem grandes oportunidades de crescimento”, reforça.
Destaques no Pará
Uma embarcação singular de alumínio navega pelos rios amazônicos desde o ano passado. O Barco-Hospital Papa Francisco, com 32 m de extensão e cerca de 20 tripulantes, tem como objetivo levar assistência médica e apoio espiritual para cerca de 700 mil pessoas que vivem em comunidades ribeirinhas no Estado do Pará.
O projeto foi um pedido do próprio papa Francisco à Associação e Fraternidade Lar São Francisco de Assis na Providência de Deus, durante visita ao Brasil na Jornada Mundial da Juventude, em 2013.
Com foco no combate à pandemia da Covid-19, a Alcoa doou R$ 400 mil, no mês de abril, para ajudar na manutenção do Barco-Hospital Papa Francisco.
Para apoiar esses atendimentos, a entidade administradora do barco-hospital procurou o estaleiro brasileiro Levefort Icoma, localizado em Paulínia (SP), especializado em workboats de alumínio naval, para solicitar duas ambulanchas.
De acordo com Ricardo Cardoso de Paula, diretor-executivo do estaleiro, alguns fatores foram determinantes para a escolha do cliente: a livre opção de distribuição interna (leiaute) das embarcações, de acordo com a necessidade, facilidade no manuseio e baixo calado.
“É gratificante fabricar e fornecer um produto de grande valia para atender a população mais carente do nosso país, ainda mais em se tratando de saúde. Um projeto realmente encantador e que serve de exemplo de solidariedade para todo o mundo”, afirma o diretor-executivo.
As duas Ambulanchas 29’, com mais de 9 m de comprimento, foram entregues em 2019. Até mesmo a mobília interna é de alumínio. Os modelos estão equipados com maca, armários para medicamentos, cilindro de oxigênio, copa com geladeira, climatizador, placa solar e motor Mercruiser de 220 HP a diesel e tanque de 250 litros.
No estaleiro Levefort Icoma, a construção de uma embarcação de alumínio leva entre 30 a 120 dias, tempo que varia de acordo com o modelo e as alterações solicitadas pelo cliente.
“Praticamente 90% da nossa produção é feita por meio de soldagem no processo Metal Inert Gas (MIG)”, explica o diretor-executivo.
Os benefícios do alumínio para a indústria naval:
- Durabilidade;
- Baixo custo de manutenção;
- Resistência à colisão;
- Resistência à intempérie;
- Maior capacidade de transporte de carga;
- Menor investimento em motorização, devido à leveza do casco;
- Menor arrasto hidrodinâmico e economia de combustível, devido à leveza do casco;
- Dispensa moldes;
- Facilidade de adaptação à necessidade de cada usuário;
- Material infinitamente reciclável;
- Gera economia no processo construtivo e menores danos ao meio ambiente.
Crédito da imagem de abertura: Tom Van Oossane
1 comentário em “Alumínio a bordo: as vantagens do uso do metal em embarcações”
Hoje temos um estaleiro brasileiro dedicado a embarcações em alumínio de médio e pequeno porte (fabricação de 16 pés á 40 pés). A velocidade de fabricação e durabilidade das mesmas, são impressionantes. http://www.amsmarinesports.com.br
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