A Volkswagen inaugurou, no final de janeiro, sua primeira instalação para reciclagem de baterias de veículos elétricos em Salzgitter, na Alemanha. Na fase inicial, a planta terá capacidade para reciclar 3.600 sistemas de baterias por ano, o equivalente a, aproximadamente, 1.500 t.
É mais um passo no projeto que o grupo alemão vem desenvolvendo há alguns anos para a destinação das baterias em final de ciclo de vida de seus automóveis, com um processo mais eficiente. A taxa de recuperação de material em Salzgitter é de cerca de 70% — a meta é atingir até 90%. Nos processos convencionais atualmente existentes, esse percentual é pouco mais de 50%.
“A Volkswagen trabalha para manter o controle do ciclo da matéria-prima das baterias em todas as etapas. Esses componentes formam a base para a economia de reciclagem da mobilidade futura. Não se trata apenas de reciclar as matérias-primas valiosas da maneira mais completa possível, mas também de usá-las em outro lugar após seu primeiro ciclo de vida no automóvel”, explica Herbert Diess, CEO do Grupo Volkswagen.
Diess faz menção ao fato de, após serem recebidas em Salzgitter, as baterias retiradas dos veículos serem analisadas em sua capacidade de armazenamento. As que ainda possuem potência suficiente são encaminhadas para o segundo ciclo de vida.
As baterias são usadas, por exemplo, em estações de armazenamento de energia ou robôs de carregamento móvel – onde ainda serão utilizadas por alguns anos. São recicladas somente após o esgotamento total da sua capacidade de armazenamento.
A curto prazo, não é esperado uma grande quantidade de baterias, já que, inicialmente, estão sendo recicladas aquelas utilizadas nos primeiros veículos elétricos de teste da Volkswagen. Posteriormente, à medida que os componentes dos veículos elétricos e híbridos vendidos nos últimos anos atinjam o final de sua vida útil, o sistema será escalado para uma capacidade maior.
“O Grupo Volkswagen deu mais um passo rumo à responsabilidade sustentável de ponta a ponta pela bateria como um componente-chave da mobilidade elétrica. Estamos implementando o ciclo de materiais recicláveis sustentáveis e desempenhamos um papel pioneiro na indústria”, relata Thomas Schmall, membro do Conselho de Administração do Grupo Volkswagen.
Outro diferencial do processo desenvolvido pela Volkswagen é que ele não demanda uso de alto forno. Dessa forma, o processo de reciclagem das baterias é realizado com uso de menos energia e, consequentemente, também de emissão de CO2.
Após serem recebidas, os componentes são totalmente descarregados e desmontados. Peças individuais são moídas em um triturador e, depois, passam por um processo de secagem. Além de alumínio, cobre e plástico, recupera-se também o chamado “pó preto”, que contém matérias-primas fundamentais para as baterias, como lítio, níquel, manganês, cobalto e grafite.
A separação e processamento dessas substâncias individuais é feita posteriormente, por empresas parceiras especializadas, as quais utilizam processos hidrometalúrgicos, usando água e agentes químicos.
“Dessa forma, componentes de baterias antigas podem ser usados para produção de novo material de cátodo. Nossa pesquisa mostrou que as matérias-primas recicladas possuem a mesma eficiência que o material novo”, destaca Mark Möller, chefe da Unidade de Negócios de Desenvolvimento Técnico e E-Mobilidade.
Ainda segundo Möller, o material reciclado, no futuro, irá apoiar a produção de baterias da empresa. “Como a demanda por baterias e suas respectivas matérias-primas irá aumentar drasticamente nos próximos anos, certamente faremos bom uso de cada grama de material reciclado.