A transição global para o uso de fontes de energia renováveis é uma das principais tendências da indústria do alumínio nos próximos anos, de acordo com estudo encomendado pelo International Aluminium Institute (IAI) à consultoria CRU.
Segundo o levantamento, o setor elétrico demandará mais 5,2 milhões de t do metal de 2020 a 2030. Cerca de 70% desse aumento virá principalmente da execução de projetos solares, cujas tecnologias são quatro vezes mais intensivas em alumínio do que as eólicas.
O potencial do alumínio para substituir o cobre em aplicações elétricas, como distribuição de energia, também representa uma oportunidade, pois os preços do cobre continuam altos. Somado a isso, a expansão das redes de transmissão e distribuição deve colaborar com o aumento da demanda por cabos condutores.
Aplicação dos cabos no setor renovável
Marcondes Silvestre Takeda, gerente de Produto do Grupo Prysmian no Brasil, explica que, na geração centralizada, no mercado de energias renováveis, os condutores de alumínio são utilizados na forma de cabos isolados para os grids subterrâneos de baixa e média tensões (plantas eólicas e fotovoltaicas), e na forma de cabos nus para as linhas aéreas de transmissão, que conectam as plantas geradoras ao Sistema Interligado Nacional (SIN).
“As vantagens da utilização dos cabos de alumínio estão relacionadas ao seu menor peso por unidade de comprimento e menor custo quando comparado aos modelos de cobre. Devido ao seu menor valor econômico, eles também possuem risco inferior de serem furtados, fato que, além da própria perda do material, ocasionará todo tipo de prejuízo relacionado à interrupção da geração de energia”, comenta Takeda.
Oportunidades de negócios
Segundo o executivo, a participação das fontes renováveis cresceu consideravelmente na matriz energética global nos últimos anos, mas é preciso acelerar ainda mais essa transição para suprir a demanda por energia nas próximas décadas, dependendo cada vez menos de fontes fósseis e poluidoras.
Com mais investimentos em plantas solares, parques eólicos, linhas de transmissão e distribuição, mais cabos elétricos serão necessários, movimentando todo o mercado.
Atualmente, o Grupo Prysmian investe em infraestrutura para expandir a produção em plantas estratégicas, apoiando este processo com Pesquisa & Desenvolvimento para inovar e reforçar o leque de produtos, sistemas e serviços.
“Em relação aos cabos de alumínio, em particular, a planta de Poços de Caldas (MG) vem recebendo melhorias nos últimos cinco anos, tornando-se, inclusive, exemplo de boas práticas socioambientais.”
Perspectiva para 2022
A partir dos relatórios de acompanhamento e previsão de operação de novos projetos de geração renovável da base da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), há previsão de aumento de 17% em GW em relação a 2021, o que determina as expectativas de crescimento para o consumo de cabos.
De acordo com o gerente do Grupo Prysmian no Brasil, na área de distribuição, as principais companhias definiram até o primeiro trimestre de 2022 seus processos de compra, com base na demanda média para os próximos três anos, apontando números superiores aos processos anteriores, principalmente em cabos de alumínio isolados (baixa e média tensões) e protegidos (média tensão) para uso em redes aéreas.
“Para os ramais de ligação de consumidores, tem-se intensificada a migração da demanda de cabos antifurto de energia de cobre para os de alumínio, dentro de um cenário de aumento da utilização desse tipo de produto na demanda geral de cabos de baixa tensão das distribuidoras de energia elétrica”, acrescenta Takeda.
Já no setor de transmissão, houve, no final de junho, o maior leilão dos últimos três anos. Promovido pela Aneel, o certame totalizava 5.425 km de linhas, trazendo uma expectativa de demanda de, aproximadamente, 85 mil t de cabos de alumínio.
“O início do fornecimento desses produtos costuma acontecer, em média, dois anos após a realização do leilão. Em maio, a Aneel também abriu a consulta pública ao edital do 2º leilão, com previsão de realização em dezembro para mais 710 km de linhas.”
Foto: lovelyday12/AdobeStock.com