Na segunda-feira, 21/2, a Associação Brasileira do Alumínio (ABAL) participou do seminário online “Soluções para a descarbonização do setor siderúrgico: oportunidades para empresas brasileiras e japonesas”, organizado pelo Ministério da Economia, Comércio e Indústria do Japão e pelo Ministério das Relações Exteriores do Brasil.
Janaina Donas, presidente-executiva da ABAL, contou aos participantes que a entidade tem 51 anos de atuação e congrega 29 empresas inseridas em todos os elos da cadeia – mineração de bauxita, produção de alumina e alumínio primário, transformação, reciclagem e comércio do metal.
“Nossa principal missão é promover a competitividade da cadeia produtiva por meio da disseminação de informações técnicas e estatísticas, além do trabalho de normalização. Atuamos na capacitação, gestão e educação em relação às melhores práticas do setor. Também contribuímos com o poder público no aprimoramento de marcos regulatórios”, contou.
Vantagens competitivas
De acordo com Janaina, na comparação com outros players da cadeia global do alumínio, o Brasil tem a vantagem de ter uma indústria integrada e verticalizada, ocupando a 3ª posição mundial na produção de alumina e a 4ª na mineração de bauxita. Atualmente, o Brasil está na 15ª colocação quando o assunto é a produção de alumínio primário.
“A boa notícia é a retomada da capacidade de produção de alumínio primário. Do final de 2022 a 2023, ela deve saltar de 685 mil t para 1,4 milhão. Isso é fruto dos esforços da própria indústria para resgatar a competitividade local afetada desde 2014”, explicou.
A presidente-executiva ressaltou também que o Brasil é o único país com empresas com certificação ASI (Aluminium Stewardship Initiative) em todas as etapas produtivas, seguindo as melhores práticas sustentáveis.
Na visão de Janaina, a indústria brasileira do alumínio pode contribuir de várias formas com os esforços de descarbonização no Japão. O país tem a meta de reduzir 46% de suas emissões de GEE até 2030 em relação ao ano de 2013.
A proporção entre produção de alumínio primário e emissão de GEE, no caso brasileiro, é 4,6 vezes menor do que a média mundial.
“No caso da produção de alumínio primário, a principal explicação é que a produção nacional utiliza 100% de fontes de energia renováveis, principalmente de origem hídrica, além de as indústrias promoverem investimentos na diversificação da matriz energética”, afirma a gestora.
Outra forma de contribuição está nas refinarias, as quais têm apostado na substituição de combustíveis fósseis por gás, biomassa e outras soluções que visam à baixa emissão de poluentes. Na produção de alumina, insumo obtido por meio do refino da bauxita, o índice de emissão de GEE é 4,5 vezes menor do que a média mundial
Além disso, vale destacar que o Brasil é referência em reciclagem do alumínio, tanto no processo industrial como do próprio produto, com as latas para bebidas.
“A reciclagem consome apenas 5% da energia necessária para produzir o alumínio primário. E mais da metade do alumínio consumido no país (54%) vem da reciclagem, porcentagem bem acima da média mundial (28%). Já a reciclagem de latas chega a 97% no país, um dos líderes globais e case de sucesso apresentado na Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima de 2021, a COP-26”, destacou Janaina.
Setor essencial
A indústria do alumínio é considerada essencial para a economia e para a sociedade brasileira — não apenas por suas características e contribuições para vários segmentos, mas também por atuar como catalisadora de mudanças positivas e propulsora do desenvolvimento sustentável.
“Estamos falando de um setor que representa cerca de 6,7% do Produto Interno Bruto (PIB) industrial e gera mais de 420 mil empregos, segundo dados de 2020.”
A executiva chamou a atenção ainda para o potencial de crescimento do consumo doméstico, que ainda gira em torno de 6,7 a 7,5 kg por habitante, enquanto a média mundial é de 22 kg.
“O setor tem presença considerável no mercado nacional e tem potencial de crescimento grande. Trabalhamos para promover e alavancar esse mercado.”