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Profissionais do alumínio: Alain Belda, o globetrotter que ampliou os negócios da companhia americana Alcoa pelo mundo

Foram mais de quarenta anos na indústria do alumínio. O legado se refletiu no faturamento e nas ações ambientais e sociais da empresa

Ávido por desafios, Alain Belda, empresário nascido no Marrocos, tendo passado a infância entre o Brasil e o Canadá, encontrou na Alcoa oportunidades de crescimento que nem imaginava.

Com expertise e equipe qualificada, fez inúmeras aquisições e construções tanto no Brasil como em países da Europa, Rússia e China, ampliando exponencialmente a atuação da companhia americana pelo mundo.

Nesta série Profissionais do alumínio, contamos um pouco da trajetória do ex-presidente da Alcoa Brasil e ex-presidente e CEO da Alcoa Corporation: 42 anos de trabalho em prol da indústria.

“Foi uma experiência de vida fantástica porque gosto de desafios e de desafiar pessoas. A Alcoa me proporcionou isso todos os dias dentro de uma estrutura real de valores.

O segredo do sucesso: ousadia, coragem e coleguismo, sempre com foco em valores, preservação ambiental, saúde e segurança dos empregados e ações sociais nas comunidades do entorno das operações.

Origem

Filho de pai espanhol e mãe portuguesa, Belda nasceu no Marrocos em 1943, durante a Segunda Guerra Mundial. Em 1946, migrou com sua família para o Brasil, especificamente para a cidade do Rio de Janeiro.

“Meu pai comprava e vendia empresas. Em 1954, com o fim do governo de Getúlio Vargas e a instabilidade econômica, ele vendeu os negócios e fomos para Montreal, no Canadá, onde ficamos até 1960. Quando meu pai faleceu, retornamos ao Brasil”, conta.

Aos dezessete anos, Belda ainda não tinha certeza de qual profissão seguiria. Só aos 22 anos, quando sua mãe perdeu todos os negócios, ele e o irmão tiveram de segurar as contas. Foi quando se formou em administração pela Universidade Presbiteriana Mackenzie.

“Só depois percebi as vantagens de ter essas experiências internacionais, de ver o mundo de uma forma um pouco diferente da de quem nasceu e viveu no mesmo lugar. Aprendi inglês, a gente falava francês em casa e estudei em escola integral no Canadá.”

Indústria do alumínio

Belda já trabalhava em uma empresa de produtos químicos quando foi visitar o irmão que atuava como comprador na unidade brasileira da Alcoa.

“Meu irmão disse que a companhia estava entrevistando candidatos para vários cargos e perguntou se eu não queria participar. Eu disse: por que não? Me ofereceram o dobro do salário que eu ganhava. Morava em São Paulo, mas comecei a atuar na planta de Poços de Caldas (MG) em 1969. Era quase um trainee, passei por várias áreas”, relembra.

Após seis meses, ele voltou para São Paulo já como gerente de Planejamento, depois a diretor-financeiro.

Segundo Belda, nessa época, o Brasil importava alumínio. Já estavam aqui a Alcan e a Companhia Brasileira de Alumínio (CBA). Como o governo ia parar de autorizar a importação, todo mundo comprou mais do que precisava. Quando iniciou a produção de sua nova fábrica, a Alcoa ficou com um estoque enorme de alumínio.

“Mas depois os negócios foram bem. Como eu estava na área financeira, fui atrás de dinheiro, duplicamos e depois triplicamos a fábrica mineira. Em 1979, virei presidente da companhia no Brasil.”

Projeto São Luís

Em 1979, Belda teve de lidar com o limite de construção da planta de Poços de Caldas. Ele via um mundo que precisava de alumínio, queria uma produção com custo competitivo mundialmente.

Foi quando lançou o Projeto São Luís, que viabilizou o Consórcio de Alumínio do Maranhão (Alumar) no valor de US$ 1,4 bilhão e alavancou o balanço da Alcoa no Brasil, sem nenhuma garantia da matriz. “Fizemos um empréstimo de 80% do valor total da obra. Eu era moço, tinha muita coragem, além de um time excelente trabalhando comigo.”

Quando iniciou a produção, houve uma queda do preço do alumínio no mercado, a Alcoa não conseguia pagar os juros da dívida. A solução foi vender 40% do projeto para a Billiton e ainda dobrar a fábrica.

“Como a economia estava ruim, os preços estavam bons para comprar equipamentos. A construtora Camargo Corrêa entrou como sócia, com valor que correspondia a 40% do quanto valia a Alcoa no Brasil, e fizemos a 2ª fase. Depois entramos na 3ª”, recorda.

Na década de 1980, o executivo também iniciou um projeto de diversificação no Brasil, com a compra de companhias para transformar o alumínio primário em extrudados, laminados, fundidos e cabos.

A estratégica era entrar em uma escala mundial e se proteger das leis que fixavam preço e prejudicavam o produtor de matéria-prima, além de fazer a transformação do alumínio. Já era uma estratégia da CBA, mas ainda não da Alcan.

Rumo à Alcoa Corporation

Ainda no Brasil, Belda comprou fábricas em Pindamonhangaba (SP) e em Itapissuma (PE). Depois ficou responsável pela companhia na América Latina. De 1995 a 2001 atuou como vice-presidente, presidente e COO e, por fim, presidente e CEO da Alcoa Corporation.

No início dessa jornada nos Estados Unidos, o executivo optou por mudar a sede da empresa de Pittsburg, na Pensilvânia, para a cidade de Nova York.

“A companhia faturava US$ 13 bilhões e tinha um perfil bem americano. A cidade era muito pequena, eu queria crescer. Em Nova York, estavam os banqueiros, os clientes e os negócios. Mudamos com trinta profissionais, entre eles, brasileiros como Frank Feder”, conta.

Belda também promoveu a diversificação dos investimentos, com a aquisição de indústrias de alumínio na Itália, Espanha, ingresso no Leste Europeu e construção de fábricas na China e na Islândia. Além disso, adquiriu a Reynolds que tinha operações pelo mundo e integrou conselho da Alcoa global com representantes de vários países.

“Quando saí da Alcoa, em 2010, a empresa já faturava US$ 35 bilhões. As normas da empresa são que obrigatoriamente a diretoria se aposenta aos 65 anos. Atingi esse limite e fiquei no conselho por mais um ano”, explica.

Alcoa Foundation

Belda também modificou a forma de distribuição do dinheiro da Alcoa Foundation, entidade que investe em ações para as comunidades do entorno das operações da companhia.

“Antes era focada em Pittsburg. Mudei a regra. A distribuição passou a ser feita de acordo com o peso da folha de pagamento de determinada operação fora daquele país. Depois, além desse investimento, passamos a destinar 1% do lucro para aplicações desse tipo.”

O que mais marcou em sua trajetória foi a atitude da Alcoa com as comunidades.

“Em relação à proteção ambiental, nunca fizemos nada que não tivesse um parâmetro mundial. Sempre optamos por seguir as melhores normas globais nos nossos investimentos industriais, na proteção ao meio ambiente, na proteção das pessoas e nas relações com os governos. A saúde sempre esteve em primeiro lugar. Nenhum empregado voltou para casa com algum problema. Pelo contrário, o seu risco era maior em casa do que na Alcoa.”

Depois da aposentadoria

Ao encerrar a carreira na indústria do alumínio, o executivo retornou ao Brasil para montar um private equity, a Warburg Pincus, onde atuou por nove anos e continua como conselheiro.

Casado pela segunda vez, Belda tem duas filhas, uma afilhada e oito netos, e reside na cidade de São Paulo.

Como piloto de helicóptero, sempre gostou de voar e, entre os hobbies, está o tênis. Sua vida também é dedicada à Fundação Taiama e a investimentos em ações ambientais e sociais no Pantanal (MS) e em Paraty (RJ).

Fotos: Divulgação Alcoa e arquivo pessoal

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