Com apenas 7 mil habitantes, Porto Trombetas é um distrito do município de Oriximiná, no Oeste do Pará, cercado pela natureza exuberante da Floresta Nacional de Saracá-Taquera, área protegida de uso sustentável, e pelo rio Trombetas.
De difícil acesso, é possível chegar à região principalmente via aérea ou fluvial, pois não há ligação rodoviária com a cidade de origem, que fica a 70 km de distância — apenas com o município de Terra Santa.
A construção da Mineração Rio do Norte (MRN) teve início em 1967 e, no mesmo ano, foi descoberta a jazida de bauxita no platô Saracá na região. Em 1969, iniciaram-se as operações na mina com um projeto estruturado para 1 milhão de t. Em 1971, com a adesão de novos acionistas, ampliou-se o empreendimento para a produção de 3,3 milhões de t.
Segundo Jéssica Naime, gerente-geral de Relações Comunitárias da MRN, a unidade de Porto Trombetas, construída para abrigar os trabalhadores da mineração, é considerada a segunda maior aglomeração urbana de Oriximiná.
O primeiro embarque do minério, a partir da vila, foi realizado em agosto de 1979. Hoje, o volume de produção da MRN é de 12 milhões de t por ano.
“A instalação da companhia deu início à cadeia produtiva do alumínio na região com a extração e beneficiamento da bauxita (processo de lavagem do minério com jatos de água pressurizada), que é uma rocha avermelhada, matéria-prima do alumínio”, explica Jéssica.
Desde então, a MRN abastece os mercados nacional e internacional com a produção da bauxita por meio de mineração sustentável e com respeito ao meio ambiente.
Atualmente, o distrito (a vila foi elevada em 1999) conta com um aeroporto administrado pela companhia, o qual funciona regularmente com voos fretados e comerciais semanais. No transporte fluvial, barcos e lanchas operam comercialmente com destino a Santarém, Óbidos e centro de Oriximiná.
Comunidade
A população de Porto Trombetas é formada principalmente por empregados diretos da MRN, somando mais de cinco mil pessoas, sendo 82% do Pará.
Segundo a companhia, a estrutura de habitação conta com saneamento básico, iluminação e hospital equipado com 22 leitos, atendimento de urgência e emergência 24 horas com diversas especialidades e realização de exames.
A MRN mantém uma escola de Educação Infantil, Fundamental e Médio atendendo tanto os filhos dos empregados, como os das empresas e instituições que prestam serviços em Porto Trombetas, além de crianças e jovens dos territórios de Boa Vista e de Alto Trombetas II. Há ainda comércio, serviços, agências bancárias, restaurantes e demais infraestruturas.
Para garantir o esporte, lazer, cultura e qualidade de vida, há o Mineração Esporte Clube (MEC) e o Igarapé das Pedras – espaço com piscina natural, quadra de vôlei, campo de futebol de areia, restaurante e toda a estrutura necessária ao turismo, eventos culturais e torneios esportivos.
Para acomodar empregados próprios e de empresas contratadas, a MRN oferece 900 casas aos que vão morar em Porto Trombetas, além de alojamentos com capacidade para 3.500 pessoas com quartos individuais e coletivos.
Impactos diretos e indiretos
A gerente de Relações Comunitárias da MRN conta que a instalação da empresa contribuiu para o desenvolvimento da região com impactos positivos atrelados principalmente às questões de desenvolvimento socioeconômico, como a geração de empregos e, consequentemente, a movimentação da economia.
De acordo com a executiva, a companhia tem relação presente e de escuta ativa com as comunidades vizinhas, tudo pautada pelo respeito à natureza e à cultura local, fortalecendo as parcerias.
“O relacionamento entre a MRN e a prefeitura de Oriximiná é amistoso. Desde sua fundação até hoje, o diálogo sempre existiu para que a responsabilidade socioambiental no município fosse cumprida pela empresa, por meio de investimentos de fomento à cultura local, projetos voltados à sustentabilidade do povo ribeirinho e preocupação com os impactos ambientais na região”, conta Francivaldo Florenzano, assessor de Comunicação da prefeitura de Oriximiná.
A chegada da empresa trouxe oportunidades aos munícipes e principalmente investimentos na capacitação dos jovens ribeirinhos por meio da educação.
A companhia também dialoga com órgãos competentes incentivando, principalmente, a sustentabilidade devido às parcerias com instituições de ensino.
Ações socioambientais
Em 2021, foram investidos mais de R$ 23 milhões em 63 iniciativas socioambientais, apoios e patrocínios junto às comunidades.
Os projetos atrelados às condicionantes ambientais integram o Programa de Educação Socioambiental (PES) que se desdobra em 11 iniciativas baseadas nos pilares de atuação da MRN junto às comunidades: geração de renda, saúde e segurança, educação, cultura e meio ambiente. Além de apoio à meliponicultura, Sistemas Agroflorestais (SAFs), piscicultura e educação ambiental e patrimonial.
A MRN possui iniciativas de investimento social e voluntário que incluem o incentivo à cultura e a festividades culturais, por meio do Fundo da Infância e do Adolescente, da Lei de Incentivo ao Esporte e da Lei Rouanet.
A companhia ainda apoia as associações quilombolas com recursos para o crescimento e maior abrangência e representatividade, além de investir R$ 3 milhões por ano em programas de educação, como o de Apoio ao Ensino Básico (Paeb) e de Apoio ao Ensino Superior (Paes), beneficiando as comunidades do território de Boa Vista e de Alto Trombetas II.
Perspectivas
O Projeto Novas Minas (PNM) – que segue com as etapas de licenciamento junto aos órgãos competentes – será decisivo para que a MRN siga operando e contribuindo com o desenvolvimento econômico e socioambiental na região.
A iniciativa permitirá que a empresa amplie sua vida útil em 15 anos, de 2026 até 2042, a partir da operação de cinco novos platôs: Rebolado, Escalante, Jamari, Barone e Cruz Alta Leste.
No campo da inovação, a empresa investirá no uso do método de disposição de rejeito seco em cava, um processo mais sustentável para a disposição do rejeito que, depois de seco, voltará para o local de onde foi minerado.
Esse método resultará em inúmeros benefícios, entre eles, a agilidade da restauração florestal das áreas já mineradas, redução da necessidade de supressão vegetal e reutilização dos reservatórios para secagem do rejeito, sem a construção de novos.
Fotos: Tarso Sarraf