A paraense Paragominas, que conta com terras ricas em bauxita, foi fundada oficialmente em 1965 e nasceu da vontade do topógrafo e comerciante Célio Rezende Miranda de erguer uma cidade planejada no Brasil.
No final dos anos 1950, após algumas tentativas em regiões próximas de Brasília (DF) e Goiânia (GO), o visionário partiu para a região da Amazônia com uma caravana, motivado com o início das obras da Rodovia Belém-Brasília.
A pedra fundamental foi lançada em 1961, de maneira simbólica, e logo em seguida Miranda foi ao encontro do então presidente Juscelino Kubitschek pedir autorização para iniciar o seu sonho no estado do Pará.
Além de receber a concessão da terra, o topógrafo foi presenteado com uma planta elaborada pelo famoso arquiteto e urbanista Lúcio Costa, o mesmo que participou do projeto de construção de Brasília.
O nome Paragominas foi criado em referência a três estados brasileiros: Pará, onde está situada a cidade; Goiás, por conta dos integrantes da caravana que rumou com Miranda para a região amazônica; e Minas Gerais, estado de origem do idealizador e dos primeiros investidores da região.
Bem estruturada, como desejou o seu fundador, Paragominas conta hoje com 115 mil habitantes e é considerada um dos maiores celeiros agropecuários e de mineração da Região Norte, conforme informou à nossa reportagem a prefeitura municipal do município.
Ao longo das duas últimas décadas, Paragominas vem se destacando como uma das cidades amazônicas modelo de desenvolvimento sustentável. Os seus principais pontos turísticos são o Parque Ambiental Adhemar Monteiro, o Lago Verde e o Estádio Arena Verde.
Relação com o setor do alumínio
Em 2002, a Companhia Vale do Rio Doce adquiriu a participação do Grupo Paranapanema na Mineração Vera Cruz, estabelecendo as condições necessárias para iniciar a exploração mineral de bauxita.
“Com a chegada da mineração houve um grande diálogo com o poder público, gerando investimentos em infraestrutura, escolas e hospitais, entre outros. Parte dos royalties da operação foi convertida para o desenvolvimento econômico da cidade”, relata a advogada Maxiely Scaramussa, autora do livro Paragominas – A experiência de se tornar um município verde na Amazônia.
Segundo a autora, ao contrário do que acontece em outros municípios, não houve “inchaço” na cidade relacionado ao número de habitantes com a operação de bauxita, pois, para a sua execução, foi absorvida grande parte da mão de obra local.
“Na época, um programa chamado Mão Amiga, do governo local com o apoio da Vale, catalogava as pessoas que chegavam à cidade, fornecendo até a passagem de volta ao local de origem, quando necessário. A chegada da mineração foi muito bem planejada”, reforça Maxiely.
A multinacional norueguesa Hydro assumiu os negócios em 2007 e completa 15 anos de operação na região. O município é parte importante da estratégia da companhia como fornecedora global de soluções de alumínio inovadoras e sustentáveis.
“Todas as conquistas foram fruto do trabalho de milhares de pessoas e do compromisso de todos com a Mineração Paragominas e região. Nosso objetivo é continuar investindo em excelência operacional e inovação e crescer de forma sustentável junto com a cidade”, reforça Carlos Neves, diretor de Operações da Hydro Bauxita & Alumina.
Segundo a prefeitura municipal, a empresa já iniciou seus negócios com algumas parcerias, tanto com o setor público, como com o setor privado. Desde então, tem investido no desenvolvimento de empresas e colaborou com a construção do Lago Verde e do Parque Ambiental.
Impactos positivos
Em 2021, a Hydro Paragominas produziu 10,9 milhões de t de bauxita, o que representa um crescimento de 26% em relação a 2020. A empresa tem 1.547 empregados diretos, sendo 81 pessoas com deficiência (PCD), além de 70 jovens aprendizes, 11 estagiários e 815 terceirizados.
Desde 2017, a Hydro trabalha com o Programa de Desenvolvimento de Fornecedores, iniciativa que passou por reestruturação e integrou-se à qualificação corporativa para as empresas parceiras.
O objetivo é estimular os fornecedores locais por meio de capacitações técnicas, práticas e avaliações aplicadas, gerando melhorias no seu desempenho e fomento de novas oportunidades de negócios em grandes projetos instalados no Pará.
Para 2022, a programação inclui o acompanhamento dos participantes, avaliações baseadas nas disciplinas, execução dos planos de ação propostos a partir das aulas, promoção e atualizações das auditorias e rodadas de negócios. As empresas que atendem os critérios de avaliação do programa recebem certificado.
Ações sociais e ambientais
Fruto da parceria da empresa com a Secretaria de Educação de Paragominas, o programa Território do Saber visa à melhoria da qualidade do ensino da rede municipal, com atenção especial à diminuição das taxas de analfabetismo entre jovens e adultos.
Já o Viver Cidadania, realizado junto com a Secretaria de Assistência Social de Paragominas, promove a capacitação das equipes gestoras e dos técnicos da secretaria, para implementação de metodologias de atendimento das famílias e indivíduos em situações de vulnerabilidade e risco social.
Outra ação da companhia é a Coletivo Florestar, que tem como meta criar e fomentar uma rede de agricultura familiar nos municípios paraenses de Tomé-Açu e Acará, disseminando conceitos de agroecologia no território, com foco no fortalecimento desse ecossistema e na geração de renda de agricultores familiares.
Já o Embarca Amazônia é o programa executado entre a Hydro Paragominas, Alunorte e Albras para a formação de jovens empreendedores socioambientais, facilitando a contribuição para o desenvolvimento sustentável da Amazônia, com imersão nas dimensões social, econômica, ambiental, institucional e étnico-cultural, a partir das cadeias produtivas da floresta, biodiversidade, agricultura sustentável e economia criativa.
Práticas sustentáveis
A Hydro Paragominas também está comprometida em aplicar as melhores práticas ambientais e investe continuamente na reabilitação de áreas mineradas.
A companhia integra o Consórcio de Pesquisa em Biodiversidade Brasil-Noruega (BRC), que reúne pesquisadores das universidades federais do Pará (UFPA) e Rural da Amazônia (UFRA), Museu Emílio Goeldi e Universidade de Oslo (UIO).
O objetivo é investir na pesquisa para o fortalecimento das estratégias de conservação da fauna e flora amazônicas, além da geração de informações que subsidiem a melhoria dos processos de recuperação florestal das áreas mineradas de bauxita.
O BRC já conta com 26 projetos aprovados e em andamento, engajando cerca de 220 pesquisadores de diferentes níveis acadêmicos e especialistas de diferentes grupos biológicos.
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