Em tempos de fake news, aquelas notícias falsas que viralizam e podem prejudicar pessoas e empresas, o portal Revista Alumínio lança a série “Mitos e Verdades”. O objetivo é esclarecer os leitores sobre informações infundadas e sem embasamento científico que são constantemente divulgadas sobre o metal.
Nesta primeira edição, abordamos a possível relação entre o uso de antitranspirantes, produtos que contêm sais de alumínio e seus derivados na formulação, com possíveis ocorrências de câncer de mama.
Para isso, convidamos para uma conversa Taciana Dal`Forno Dini, médica dermatologista e coordenadora de Cosmiatria da Residência de Dermatologia da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUC-RS). Confira a entrevista abaixo:
Como agem os antitranspirantes no corpo humano? Eles podem causar câncer de mama?
Taciana – Os antitranspirantes têm ação local na superfície da pele e atingem as glândulas sudoríparas e não os tecidos mamários. Devemos salientar que o câncer de mama é originário do tecido mamário e não da pele, o que não permite relacionar cientificamente o uso desses produtos ao surgimento da doença.
O que dizem as pesquisas sobre os efeitos desses produtos?
Taciana – Segundo o Breast Cancer Resource Center, da American Cancer Society, antitranspirantes não aumentam o risco de câncer. As substâncias normalmente encontradas nesses produtos não apresentaram, em pesquisas, qualquer relação com a doença. Eles são testados rigorosamente antes de liberados para o consumo, e parece não haver embasamento científico para essa preocupação.
Há algum estudo realizado no Brasil sobre esse tema?
Taciana – No Rio de Janeiro, o Centro de Estudos e Pesquisas da Mulher (Cepem) investigou o assunto junto ao Instituto Nacional de Câncer dos Estados Unidos e à Biblioteca Nacional de Medicina americana. Os médicos do Cepem também afastaram a hipótese de os antitranspirantes serem responsáveis pelo aparecimento de câncer de mama.
Existe alguma restrição para o uso diário desses produtos?
Taciana – Não. A utilização de antitranspirantes não provoca nenhuma doença e pode, no máximo, causar uma leve irritação na pele, ou ainda, em casos isolados, provocar eczemas em pessoas alérgicas a algum componente específico da formulação. Deve-se utilizá-los conforme a frequência de aplicação sugerida no rótulo.
Como os antitranspirantes são classificados na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa)?
Taciana – São classificados como produtos de higiene pessoal, cosméticos e perfumes de grau 2. De acordo com a Anvisa, itens dessa categoria possuem indicações específicas, cujas características exigem comprovação de segurança e/ou eficácia, bem como informações e cuidados sobre o modo de uso.
