Hora da oportunidade

Hartenstein acredita que investir é vital. O pensamento mostrou resultado quando colocado em prática: a empresa dobrou de tamanho em um período de três anos
Hartenstein acredita que investir é vital. O pensamento mostrou resultado quando colocado em prática: a empresa dobrou de tamanho em um período de três anos

Ouvir o nome Brinox associado a panelas de alumínio, pode soar como algo fora do lugar – mas está mais do que certo. Desde a aquisição da empresa, de Caxias do Sul (RS), pela gestora de fundos argentina Southern Cross, em 2011, a fabricante de utilidades domésticas dobrou de tamanho e vem apresentando um crescimento exponencial com a entrada em novos segmentos: a aquisição da Coza e o investimento em uma fábrica de panelas de alumínio – inaugurada no segundo semestre de 2014. Antes, as panelas eram de fornecedores chineses, mas, com a nova planta, a importação cairá para 15% nos próximos dois anos. “Nossa expectativa é elevar a produção de 400 mil peças por mês para 700 mil ainda em 2015”, planeja Christian Hartenstein, diretor-presidente do Grupo Brinox, que atualmente contabiliza 6 mil pontos de venda. Ele aponta que com a nacionalização é possível ter mais controle de qualidade, agilidade de entrega e reação à concorrência. “Temos concorrentes muito fortes, então não podemos parar”, atesta. Com foco em inovação, a empresa tem um olhar diferenciado frente à crise econômica e acredita que o alumínio tem grande potencial de crescimento tanto nos negócios da empresa como no mercado de UD: “O alumínio é uma grande oportunidade”, frisa Hartenstein. Confira.

QUAL TEM SIDO A APLICAÇÃO DOS INVESTIMENTOS DO GRUPO?

Nesses três anos investimos aproximadamente 100 milhões de reais divididos em diferentes áreas: inovação, automação fabril produtiva, melhoramento de processos produtivos. Grande parte desse investimento é para ganhos de produtividade. Na fábrica, a produtividade aumentou 18%.

O QUE LEVOU A APOSTA NO MERCADO DO ALUMÍNIO?

Foi nosso contato com o mercado e entender a mudança dos hábitos do consumidor. O que está acontecendo é que as pessoas estão usando cada vez mais panelas de alumínio do que inox. Isso tem explicações socioculturais. Hoje em dia o alumínio revestido tem vantagens de praticidade que são relevantes no dia a dia da família típica. E acreditamos que o alumínio ainda tem muito para crescer.

COMO FOI O PROCESSO DE ABERTURA DA PLANTA DE ALUMÍNIO?

Decidimos investir do zero: enviamos uma equipe inteira à Europa, para trabalhar mais de dois meses, procurando alternativas em última tecnologia. Em outubro de 2014, inauguramos a unidade e hoje produzimos nossas linhas de alumínio com 1,6 mm e 1,8 mm de espessura e já estamos em pleno processo de expansão. O alumínio é um segmento que vem crescendo muito rápido no nosso grupo, e também no Brasil inteiro. Na indústria de UD é um dos que mais crescem.

O QUE MUDOU NESSA PERCEPÇÃO DO ALUMÍNIO?

Hoje temos conjuntos de alumínio que custam bem mais do que os de inox. Podemos ver uma segmentação do negócio de panelas de alumínio: modelos sem revestimento, de alumínio polido, de 0,9 mm ou 1 mm, realmente muito finas. Até panelas que são como a nossa linha mais vendida, que é 4,5 mm com revestimento cerâmico suíço. O custo-benefício é um fator, assim como a praticidade do uso e o ciclo de vida dos produtos, ninguém compra uma panela para 30 anos.

COMO É A TECNOLOGIA DE REVESTIMENTO DAS PANELAS DE ALUMÍNIO?

Usamos nosso próprio revestimento e estamos trabalhando para que haja uma regulamentação de parâmetros. Para que o consumidor saiba que tipo de qualidade de revestimento ele está levando na hora da compra e possa entender os diferenciais de preço em função também do tipo de resistência que tem seu antiaderente. É um trabalho que estamos levando com a indústria e o Inmetro.

“O alumínio vem crescendo muito rápido no nosso grupo e também no Brasil. Na indústria de UD é um dos segmentos que mais crescem”

O ALUMÍNIO SE POSICIONA DE QUE MANEIRA NOS NEGÓCIOS DO GRUPO?

É muito relevante, praticamente depois de termos lançado a linha de alumínio, ela representa mais de 15% do negócio e é um dos segmentos que mais cresce dentro do grupo. Acreditamos que o alumínio está dando seus primeiros passos na Brinox, temos concorrentes de 20, 25 anos de indústria. Estamos na nossa curva de aprendizado, mas os resultados são promissores e nos encorajam a aumentar os investimentos. E temos planos de expansão na planta.

QUAL O DESEMPENHO DO NICHO ALUMÍNIO NO GRUOI?

Nosso crescimento é de mais de 100%. Claro que nossa base é pequena, mas de qualquer forma é muito expressivo e acreditamos que o alumínio vai ser 25% do nosso negócio. Em 2014 chegou a ser 15% e no primeiro trimestre nossos números cresceram muito. Ainda temos muitas categorias em que não participamos ou participamos de maneira tímida, como toda a linha de panelas de pressão, e também temos projetos de expansão de linhas de estampagem para aumentar a capacidade de fazer nossos conjuntos.

A BRINOX CONTINUA A INVESTIR MESMO COM O MERCADO RETRAÍDO. POR QUÊ?

É um momento em que o investimento pode fazer a diferença. Ainda existem milhões de brasileiros que todo mês compram panelas e queremos crescer. Temos concorrentes muito fortes e que também investem em inovação e tecnologia, então não podemos parar. Quem parar nesse momento, vai sentir muito mais do que no momento de bonança econômica.

E O ALUMÍNIO COMO SE ENQUADRA NESSE MOMENTO?

O alumínio é uma grande oportunidade! Nós entramos no alumínio com a fábrica no ano passado e depois de mais de um ano, confirmamos que o alumínio vai ser, na nossa visão, uma das grandes categorias dentro do grupo Brinox no futuro. Nosso share é 5% e estamos trabalhando para alcançar de 15% a 20% no mercado de alumínio.

Após passar pelo processo em que o alumínio recebe o revestimento, os discos estão prontos para serem moldados no formato das panelas
Após passar pelo processo em que o alumínio recebe o revestimento, os discos estão prontos para serem moldados no formato das panelas

COMO SE DÁ A GESTÃO DE NOVOS PRODUTOS?

A Brinox duplicou de tamanho nos últimos três anos e mantivemos um ritmo de inovação muito alto: quase um produto novo a cada dois dias. Para isso investimos em um centro de desenvolvimento, que funciona em Caxias, RS. E criamos um departamento chamado Sala das Ideias: lá estão os designers, o pessoal criativo. Um dos motores principais da nossa indústria são as novidades e o ciclo de vida se reduz dia a dia. Então, precisamos gerar novidades constantemente, de maneira estruturada e que permita reduzir o tempo entre a ideia e o produto distribuído.

O GRUPO BRINOX TRABALHA A QUESTÃO DA LOGÍSTICA REVERSA?

A sustentabilidade é um dos pilares do negócio. Toda água pluvial é captada por nossas fábricas e utilizada em nossa produção. Todas as categorias com que atuamos são recicláveis e toda a sucata é reutilizada – temos parceiros para essa logística. E,recentemente, em algumas atividades comerciais, temos promovido a venda de um produto versus a entrega de um usado.

“Acreditamos que o alumínio vai ser 25% do nosso negócio. Em 2014 chegou a ser 15% e no primeiro trimestre os números cresceram muito”

A NACIONALIZAÇÃO APRESENTOU ENTRAVES?

Quando entramos no segmento de panelas de alumínio, trabalhamos muito perto dos fornecedores: desde o desenho da nossa planta, suporte de máquinas, até o desenvolvimento de produtos. Nossa fábrica é muito automatizada e opera com poucas pessoas na linha, o que nos permite não ter um impacto tão alto de custo laboral. Como são máquinas muito modernas, também nosso consumo de energia é relativamente baixo. Agora, o custo-Brasil maior que temos ocorre do portão para fora.

QUAIS AS PERSPECTIVAS SOBRE O MERCADO HOJE?

Temos um olhar um pouco diferente do mercado. O país parou de crescer e a indústria não consegue repassar os aumentos de custo. A boa noticia é que estamos todos no mesmo barco e muito focados nas oportunidades. E para captá-las temos de continuar fazendo o que fizemos nestes últimos anos: não parar de investir. Investimento é esperança em um futuro melhor. E temos plena confiança de que o país voltará a crescer e que o mercado vai retomar o que já teve.

 

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