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Consumo de alumínio ganha destaque no setor elétrico brasileiro

Investimentos em expansão, inovação e sustentabilidade posicionam empresas para atender a demanda diversificada e impulsionar o segmento

O consumo de alumínio no setor elétrico brasileiro experimentou um significativo aumento de 11,5% no primeiro semestre de 2023, conforme revelado por estudo realizado pela Associação Brasileira do Alumínio (ABAL). Esse crescimento destaca a importância do metal em aplicações cruciais, como fios e cabos para a distribuição e transmissão de energia elétrica. Isso não apenas reflete as demandas em constante evolução no setor, mas também se alinha aos debates sobre a urgência em acelerar a transição energética.

Essa necessidade, mantendo a sustentabilidade e a segurança no abastecimento, foi enfatizada, por exemplo, durante as discussões da 6ª Conferência de Pesquisa e Inovação em Transição Energética (Etri), realizada no início de novembro na Universidade de São Paulo (USP).

O aumento do consumo de alumínio no setor elétrico está inserido nesse contexto, destacando-se como uma estratégia assertiva para enfrentar os desafios dessa transição. Com a crescente pressão para alcançar metas de emissão zero de carbono, a indústria elétrica brasileira parece adotar o alumínio como uma solução viável e sustentável. Esse movimento não apenas demonstra a busca de inovações, mas também representa uma resposta às demandas de um futuro energético mais limpo e eficiente.

O alumínio 

Por suas características físicas e químicas, que apresentam mais leveza, resistência mecânica e boa condutividade elétrica, o alumínio desempenha um papel fundamental na fabricação de fios e cabos elétricos destinados à condução de energia elétrica, sendo considerado uma escolha superior no mercado.

Maurício Machado, diretor-comercial de Cabos da Alubar, uma das maiores fabricantes de cabos elétricos, vergalhões e ligas de alumínio da América Latina, corrobora essa afirmação ao destacar que, em virtude dessas características, o metal já é empregado em escala global para essa finalidade.

“O metal possui boa capacidade de condução elétrica e resistência mecânica, quando utilizado em liga de alumínio. Mesmo que os cabos sejam maiores em volume, eles são mais leves, o que diminui a robustez das torres de transmissão, e, além disso, têm preço menor que os de cobre”, diz Machado.

Sobre o preço, inclusive, Felipe Guerini, gerente-comercial da Termomecanica, empresa do setor de transformação de metais não ferrosos, cobre e suas ligas, reforça que o alumínio se destaca como uma opção vantajosa em comparação com o cobre. Além dessa considerável economia financeira, o alumínio apresenta uma leveza significativa, pesando um terço do cobre, enquanto mantém condutividade de 61%. Essa relação condutividade/peso é crucial no dimensionamento de linhas, resultando em menor número de torres de transmissão e maior espaçamento entre elas.

Guerini explica que, apesar de o cobre apresentar condutividade superior (100%), a utilização do alumínio permite a adoção de uma seção condutora maior, transmitindo a mesma quantidade de energia que um condutor de cobre equivalente, mas com, aproximadamente, metade do peso.

Outro ponto atrativo do alumínio em projetos de linhas de transmissão é sua característica de ser infinitamente reciclável, desempenhando um papel crucial na atual tendência de preservação ambiental ao evitar a necessidade de extração adicional de minério. Graças ainda à sua leveza quando utilizado nas estruturas, o alumínio impõe uma carga menor aos veículos de transporte, resultando em consumo reduzido de combustível. Sem contar que, ao passar pelo processo de reciclagem, o metal consome dezenove vezes menos energia do que seria requerido para obtê-lo a partir da matéria-prima virgem.

Demanda do setor 

Foto: Divulgação Alubar

Segundo Machado, da Alubar, a empresa tem acompanhado com entusiasmo o aumento no consumo de alumínio no setor elétrico. No entanto, um desafio se apresenta, diz ele.

“Vivemos em 2023 um período de retomada dos investimentos no sistema elétrico nacional, além de um crescimento da produção de energia a partir de fontes renováveis, como a eólica e a solar. Contudo, a maioria desses projetos de geração está no Nordeste do País, enquanto a maior demanda está no Sudeste brasileiro”, aponta Machado.

Esse descompasso na geografia energética destaca a necessidade urgente de linhas de transmissão eficientes, capazes de transportar a energia gerada nos pontos distantes para os centros de consumo. O diretor-comercial de Cabos da Alubar ressalta que esse cenário dinâmico impulsiona toda a cadeia de fornecedores, destacando a importância dos cabos elétricos de alumínio para os mercados de transmissão e distribuição de energia.

Guerini prevê um aumento significativo a partir do segundo trimestre de 2024, impulsionado pelos leilões de novos sistemas de energia.

“Observaremos um expressivo aumento na demanda de alumínio nos sistemas de energia, marcando o início de um ciclo duradouro e mais exigente do que o presente. Essa evolução é fundamental para integrar ao sistema a energia adicional proveniente de parques eólicos e fazendas solares. A falta desse ajuste poderia ocasionar uma capacidade de geração superior à nossa capacidade de transmitir e distribuir essa energia”, alerta.

Fornecimento

A Alubar desempenha um papel essencial no fornecimento de cabos para projetos de transmissão de energia elétrica no mercado brasileiro, demonstrando disponibilidade e disposição para atender a crescente demanda gerada pelos leilões de transmissão, redes de distribuição e iniciativas de energia renovável.

Em relação aos volumes de fornecimento, a Alubar enfrentou um declínio em 2022, devido à redução do volume de linhas de transmissão leiloadas de 2019 a 2021. No entanto, desde 2022, a empresa experimentou uma retomada vigorosa dos leilões de transmissão, fechando contratos de fornecimento para a grande maioria dos lotes oferecidos.

Os investimentos na expansão da capacidade produtiva da Alubar têm sido implementados desde 2018. Nesse ano, a empresa aumentou em 60% a capacidade produtiva da unidade de Barcarena, no Pará. No ano subsequente, consolidou a aquisição de uma nova planta de cabos elétricos em Montenegro, no Rio Grande do Sul. Ao longo do último ano, a capacidade produtiva de cabos de distribuição também foi ampliada em 150%, por meio da introdução de novos equipamentos e contratação de operadores.

“Hoje, a Alubar pode garantir que cabos elétricos de alumínio não irão faltar no Brasil. Se a companhia não tivesse feito esses investimentos nos últimos anos, o mercado nacional ficaria desabastecido e buscaria importação, o que seria negativo para o País. Produzindo e comercializando os cabos localmente, contribuímos para gerar mais emprego, renda e arrecadação de impostos nos locais onde estamos instalados”, orgulha-se Machado.

A Termomecanica também tem atendido a contento a crescente demanda do mercado de energia, não apenas em termos quantitativos, mas também na diversificação de aplicações. E está com planos de investimento para expandir a sua capacidade de produção de vergalhões de alumínio.

Foto: Divulgação Termomecanica

Os olhares das empresas agora estão voltados para os leilões agendados para os próximos meses: em dezembro de 2023, março de 2024 e setembro de 2024, agenda que demonstra o interesse e o compromisso em contribuir para o avanço do setor energético no País.

Sustentável e inovadora

Dentro do portfólio da Alubar, um produto de destaque é o condutor elétrico de alumínio liga 1120. Por serem mais leves e possuírem maior condutividade elétrica na comparação com cabos que utilizam alma de aço, os condutores liga 1120 permitem que as estruturas de torres para linhas de transmissão sejam menos robustas, diminuindo o custo global de uma obra do tipo.

“Fomos os pioneiros no fornecimento dessa liga no Brasil. Em 2023 ela completa dez anos de comercialização pela empresa e quase 400 mil t fornecidas. Hoje em dia, quase todos os projetos de linhas de transmissão no País trabalham com cabos de alumínio liga 1120”, explica Maurício Machado.

A Alubar destaca-se também como uma das pioneiras na fabricação de cabos elétricos que incorporam polímeros provenientes de fontes renováveis. Os condutores elétricos Alubar AlGreen desempenham um papel fundamental na diminuição das emissões de CO2, utilizando alumínio verde, polímeros à base de cana-de-açúcar e carretéis ecologicamente corretos.

De acordo com Machado, a empresa mantém ainda seu espírito inovador, ajustando-se às demandas dos clientes do setor elétrico e consolidando sua liderança no fornecimento de condutores. Em 2019, por exemplo, introduziram no mercado o cabo ACFR Alubar, incorporando alma de fibra de carbono e fios de alumínio, possibilitando uma transmissão mais eficiente de energia elétrica com o mesmo diâmetro dos condutores CAA.

“Na prática, o ACFR oferece a capacidade de aumentar em até 80% a condução elétrica nas linhas de transmissão existentes, sem a necessidade de construir novas torres. Essa característica faz dele uma escolha ideal para linhas que atendem grandes centros urbanos, evitando custos adicionais e licenciamentos ambientais associados à construção de novas estruturas. Somos os pioneiros na produção comercial em larga escala do cabo ACFR em território nacional, detendo a exclusividade no Brasil para utilizar a fibra de carbono fornecida pela empresa japonesa Tokyo Rope, garantindo leveza e baixa flecha no cabo, uma solução eficaz também para longas travessias”, esclarece Machado.

Crédito da imagem de abertura:  Fabrício Correa /Alubar

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