CBN_Amazonia_materia

CBN Amazônia entrevista presidente-executiva da ABAL

Janaina Donas fala sobre os dois anos à frente da associação, destacando os investimentos, a relevância do Pará na produção de alumínio e a perspectiva para a COP28 e COP30

No último dia 30 de novembro, Janaina Donas, presidente-executiva da Associação Brasileira do Alumínio (ABAL), concedeu entrevista à CBN Amazônia e abordou os desafios e as realizações dos dois anos em que lidera a instituição, estabelecendo um marco histórico como a primeira mulher a assumir tal posição.

Ao ser questionada sobre seus sentimentos em relação a essa experiência, Janaina expressou inicialmente a honra de estar à frente de uma associação que considera sua verdadeira casa. Apesar de ter assumido a presidência há apenas dois anos, sua trajetória na indústria do alumínio remonta a um período anterior.

“Antes de assumir o cargo na ABAL eu estive no exterior, contribuindo para o mercado de ouro. Mas, anteriormente, tive a chance de atuar por sete anos na indústria do alumínio aqui no Brasil. Minha experiência foi na Alcoa, o que me proporcionou certa familiaridade com o setor. Por isso me sinto em casa, pois os associados já me conheciam. Costumamos brincar que podemos sair do mundo do alumínio, mas esse mundo nunca sai de nós, e, por isso, acabamos retornando a ele”, afirmou.

Investimentos na indústria

Durante a entrevista Janaina revelou que até 2025 estão previstos investimentos da ordem de R$ 30 bilhões no setor. Esses recursos serão direcionados para diversas iniciativas, as quais incluem aumento das reservas de bauxita, expansão da produção, capacidade de reciclagem e retomada da produção de alumínio primário. Também já estão sendo feitos investimentos em novas tecnologias de gestão de resíduos e inovação tecnológica para o desenvolvimento de novos produtos.

Destacando a importância do Pará na produção de alumínio, a presidente informou que o Estado desempenha um papel fundamental nessa cadeia no Brasil, pois mais de 88% da produção de bauxita, principal insumo utilizado na cadeia do alumínio, provém do Pará.

“É relevante ressaltar que grande parte desse produto é destinada à transformação, contribuindo para uma cadeia verticalizada no País. Ao analisarmos as etapas subsequentes na cadeia produtiva, como a refinaria e a produção de alumina, que agregam maior valor, percebemos que o Pará mantém uma posição estratégica significativa nesse contexto. Portanto, estamos falando de uma produção que ultrapassa os 50% tanto em alumina como em alumínio primário”, frisou.

Atuação da ABAL no Pará 

No que diz respeito às atividades desenvolvidas pela ABAL no Pará, a presidente destacou três pilares estratégicos, sendo o primeiro a função de ser uma fonte confiável de informações mercadológicas e técnicas sobre produção, fundamentais para decisões empresariais e contribuições às políticas públicas. O segundo pilar enfoca a promoção do setor e das melhores práticas. O terceiro, por sua vez, concentra-se no fortalecimento da cadeia produtiva do alumínio no Brasil, aproveitando nossas vantagens competitivas, como a abundância de ativos estratégicos, a verticalização da cadeia e a ênfase na descarbonização.

De acordo com Janaina, o Brasil possui uma série de vantagens competitivas na indústria do alumínio que precisam ser mais bem aproveitadas a fim de explorarmos plenamente todo o nosso potencial. Para se ter uma ideia, o Brasil tem a 4ª maior reserva de bauxita do mundo, sendo que parte significativa dessa reserva está no Pará. Além disso, o País é o 3º maior produtor de alumina do mundo e já ocupou a 6ª posição no ranking global de alumínio primário. E, apesar de desafios recentes que reduziram a capacidade do Brasil no ranking global, há a expectativa de recuperar posições até o final deste ano.

A presidente da ABAL reforçou ainda a verticalização da cadeia produtiva do alumínio no Brasil como uma vantagem competitiva significativa, pois nem todos os países possuem uma cadeia verticalizada como a nossa, conferindo resiliência em períodos de crise global, como pandemias e conflitos geopolíticos. A habilidade de manter investimentos mesmo diante de desafios fortalece a posição do Brasil como um player robusto na indústria do alumínio.

“O terceiro elemento, que eu diria que é nossa cereja do bolo, é a descarbonização, pois o alumínio brasileiro é verde desde a origem. Nós fizemos um estudo no ano passado para entender como estávamos posicionados dentro dessa cadeia global, considerando a intensidade carbônica do alumínio, e descobrimos que a intensidade carbônica do Brasil chega a ser 3,3 vezes menor que a média global. Então, o nosso alumínio certamente é um grande aliado para segmentos industriais que precisam cumprir metas de descarbonização e para o País como uma vantagem competitiva”, pontua Janaina.

No Pará, há ainda perspectivas de novas operações de mineração, impulsionadas pelas vastas reservas de minérios de alta qualidade. Um exemplo citado pela executiva é o Novas Minas da MRN, projeto atualmente em fase de licenciamento que representa a expansão de uma operação já estabelecida.

“Obviamente que temos desafios associados à execução desses projetos, os quais envolvem a parte de licenciamento não só ambiental, mas também social na qual a aceitação da comunidade passa a ser muito importante. Mas temos casos de sucesso que comprovam que é possível associar desenvolvimento econômico, atividades extrativas com responsabilidade social e ambiental, pois temos, inclusive, projetos relacionados à reabilitação das áreas mineradas, aproveitando o que há de melhor na nossa biodiversidade e em trabalhos em cooperação com as comunidades locais”, exemplificou.

COP28

A 28ª Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas (COP28), realizada em Dubai de 30 de novembro até 12 de dezembro, também foi tema da entrevista à CBN. A ABAL está presente, participando pelo 3º ano consecutivo. Durante o evento, a entidade terá um painel dedicado à indústria do alumínio, destacando três casos de sucesso relacionados à circularidade, incluindo um projeto da associada Hydro no Pará, focado em tecnologia para a gestão e recuperação de áreas mineradas, além do gerenciamento de resíduos da mineração e refinaria.

LEIA MAIS: COP28: PAINEL SOBRE O PAPEL DO ALUMÍNIO NA DESCARBONIZAÇÃO É DESTAQUE NO EVENTO

Antecipando a COP30, que ocorrerá no Pará em 2025, Janaina expressa otimismo em relação à realização do evento no Brasil.

“Todos os olhos do mundo estarão voltados para o Brasil e vai ser a oportunidade que nós teremos de mostrar que, sim, é possível conciliar desenvolvimento econômico e crescimento com responsabilidade social e ambiental”, afirmou.

O foco, em sua opinião, vai além da simples redução de emissões, explorando alternativas como a circularidade de produtos, destacando o alumínio como infinitamente reciclável. O Brasil, líder em reciclagem de alumínio, atingiu o índice de 60% em 2022, em contraste com a média global de 28%. Essa prática eficaz de reciclagem surge como uma via crucial para avançar em direção à descarbonização.

Finalizando a entrevista, Janaína ressaltou iniciativas de uso eficiente de recursos para diminuir a pegada ambiental, reforçando a capacidade do Brasil em integrar o desenvolvimento econômico com benefícios para as comunidades locais, promovendo geração de valor econômico compartilhado, social e ambiental.

Foto: Divulgação ABAL

Veja também:

Empresa italiana lança iates de alumínio

O estaleiro italiano Rossinavi apresentou ao mercado sua mais recente investida na inovação náutica com o lançamento da marca Nolimits. Essa nova linha de embarcações de alumínio representa um avanço audacioso no design de iates, com cinco embarcações de alumínio projetadas especificamente para viagens transoceânicas. Os iates Nolimits variam de 30 a 45 m de

Empresa americana lança trailer de alumínio

A americana Polydrops apresentou ao mercado seu mais recente lançamento. Trata-se do trailer P19 Shorty, que traz como destaque a utilização do alumínio em sua construção. O alumínio empregado no novo trailer não só proporciona aos compradores um veículo mais resistente, mas também contribui para um isolamento eficaz, mantendo o interior do veículo a uma

Novo SUV da Polestar tem alumínio com baixo teor de carbono

A fabricante de carros elétricos Polestar apresentou ao mercado seu novo SUV de performance, o Polestar 3. O veículo traz uma significativa redução das emissões de gases de efeito estufa (GEE) e a implementação de práticas sustentáveis com uso do alumínio. Um relatório de Avaliação do Ciclo de Vida (LCA) do automóvel revelou que a

Rolar para cima
Rolar para cima