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CBA investe R$ 115 milhões na reciclagem de alumínio na Metalex e abre novas possibilidades para um futuro mais sustentável

Investimento envolve linha de tratamento de sucata na Metalex e finalização do centro de reciclagem para ampliar a produção de alumínio de baixo carbono

A Companhia Brasileira de Alumínio (CBA) anunciou para a imprensa, no dia 4 de outubro, um investimento de R$ 115 milhões na área de reciclagem que promete revolucionar a indústria do alumínio e reforçar seu compromisso com a sustentabilidade.

A empresa está expandindo sua presença no setor de reciclagem, com a inauguração de uma nova linha de processamento de sucata em suas instalações na Metalex, instalada em Araçariguama (SP). Além disso, está finalizando a construção do seu primeiro centro de reciclagem próprio.

Em visita à Metalex, a repórter do portal Revista Alumínio, Juliana Klein, teve a oportunidade de conhecer as novidades de perto e conversar com Alexandre Vianna, diretor de Negócios Primários da CBA, e Leandro Faria, gerente-geral de Sustentabilidade da CBA. Eles compartilharam informações sobre os recentes investimentos da empresa e esclareceram como a reciclagem desempenha papel fundamental na estratégia de negócios e na abordagem ESG (sigla em inglês para Environmental, Social and Governance) da CBA. Também revelaram os objetivos da empresa nesse contexto e como tais investimentos estão alinhados com essas metas.

Cenário

A CBA, empresa do Grupo Votorantim, com 68 anos de história, é reconhecida por sua atuação na fabricação de alumínio primário e secundário, bem como na reciclagem desse material essencial. Durante a visita à Metalex, Vianna detalhou a jornada do alumínio desde a extração de minérios até a produção de lingotes, destacando a importância da reciclagem em um cenário de transição energética global.

O diretor explicou que o alumínio é conhecido por ser um metal eletrointensivo, o que significa que sua produção requer uma considerável quantidade de eletricidade. Isso resulta em uma emissão de, aproximadamente, 12,6 t de CO2 para a atmosfera a cada t de alumínio primário produzida globalmente.

“Dado que a CBA é totalmente autossuficiente em termos de energia e utiliza fontes 100% renováveis, proveniente de 23 hidrelétricas e 2 parques eólicos, a pegada de carbono do nosso alumínio é extremamente baixa, atingindo apenas 3 t. Ou seja, essa marca coloca nosso alumínio na categoria ‘verde’, já que, mundialmente, considera-se como tal qualquer valor abaixo de 4 t de pegada de carbono. Portanto, nosso alumínio é uma opção mais ecológica”, considera Vianna.

A CBA ainda tem como objetivo atingir a meta de emissões de gases de efeito estufa de 1,4 t de CO2 por t de alumínio produzido na unidade Metalex até 2030, em linha com sua estratégia de descarbonização.

Nesse cenário, a reciclagem também desempenha um papel crucial no compromisso da CBA com a sustentabilidade. Como o processo de reciclagem já envolveu todas as etapas anteriores, a emissão de CO2 associada a ele é extremamente baixa — cerca de 0,6%. Esse fato proporciona uma vantagem competitiva e tem despertado grande interesse não só da CBA como de todo o mundo pela reciclagem do alumínio. Além disso, o atual momento de transição energética global está impulsionando significativamente o consumo tanto de alumínio primário como secundário.

“O panorama global aponta para um crescimento notável na produção de alumínio reciclado, podendo aumentar de duas a três vezes mais do que a produção de alumínio primário nos próximos trinta anos. Isso ressalta a importância da reciclagem no setor do alumínio. Ficar à margem desse movimento significa perder grande parte das oportunidades de crescimento. Portanto, é essa a razão pela qual a CBA está tão engajada na promoção da reciclagem, pois entende que é fundamental para se manter relevante no cenário do alumínio no futuro”, pontua Vianna.

A Metalex entra em cena

A CBA já estava envolvida na reciclagem desde 2010, quando adquiriu a Metalex, empresa especializada na produção de tarugos de alumínio com 60% de sucata e 40% de alumínio primário. Mais recentemente, em 2022, a CBA comprou a Alux do Brasil, outra empresa de reciclagem que lida com alumínio secundário, abrindo novas oportunidades de mercado.

Agora, a CBA chega ao terceiro passo importante no mercado de reciclagem: com o investimento de R$ 115 milhões na ampliação da linha de reciclagem e no centro de reciclagem próprio na Metalex, a companhia será capaz de processar sucata altamente contaminada, incluindo materiais como parafusos de aço, concreto, borracha e plástico. A nova linha, com capacidade para 100 mil t por ano, utiliza tecnologia de ponta para separar e purificar os materiais, produzindo alumínio reciclado de alta qualidade.

“Até aqui, a nossa operação tinha algumas restrições. Era imprescindível que o cliente nos fornecesse sucata previamente limpa, quer fosse na forma de sucata de processo, quer fosse o que denominávamos de ‘obsolescência’, que compreendia a demolição de edifícios e a remoção de janelas, por exemplo, mas com a condição de que o cliente assegurasse sua limpeza no momento da entrega”, explica Vianna.

A nova linha opera da seguinte maneira: inicialmente, ela fragmenta a sucata em pequenos pedaços e remove os finos, que são os pós contaminados. Em seguida, separa todo o ferro magnético e, posteriormente, realiza um processo mais complexo para separar plástico, borracha e outros resíduos do alumínio.

No final desse processo, é obtido apenas o alumínio limpo. Este é então encaminhado para outro equipamento, denominado “decanter”, que aquece o alumínio a uma temperatura na qual ele não derrete, mas permite a queima de tintas, óleos e outros materiais combustíveis, eliminando as impurezas. Após o aquecimento, esse material entra em um forno Sidewell, projetado especificamente para reciclagem, fechando assim o ciclo de reciclagem.

Com isso, o tarugo fabricado nas instalações da Metalex passará de 60% para até 80% de sucata, resultando em uma redução significativa no consumo de matéria-prima (bauxita).

“O grande benefício para nosso cliente está na possibilidade de adquirir sucata contaminada a um custo mais baixo. Isso lhe dá uma vantagem competitiva na compra de matéria-prima, a qual poderá ser enviada para que nós realizemos o processo de limpeza. E isso graças aos investimentos efetuados aqui que nos permitiu adquirir o ‘estado da arte’ em equipamentos de limpeza de sucata, os mais avançados do mundo. Agora conseguiremos fazer o que anteriormente exigia o envio a terceiros para descontaminação. Como resultado, nosso produto final será de qualidade superior”, comemora o diretor de Negócios Primários da CBA.

A linha de tratamento de sucata complementa ainda o projeto da companhia de ampliar a produção de tarugos de 75 mil para 90 mil t por ano na Metalex.

Centro de reciclagem 

Na trama desse cenário, há um último componente que não pode ser esquecido: a etapa em que a sucata é adquirida e coletada. É aqui que entra em cena o novo centro de reciclagem próprio da Metalex.

A meta é estabelecer acesso direto às fontes de sucata. Atualmente, eles mantêm várias fontes de sucata em diferentes modais. Estão, inclusive, importando uma parcela dessa matéria-prima de fora do País. Além disso, estão estabelecendo parcerias estratégicas com grandes empresas. E todo o material que segregarem terá um destino certo.

“A sucata ferrosa será destinada a empresas especializadas nesse segmento, enquanto a de borracha e outros tipos serão comercializados com possíveis interessados. Estamos expandindo nossas operações para lidar tanto com material já limpo como também com material que requer um processo de separação. A nossa visão é continuar a avançar na busca de soluções sustentáveis e eficazes em nossa jornada de reciclagem”, enfatiza Vianna.

O centro de reciclagem irá receber a sucata e enviá-la, já preparada, não só para a Metalex usar na produção de tarugos, mas também para outras unidades da CBA, em Alumínio (SP) e em Itapissuma (PE), além da Alux do Brasil (SP).

Segundo o diretor de Negócios Primários, a planta de reciclagem da CBA é a maior da América Latina e agora está equipada com as tecnologias mais avançadas. Os equipamentos são de origem italiana e espanhola, formando uma mistura europeia de alta qualidade.

Quando questionados sobre a necessidade de expansão da planta para a implementação desse processo, a resposta foi surpreendente. De acordo com Alexandre Vianna, não foi necessário realizar ampliações significativas. Há dois anos eles adquiriram o terreno adjacente à planta existente, que será utilizado para receber a sucata. No entanto, a linha de reciclagem foi construída no mesmo galpão em que a fundição já estava operando.

Alumínio ecológico

Leandro Faria, gerente-geral de Sustentabilidade da CBA, destaca o caráter sustentável do alumínio, que se diferencia de outros materiais por ser 100% e infinitamente reciclável, tornando-o crucial na transição energética e na redução das emissões de carbono, desempenhando um papel essencial na descarbonização da matriz energética global.

Nesse contexto, a CBA já obteve resultados expressivos em termos de redução de emissões em comparação com o restante do mundo. No entanto, a empresa estabeleceu uma meta ambiciosa de redução adicional de 40% na intensidade das emissões.

“A sustentabilidade sempre foi a base das decisões da CBA, orientando seu planejamento estratégico desde a sua fundação. Para se ter uma ideia, segundo o Instituto Internacional do Alumínio, 75% do alumínio produzido globalmente ainda está disponível para reciclagem, mas enfrenta desafios relacionados ao acesso e à contaminação por outros materiais. Então, a Metalex está liderando a vanguarda ao criar uma planta de separação que torna a reciclagem de materiais anteriormente inacessíveis uma realidade”, afirma o gerente de Sustentabilidade.

Leandro Faria também ressalta que a reciclagem contribui para a preservação do meio ambiente e ainda abre caminhos para a geração de renda. E como empresa socialmente responsável e referência confiável na coleta de sucata, a CBA está empenhada em promover benefícios sociais.

E como alcançarão isso? Por meio do desenvolvimento de várias abordagens: como a capacitação na gestão de resíduos, a aquisição direta de sucata dos clientes, a importação de sucata e a colaboração com cooperativas e cadeias de suprimentos já existentes.

“Dessa forma, podemos desempenhar um papel ativo na formalização dessa cadeia e estabelecer parcerias estratégicas com outras grandes empresas”, reforça.

Tecnologia 

Uma das tecnologias que a CBA trouxe para a Metalex com os novos investimentos é o Video Analytics, que está revolucionando a forma como a sucata é processada e avaliada.

Imagine ter um scanner que mapeia minuciosamente o conteúdo de um caminhão carregado de sucata. Ele não apenas identifica os materiais, mas também aprende com o tempo, tornando-se cada vez mais preciso em suas análises.

Isso significa que, quando a sucata chega ao centro de reciclagem, o scanner entra em ação, mapeando todo o seu conteúdo. Em seguida, ela é encaminhada para a linha de reciclagem, onde o processo de separação e recuperação dos materiais é realizado. O grande destaque aqui é o rendimento metálico, ou seja, a quantidade de alumínio presente na sucata.

O Video Analytics identifica os materiais e associa automaticamente o tipo de sucata ao seu rendimento metálico. Isso é crucial, pois o rendimento metálico está diretamente relacionado ao valor do alumínio que a empresa adquire. Portanto, quando uma tonelada de sucata chega, o sistema é capaz de informar de maneira precisa o rendimento metálico esperado.

Por que isso é tão importante? A resposta está na qualidade do produto final e na satisfação do cliente. Quando a sucata contém contaminantes em excesso, a perda para o cliente pode ser significativa. Portanto, a capacidade de avaliar a qualidade da sucata de forma rápida e precisa torna-se uma ferramenta valiosa para desenvolver parcerias com fornecedores confiáveis e garantir que o material reciclado atenda os padrões de qualidade desejados.

Fotos: Divulgação CBA

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