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Bicicletas com peças de alumínio são a escolha inteligente para ciclistas

Metal conquista cada vez mais o mercado, oferecendo versatilidade, desempenho e durabilidade para as bikes

O mercado de bicicletas tem passado por uma constante evolução, com novos materiais e tecnologias que surgem para atender as diversas necessidades dos ciclistas. Entre essas opções, o alumínio tem ganhado destaque como um material versátil e vantajoso na fabricação de bicicletas.

Rafael Novelli, engenheiro mecânico da Bike Ciclo, formado pelo Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de São Paulo (IFSP), conta que, para entendermos melhor as vantagens do alumínio nesse mercado, é preciso, em primeiro lugar, categorizar as bicicletas em três grupos distintos: as de alto desempenho, destinadas a competições e atletas profissionais; as intermediárias, para pessoas que buscam equilíbrio entre custo e qualidade; e as mais simples para uso cotidiano, ideais para deslocamentos rápidos e diários, seja para o trabalho, seja para a escola.

“As bicicletas de alto desempenho são notáveis pela predominância de componentes fabricados em fibra de carbono, devido à sua excepcional leveza. Já as intermediárias fazem uso extensivo de peças de alumínio, beneficiando-se de sua boa relação custo-benefício e resistência ao peso. Por fim, as bicicletas mais simples contam com mais componentes de aço, que priorizam a robustez em detrimento do peso”, explica Novelli.

Segundo Novelli, o elemento central de qualquer bicicleta é o quadro, enquanto outros componentes incluem rodas, folhas de aro (onde o pneu é montado), suspensão, guidão, mesa e canote (peça que faz parte do sistema de ajuste do selim – o banco da bicicleta em que o ciclista se senta).

“O alumínio, nesse cenário de peças, destaca-se como material predominante, representando mais de 70% do mercado”, afirma o engenheiro.

Leveza e rigidez

Foto: Divulgação Caloi

A grande vantagem do uso de alumínio na fabricação de bicicletas em comparação com outros materiais, como o aço ou o carbono, é a combinação de leveza e rigidez que ele oferece.

“Contrapondo-se ao aço, o alumínio é um material muito mais leve e de qualidade muito maior, indo ao encontro da premissa da bicicleta, que é oferecer essa leveza e rigidez. O aço, por exemplo, conhecido por ser utilizado em bicicletas de carga, como as icônicas ‘Barra Forte’, é mais pesado em comparação com o alumínio, tornando este último uma opção mais atraente para ciclistas em busca de agilidade e desempenho”, explica Marcos Ribeiro, gerente de Desenvolvimento e Produto da Caloi, uma das principais marcas de bicicletas do Brasil.

Em relação à leveza, ao compararmos o alumínio com o carbono, Rafael Novelli aponta que a fibra de carbono é mais leve. No entanto, essa diferença não é necessariamente significativa, pois varia de acordo com a construção da bicicleta, a marca, o tipo de aplicação e o nível de tecnologia empregado.

“Existem quadros de alumínio de alta tecnologia que podem ser tão leves quanto os de fibra de carbono. A escolha entre esses materiais depende da análise da tecnologia empregada no processo de fabricação, na seleção de materiais e na engenharia do produto em questão”, afirma o engenheiro.

Marcos Ribeiro corrobora e acrescenta que, ao fazermos essa comparação entre os dois materiais, de qualquer forma, a vantagem ainda é maior pela questão do custo. Por esse motivo, o alumínio é a alternativa mais acessível em relação ao carbono, mesmo ele sendo conhecido por sua leveza excepcional.

“Quando se trabalha com ligas de alumínio, como as 60/69, que proporcionam uma espessura de parede do tubo extremamente fina, o resultado é uma leveza comparável à do carbono. E cada vez mais as marcas têm buscado inovações em ligas de alumínio que possam oferecer aos ciclistas uma combinação de leveza que se aproxime da proporcionada pelo carbono, ao mesmo tempo que mantém alto padrão de rigidez, uma característica essencial para uma experiência de bicicleta de alta qualidade”, explica o gerente da Caloi.

Ribeiro reforça que é possível, inclusive, utilizar o alumínio em todas as modalidades, tanto nas bicicletas mountain bike (MTB – de montanha) como nas de estrada e urbanas.

“O Brasil é um país que se destaca pelo predomínio das bicicletas de estrada. Hoje, 80% do que se vende no País são bicicletas de até R$ 4 mil. Então, para você atingir esse preço, o uso de ligas de alumínio é essencial, visto que o carbono encarece demais o produto”, esclarece.

Sustentabilidade e segurança 

Foto: Divulgação Caloi

Quando se trata de durabilidade, o alumínio apresenta uma vantagem também em relação às bicicletas de carbono e aço, oferecendo uma vida útil mais longa. Em situações em que duas bicicletas enfrentam desafios semelhantes ao longo do tempo, o alumínio geralmente demonstra uma capacidade superior de resistência e longevidade.

“Poucos mencionam que o carbono possui uma vida útil relativamente curta e, ao longo dos anos, pode apresentar sinais de fadiga devido à sua construção. Isso pode resultar no desprendimento gradual das fibras nas bicicletas de carbono. O alumínio, por outro lado, mantém sua resistência mecânica ao longo do tempo, proporcionando uma durabilidade muito maior”, indica Rafael Novelli.

No quesito sustentabilidade, o engenheiro mostra que o alumínio também sai na frente. Em caso de danos ou quebra, há a vantagem de ser um material reciclável. Isso significa que, ao contrário do carbono, o alumínio pode ser reprocessado e reutilizado, destacando-se por sua contribuição para a sustentabilidade e a redução do impacto ambiental.

Outro aspecto importante a considerar nas peças de alumínio é a segurança. Elas têm a capacidade de se deformar antes de quebrar completamente. Assim, em caso de estresse excessivo, a peça de alumínio pode se dobrar ou entortar antes de atingir seu limite de resistência e, eventualmente, quebrar. Por outro lado, as peças de fibra de carbono não exibem esse comportamento de deformação gradual. Embora tenham maior flexibilidade e um movimento elástico mais pronunciado em comparação ao alumínio, quando atingem seu limite, elas tendem a se romper de forma súbita e podem estilhaçar.

“Essa diferença na resposta ao estresse mecânico é importante, pois, em um acidente ou queda, as peças de alumínio podem dar um sinal visual ao ciclista, indicando que precisam ser substituídas devido à deformação evidente. Por outro lado, as peças de fibra de carbono não fornecem esse aviso prévio, o que pode ser um ponto de consideração para a segurança do ciclista”, enfatiza o engenheiro Novelli.

Design discreto 

As bicicletas de alumínio são altamente versáteis em termos de design e podem ser moldadas para atender as exigências de diferentes modalidades.

De acordo com Ribeiro, da Caloi, as bicicletas de alumínio estão alcançando níveis de desempenho tão próximos das de carbono que as principais marcas internacionais estão investindo em acabamentos que tornam as bicicletas de alumínio praticamente indistinguíveis das suas contrapartes em carbono. Esse resultado é obtido fazendo uso de soldagens precisas e de um acabamento minucioso, o qual, quando combinados com a pintura, tornam extremamente desafiador identificar que se trata de uma bicicleta de alumínio.

Quanto à estética, as possibilidades são ilimitadas, pois o alumínio, dependendo da liga utilizada — seja a 60/61, seja a 60/69 —, pode adquirir qualquer conformação desejada.

A conformação, termo que se refere às curvas dos tubos, oferece uma ampla gama de possibilidades para personalizar a aparência da bicicleta e torná-la semelhante às de carbono. Isso é exemplificado pela abordagem adotada pela Caloi. Atualmente, na linha de montanha de alto desempenho da Caloi, tanto as feitas de alumínio como as de carbono apresentam perfis idênticos e compartilham as mesmas curvas na geometria, independentemente do material escolhido para a construção, proporcionando consistência visual e de desempenho.

Para cada caso, uma aplicação

A escolha do material adequado para uma bicicleta é uma decisão que envolve a aplicação específica e as necessidades individuais do ciclista, semelhante ao princípio de selecionar o veículo certo para o trabalho. Assim como uma Ferrari pode não ser a escolha ideal para um agricultor, um carro básico pode não atender as necessidades de um competidor.

No que diz respeito às bicicletas de montanha (mountain bike), de estrada e urbanas, é possível variar a escolha do material, dependendo da complexidade do projeto e dos componentes. Em alguns casos, bicicletas mais simples podem ser projetadas com componentes de aço. No entanto, para bicicletas de montanha e estrada, que visam a um desempenho diferenciado, o alumínio se destaca como uma escolha predominante.

“A principal vantagem do alumínio nesse contexto é seu excelente custo-benefício, combinando peso leve e resistência para proporcionar uma experiência satisfatória ao ciclista”, reforça Rafael Novelli.

O engenheiro frisa ainda que o alumínio oferece uma resistência mecânica superior em certas partes da bicicleta, ainda em comparação com o carbono. Enquanto as bicicletas de carbono são frequentemente preferidas em competições em virtude do seu peso reduzido, o alumínio se destaca quando se trata de durabilidade em uso diário e treinamento. Para muitos ciclistas, essa durabilidade resulta em custos de manutenção mais baixos a longo prazo, tornando o alumínio uma escolha econômica e sensata.

“A experiência pessoal de muitos ciclistas também reforça a confiança no alumínio. Muitos optam por bicicletas de estrada e mountain bike construídas com alumínio, incluindo rodas, guidões, canotes, mesas e outros componentes, devido à resistência mecânica superior que esse material oferece em comparação com o carbono. A diferença de peso entre os materiais é muitas vezes considerada insignificante, enquanto a confiabilidade e a longevidade do alumínio permanecem como fatores determinantes na escolha desse material para suas bicicletas”, explica Novelli.

Novidades por aí

Em um movimento ousado, a Caloi anunciou o lançamento de um modelo inovador, a Full Suspension de alumínio, prevista para janeiro de 2024, mas que já deu as caras na Shimano Fest – Festival da Bicicleta, realizado em São Paulo no mês de agosto.

“Essa bicicleta representa um marco no mercado nacional, sendo a primeira do tipo Full Suspension produzida no Brasil, algo que nenhuma outra marca havia realizado até então”, comemora o gerente da Caloi.

A iniciativa da marca visa a oferecer aos ciclistas brasileiros uma experiência de alta qualidade e acessível. Atualmente, o mercado de bicicletas Full Suspension é dominado por modelos de carbono, que tendem a ser bastante onerosos. No entanto, a Caloi está prestes a quebrar essa barreira de preço, apresentando um modelo que se posicionará de forma significativamente mais acessível do que as opções de carbono disponíveis.

A chave para esse avanço está na escolha cuidadosa dos materiais. A nova Full Suspension da Caloi é construída com uma liga de alumínio especial, resultante da combinação das 60/69 e 60/61, o que permite que a bicicleta alcance um equilíbrio notável entre peso, resistência e custo.

Além disso, a geometria do veículo foi inspirada nas renomadas bicicletas de carbono, trazendo toda a tecnologia associada a esses modelos para a liga de alumínio. O resultado final é um produto que oferece uma experiência de alta performance, mantendo a acessibilidade para o consumidor brasileiro.

“O cenário do ciclismo no Brasil tem evoluído muito nos últimos anos. O mercado, que até cinco anos atrás era predominantemente composto de bicicletas ‘hardtail’, ou seja, sem suspensão traseira, agora está em grande parte dominado pelas bicicletas Full Suspension, que incluem tanto suspensão dianteira como traseira, oferecendo conforto e controle superiores para os ciclistas”, revela Ribeiro.

Elétrica e personalizável 

Foto: Site AlCircle.com

Em colaboração pioneira, a fabricante de automóveis MINI e a empresa de mobilidade Angell Mobility revelaram a primeira bicicleta elétrica MINI E-Bike 1 com estrutura de alumínio de alta qualidade. Esse lançamento marca a entrada da MINI no mercado de bicicletas elétricas e promete revolucionar a mobilidade urbana.

A MINI E-Bike 1 é caracterizada por sua estrutura integrada de alumínio, incluindo rodas, raios e até mesmo o protetor de corrente. Isso resulta em uma bicicleta elétrica leve, com peso de, aproximadamente, 17-17,5 kg, tornando-a ideal para ciclistas de diferentes alturas. A escolha do alumínio não apenas contribui para o visual elegante da bicicleta, mas também proporciona funcionalidade e durabilidade.

Além disso, a bicicleta oferece várias opções de personalização para atender as preferências individuais dos ciclistas, incluindo cores vibrantes como Ocean Wave Green (Ondas do Oceano) e Vibrant Silver (Prateado Vibrante). Os detalhes incluem uma sela e punhos sem couro fornecidos pela Brooks England.

Outra característica da MINI E-Bike 1 é a presença de baterias intercambiáveis e compactas, convenientemente localizadas abaixo do selim e na parte traseira da bicicleta. Essas baterias leves podem ser carregadas em apenas duas horas em qualquer tomada elétrica comum, tornando a bicicleta prática para uso diário.

Também está equipada com um painel de controle touchscreen de 2,4 pol. que oferece informações essenciais aos ciclistas em tempo real e permite ajustar as preferências de pilotagem. E, ainda, os faróis parabólicos e luzes piscantes garantem alta visibilidade, mesmo durante o dia.

A MINI E-Bike 1 é uma edição limitada com apenas 1.959 unidades disponíveis em todo o mundo.

Crédito da imagem de abertura: user6697855/br.freepik.com

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