As montadoras do mundo inteiro têm liderado esforços para reduzir as emissões de carbono na produção de veículo, a partir da transição dos carros tradicionais com motores a combustão interna para os modelos elétricos a bateria (BEVs) e os híbridos plug-in (PHEVs).
No Brasil, há uma frota eletrificada total circulante de 126,5 mil unidades, de acordo com a Associação Brasileira de Veículos Elétricos (ABVE).
Desde 2019, os BEVs têm aumentado a participação no mercado nacional. Em 2022, o segmento alcançou a marca de 8,4 mil unidades emplacadas, alta de 197% em relação a 2021. Se comparado a 2020, o crescimento foi de 956%. Os PHEVs, por sua vez, também se destacaram no ano passado, com 10,3 mil unidades emplacadas, 20,4% a mais que 2021.
Apesar de a tecnologia elétrica estar ganhando novos adeptos, os interessados, principalmente no transporte sustentável, ainda há desafios para atrair novos consumidores, especialmente por conta dos preços iniciais mais altos, autonomia limitada por carga e longos períodos de carregamento.
Para obter maior aceitação, participação de mercado e lucratividade, as montadoras priorizaram a redução de peso, que pode ser facilmente alcançada com aumento do teor de alumínio nos veículos elétricos, tanto na estrutura quanto nos componentes.
Segundo Jamie Zinser, vice-presidente da Alumobility – organização internacional sem fins lucrativos, que fomenta o uso de chapas de alumínio em automóveis – e vice-presidente global da Novelis, o uso deste metal melhora a eficiência do veículo, proporciona maior desempenho e segurança e reduz as emissões de carbono durante a fase de uso.
“O alumínio, que já é o material automotivo de crescimento mais rápido, deverá atingir níveis de conteúdo de quase 260 kg por veículo até 2030, um aumento de 24% na década”, informa.
Na visão da executiva, há pelo menos três razões pelas quais o alumínio é a escolha inteligente para as montadoras do segmento:
1 – Eficiência da bateria: uso do peso leve para contrariar as leis da física
As baterias em BEVs, segmento de crescimento mais rápido, são pesadas e a parte mais cara do carro.
Quanto mais pesado o veículo, maior a bateria e o custo, e mais energia é necessária para movê-la.
Os BEVs leves são mais rápidos para carregar, têm melhor eficiência e baterias potencialmente menores, o que significa que vão mais longe com a mesma quantidade de energia ou podem transportar mais passageiros e carga, mantendo o alcance.
Além de olhar para as baterias mais leves, as montadoras estão procurando reduzir o peso dos sistemas primários, como motores e freios – todos com reduções de custo, que ajudam a compensar qualquer aumento de materiais leves, resultando em economia de massa secundária.
2 – Quanto mais leve o veículo, melhor o desempenho e a segurança
Para todos os tipos de veículos, a redução de peso com alumínio proporciona melhor aceleração, direção mais responsiva, frenagem mais rápida, menos carga nos freios e na suspensão, além da maior capacidade de rebocar e transportar.
O alumínio tem excelente resistência à corrosão e é auto reparável, forma uma barreira protetora de óxido quando rachado, amassado ou deformado. Possui melhor resistência a amolgadelas em serviço e pode ser usado sem pintura ou revestimentos.
A durabilidade se traduz em economia de custos, com veículos que duram mais e exigem menos manutenção.
No caso de uma colisão, o alumínio absorve mais energia do que o aço por quilograma e, com propriedades superiores de esmagamento, pode resistir a vários golpes, como um capotamento. É por isso que mais estruturas de colisão frontal e lateral de veículos estão sendo feitas com este metal.
3 – Menor emissão de CO2 – baterias menores e mais leves em prol do meio ambiente
Com um veículo mais leve, é possível utilizar uma bateria menor e, consequentemente, os impactos ambientais podem ser reduzidos.
Os benefícios ao meio ambiente podem ser ainda maiores com a adoção da reciclagem de circuito fechado ao processo de fabricação de peças, garantindo que qualquer refugo seja segregado e enviado de volta ao fornecedor do material. Vários fabricantes já estão fazendo isso.
A prática não apenas reduz o desperdício de fabricação e as emissões de carbono, mas também faz muito sentido para os negócios e pode ser implementada com relativa facilidade quando as montadoras migram do aço para o alumínio.
Foto: Divulgação Alumobility