Há 53 anos, a Associação Brasileira do Alumínio (ABAL) segue com atuação estratégica na defesa da competitividade da cadeia produtiva que engloba mineração de bauxita, produção, transformação e reciclagem do metal.
Uma das prioridades atuais da entidade tem sido reforçar o posicionamento do alumínio como solução pronta para um mundo que caminha cada vez mais em direção à sustentabilidade.
Apesar dos desafios nacionais e globais, as empresas do setor seguem apostando no potencial de crescimento do consumo de produtos de alumínio e estão investindo, juntas, o montante de R$ 30 bilhões até 2025.
Nova estrutura e revisão do planejamento
Neste ano, a ABAL inaugurou sua nova sede no bairro da Vila Olímpia, em São Paulo (SP). O escritório está integrado ao Centro Cultural do Alumínio (CCAL), assim como era no endereço anterior.
Segundo Janaina Donas, presidente-executiva da ABAL, há cerca de um ano, a entidade iniciou o processo de revisão do planejamento estratégico.
“O objetivo é entender os fatores de competitividade nos quais é preciso calibrar esforços e seguir cumprindo com os objetivos. Esse movimento se reflete tanto na modernização das instalações físicas, como na melhoria dos processos, na qualidade das informações, na ampliação do diálogo e na busca de novas formas de nos conectar e comunicar”, explica a dirigente.
Para Ricardo Carvalho, presidente do Conselho Diretor da ABAL, o novo espaço celebra um novo momento para a indústria brasileira do alumínio.
“Esse movimento é consistente, cíclico e de renovação. Nossa indústria vive um momento interessante, de otimismo cauteloso. A despeito dos inúmeros desafios enfrentados nos últimos anos, o setor tem mostrado resiliência na busca de soluções que nos permitam continuar operando mesmo em momentos difíceis. Seguimos comprometidos com o fortalecimento da nossa competitividade, investindo em melhoria de processos, aumento da capacidade produtiva e em inovação e sustentabilidade.”
Recuperação em 2023
Após recorde em 2021, o consumo doméstico de produtos transformados de alumínio sofreu retração de 3,6% em 2022, totalizando 1,53 milhão de t, segundo pesquisa de mercado consolidada pela ABAL.
Apesar disso, a queda foi menor do que a esperada pela entidade, de 3,9%, e ficou 2,1% acima do índice de 2019.
“Estamos vindo de dois anos atípicos: 2020, quando houve o impacto da pandemia e fechamos com menos 4,4%, e 2021, que foi fora da curva, com crescimento de 12,6% sobre o anterior. Continuamos apostando no potencial de crescimento do consumo de produtos de alumínio”, explica Janaina.
Para 2023, a expectativa da ABAL é de recuperação. A aposta é que se concretize ao menos o índice de elasticidade de demanda (historicamente de 1,47%) sobre o PIB do país.
Sustentabilidade
Em artigo publicado recentemente no portal Indústria Verde, a dirigente da ABAL reforçou que setores industriais eletrointensivos, como o alumínio, têm investido em iniciativas para impulsionar a redução das emissões setoriais e a reinserção do país na cadeia global.
A ABAL produziu um estudo que mostra que o setor do alumínio no país já atua com intensidade carbônica 3,3 vezes inferior à média global. As emissões do berço ao portão – que considera da extração de bauxita até a fabricação do alumínio – ficam entre 2,75 e 3,5 tCO2e/t, enquanto a média mundial varia de 9,7 a 11,7 tCO2e/t.
Devido aos investimentos realizados pelas empresas brasileiras que atuam no setor, na diversificação da matriz energética utilizada para a produção do alumínio, a partir de fontes limpas e renováveis (mais de 80%), a intensidade de emissões corresponde apenas à etapa de redução, entre 4,5 e 6,5 tCO2e/t, contra 16 tCO2e/t na média global.
“Sabemos que a descarbonização do setor exigirá mais do que a transição para energias renováveis. É preciso também endereçar soluções para cerca de 30% a 35% das emissões diretas. E as tecnologias que permitirão à indústria mitigá-las já estão em desenvolvimento”, destaca Janaina.
Outro caminho para descarbonização do setor, segundo a presidente-executiva da ABAL, abrange medidas de promoção de circularidade de materiais e uso eficiente de recursos.
Atualmente, os índices de recuperação de sucata de alumínio no Brasil figuram entre os maiores do mundo. Do total desse metal consumido no país, 54,7% vêm da reciclagem, contra aproximadamente 30% da média mundial. Soma-se a isso o recorde histórico da reciclagem de latas para bebidas, que alcançou 98,7% em 2021.
Certificação ASI
A sustentabilidade está no cerne da indústria brasileira de alumínio, como motor para a tomada de decisões e para a implementação de ações e projetos.
No Brasil, diversos setores atuam globalmente e precisam estar alinhados às melhores práticas internacionais. Por isso, a certificação Aluminium Stewardship Initiative (ASI) é uma referência fundamental para a cadeia do alumínio, de ponta a ponta, atendendo os mais altos padrões de desempenho em todas as etapas da produção.
De acordo com a dirigente da ABAL, o alumínio brasileiro já conquistou a certificação da entidade global em todas as etapas da cadeia produtiva. No entanto, ainda há um caminho a percorrer.
“Nosso papel, como associação que representa um setor essencial para a sociedade, é incentivar continuamente as empresas brasileiras a priorizar a sustentabilidade em suas operações e buscar a certificação ASI”, ressalta.
Janaina também reforça que a indústria brasileira de alumínio está comprometida com o futuro sustentável, fornecendo produtos certificados com baixa pegada de carbono para atender a crescente demanda dos mercados.
O que diz a indústria:
“A ABAL tem agregado muito para o setor nos últimos anos, sendo a nossa ponte entre as demandas e as instituições governamentais. A entidade faz isso muito bem. Além disso, acompanha as mudanças de legislação que podem afetar o setor, traz dados estatísticos que nos ajudam a tomar decisão, oportunidades de novos desenvolvimentos e tendências globais de variados temas, como, por exemplo, a sustentabilidade.”
Jocemar Junior Cecchin e Elisandro Carles Junior, diretores da Alcast
“A ABAL tem um papel essencial no desenvolvimento da indústria do alumínio no País, sempre incentivando a inovação, a agenda ESG e a competitividade das empresas do setor. Vejo que a organização tem trabalhado cada vez mais para fomentar a economia circular, a transição e eficiência energética e a redução das emissões de gases de efeito estufa, temas que são fundamentais para a sustentabilidade do setor do alumínio no longo prazo, e que estão totalmente alinhados com o propósito da CBA e sua estratégia de negócios, bem como a atuação responsável e sustentável da nossa companhia.”
Luciano Alves, CEO da Companhia Brasileira de Alumínio (CBA)“A Hydro reconhece a extrema importância da atuação da ABAL para o setor do alumínio. A associação sempre foi um espaço aberto de diálogo em que a indústria pode aprender, debater tendências, novidades, inovação e tecnologia, trocar experiências de network e benchmark e muito mais. Não temos dúvidas de que a entidade contribui para manter o alumínio como um dos setores mais importantes da economia nacional. Para a Hydro, é uma honra ser uma das associadas e participar desse canal fundamental para o desenvolvimento do alumínio no Brasil. Que a ABAL siga trazendo debates necessários e promovendo conhecimento sobre o tema.”
Anderson Baranov, vice-presidente sênior de Relações Externas da Hydro na América do Sul
“A sustentabilidade é uma das pautas mais em alta no mundo todo e é impossível mencionar esse assunto sem que se dê destaque ao alumínio, um componente infinitamente reciclável. A ABAL trabalha para que o setor tenha sua atuação e seus interesses bem representados junto a uma ampla gama de stakeholders. Adicionalmente, atua para promover as vantagens da utilização do material em uma variedade de produtos presentes em nosso dia a dia. A entidade também tem um papel importante no incentivo à inovação tecnológica e na busca de maior competitividade para o setor. Estamos felizes em contribuir ativamente com o desenvolvimento da entidade e com o crescimento do mercado de alumínio no Brasil.”
Eunice Lima, diretora de Comunicação e Relações Governamentais da Novelis“Como associação que representa o nosso setor, a ABAL desempenha um papel fundamental na construção de uma cooperação mútua entre os principais players do setor, respaldando e legitimando o processo representativo junto aos órgãos e públicos de interesse. Nos últimos anos, mas sobretudo durante o ápice da pandemia, ficou bastante claro que precisamos enfrentar desafios e encontrar oportunidades coletivamente, com diversos objetivos em comum a serem lapidados.”
Tiago Souza, diretor Comercial do Grupo Prysmian
“Desde a sua fundação, não poderíamos dissociar a atuação e sucesso da ABAL dos respectivos crescimento e sucesso do mercado do alumínio no Brasil. É de se respeitar, na história dos diversos ciclos econômicos enfrentados no país, o papel e a trajetória crescente da associação para representar os anseios, dificuldades e virtudes dos setores primário e de transformação do metal. Assim, imagino que todos nós, que atuamos no setor do alumínio, sejamos gratos a uma entidade que, literalmente, ‘veste a camisa’ de seus representados”.
Paulo Cezar Martins Pereira, diretor Comercial da Termomecanica
Congresso Internacional do Alumínio
Neste ano, a ABAL também deve realizar o 9º Congresso Internacional do Alumínio, em novembro.
Nessa edição, a programação reunirá trabalhos relacionados a 11 temas, com destaque para inovações tecnológicas, projetos, processamento, ganhos de eficiência, produtividade e qualidade, redução de custos, manutenção e aspectos relacionados ao meio ambiente e sustentabilidade.
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Crédito da imagem de abertura: magann/stock.adobe.com