Desde o ano passado, o veleiro de Expedições Científicas Oceanográficas (ECO) navega pelo Brasil. Trata-se de um laboratório de pesquisa embarcado desenvolvido por professores, pesquisadores e estudantes da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) com apoio da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep). A embarcação é destinada para expedições científicas, tecnológicas, ambientais e sociais, com pesquisas e iniciativas oceanográficas de baixo custo.
O alumínio é um material frequentemente associado à ciência e tecnologia. E esse caso não é exceção: a embarcação é toda feita de liga de alumínio naval 5083, endurecida por deformação com têmpera H116. A escolha para a estrutura do Veleiro ECO se deu por uma série de vantagens percebidas em relação ao aço, como a maior relação resistência/peso, proporcionando uma redução no peso da embarcação, aumentando a capacidade de carga e reduzindo o consumo de combustível necessário (o que reflete ainda em menor emissão de gases de efeito estufa).
Além disso, por possuírem maior resistência à fratura em baixas temperaturas, as ligas de alumínio oferecem maior segurança de navegação quanto a choques mecânicos, e tem ainda resistência superior à oxidação e corrosão salina, o que proporciona menor custo e trabalho de manutenção.
A soldagem de Ligas de Alumínio Naval foi feita pelo laboratório de soldagem da UFSC, o Instituto de Soldagem e Mecatrônica (Labsolda), onde foram desenvolvidos os procedimentos de solda robotizada, a partir de robôs projetados e construídos para esse fim. Os mesmos foram empregados na construção do veleiro com a tecnologia de última geração, conhecida como “solda a frio” (cold metal transfer).
A UFSC destaca que o projeto e a construção do Veleiro ECO são singulares no Brasil: é o primeiro veleiro de expedição científica oceanográfica construído por uma universidade.
A embarcação conta com:
– Equipamentos de monitoramento em tempo real (robôs com cabo vivo equipado com sensores para medidas de propriedades físicas e químicas das águas do litoral brasileiro);
– Coleta de amostras com equipamentos dotados de sistemas automáticos de amostragem de água em diferentes profundidades;
– Apoio a pesquisadores mergulhadores para visualização e coleta de materiais;
– Laboratório úmido para preparação;
– Análise e armazenamento de amostras;
– Laboratório de tratamento de sinais e dados;
– Sistema de transmissão de dados via satélite para um site de pesquisa oceanográfica, além de acompanhamento de equipe de cinegrafistas para filmagem de documentários para uma série de TV.
Crédito da imagem de abertura: divulgação