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Ciclo completo

A vocação brasileira para o negócio de bauxita segue inabalável. Afinal, mesmo com a economia retraída, o setor comemora números positivos. Dados da Associação Brasileira de Alumínio apontam crescimento de 11,8% na exportação no ano de 2015. Foram extraídas 37.057 mil toneladas de bauxita no país, que tem a terceira maior reserva do minério no planeta.

No entanto, o sucesso dessa empreitada não é sustentado apenas na extração do minério, mas em práticas de excelência ambientais. O cuidado com a recuperação do solo do qual foi extraída a bauxita tornou-se pré requisito dentro das empresas, que investem em pesquisa, desenvolvimento de técnicas e parcerias com universidades e centros especializados para garantir que o meio ambiente tenha preservada a sua biodiversidade após o trabalho feito.

De acordo com o professor Igor Rodrigues de Assis, do departamento de solos da Universidade Federal de Viçosa, a recuperação consiste no retorno da área a uma condição próxima da original. “Áreas com presença de substrato, remanescente de mineração, por exemplo, podem apresentar limitações para o estabelecimento e crescimento das plantas”, alerta Assis. Conscientes dessa responsabilidade, as empresas de mineração planejam todos os passos de sua operação, levando em consideração as necessidades da fauna, flora e do solo.

TENDÊNCIA

A Alcoa teve seu modelo de recuperação das áreas da Mina de Bauxita de Juruti dado como referência no setor. “Na nucleação, o manejo da água contribui para a infiltração que favorece a reestruturação das camadas de solo, contribuindo para o fenômeno de neopedogênese – a criação de um novo solo”, explica a Alcoa, por meio de sua assessoria de imprensa. O projeto venceu o Prêmio Excelência da Indústria Minero-metalúrgica Brasileira, em 2014. De acordo com a empresa, o investimento para a recuperação de áreas mineradas em Juruti tem o valor aproximado de R$ 26 mil por hectare.

Já a Hydro aplica diferentes técnicas para o reflorestamento. “Temos três metodologias: o plantio tradicional, que traz de volta as espécies que ali estavam antes; a regeneração natural, na qual o solo fica espalhado por um ano até que, após o período de chuvas, começa a brotar novamente; e o último é o mix das demais metodologias, a nucleação”, explica Gizelia Matos Pereira, gerente de meio ambiente da mina de bauxita da Hydro, em Paragominas (PA).

Na nucleação, há a indução à restauração natural do meio, considerando as características da chuva e o manejo da água. “Pego o solo e a galhada e faço montes, como um tabuleiro de xadrez, fechando um quadrado. A galhada atrai os animais, que fazem abrigo e adubam o solo. E quando chove, há acúmulo de água, deixando a área mais úmida e com mais tempo para que as sementes germinem”, detalha Gizelia, que aponta que a recuperação do solo de uma área minerada começa a ser feita, aproximadamente, um ano depois da lavra.

Responsável pela extração de bauxita em Minas Gerais, a Companhia Brasileira de Alumínio (CBA) atua em diferentes frentes. “Investimos na atuação responsável de nossas operações, no que se refere à gestão dos impactos, consumo de recursos naturais, matérias-primas e relacionamento com as comunidades nas quais estão inseridas as unidades”, afirma Hamilton Wuo, gerente de produção Poços de Caldas, da CBA.

A operação em Minas Gerais tem características distintas daquela feita em grandes cavas. Como o mineral se encontra em topos dos morros e meias encostas, em camadas mais rasas, a extração é mais fácil. No caso da bauxita, o trabalho de recuperação pode ser orientado tanto no sentido de recomposição de vegetação nativa, quanto para o cultivo agrícola e pastagens.

Assim que a mineração é encerrada, inicia-se a reconformação topográfica, que consiste na suavização do terreno para que volte a ter a configuração o mais próxima possível da original, e a descompactação do solo, que irá facilitar o desenvolvimento das plantas. Em seguida é colocado o solo rico em matéria orgânica anteriormente armazenado e implantado um novo sistema de drenagem. “Por fim, faz-se a correção de acidez, fosfatagem e adubação do solo, preparando-o para o plantio, que pode ser de espécies nativas da Mata Atlântica, café, eucalipto ou pastagem. Toda área utilizada para mineração é devolvida reabilitada e já produzindo, em média, com três ou quatro anos”, como explica Christian Fonseca de Andrade, gerente de produção Zona da Mata da CBA.

PARCERIA

“Para lidar com esses processos com o solo é necessário conhecimento técnico nas diferentes subáreas da Ciência do Solo, notadamente química e física do solo, matéria orgânica, fertilidade, gênese, entre outras”, aponta o professor Assis. Por isso, as empresas trabalham lado a lado com universidades. Recentemente, a Alcoa iniciou o apoio ao estudo de “Planejamento e monitoramento da recuperação de áreas mineradas, baseado no conceito de serviços ecossistêmicos”, liderado por pesquisadores da Engenharia de Minas da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (Poli-USP) — além disso, a companhia investiu R$ 90 milhões em iniciativas ambientais, no ano passado.

O monitoramento do trabalho da Hydro é feito com ajuda de especialistas da Universidade Federal do Pará, a Rural da Amazônia, o Museu Paraense Emílio Goeldi e a Universidade de Oslo, na Noruega, que leva seus cientistas até Paragominas em um intercâmbio de conhecimento. No final de 2013, o local recebeu o primeiro workshop científico do Consórcio de Pesquisa sobre Biodiversidade Brasil-Noruega (BRC).

“Estamos cientes de que há obstáculos e que precisamos levar em consideração que esse é um processo desafiador e de longo prazo. Mas, com esforços sistemáticos e financiamentos suficientes, estamos confiantes de que esse trabalho terá uma contribuição muito positiva”, diz Fridtjof Mehlum, do Museu de ­História Natural da Universidade de Oslo.

METAS

Os investimentos feitos pela companhia em reabilitação ambiental nos últimos 5 anos (referentes às Unidades de Poços de Caldas e na Zona da Mata) somam aproximadamente R$ 36 milhões, que são direcionados, entre outras iniciativas, às pesquisas feitas por universidades parceiras, como a Federal de Lavras (UFLA) e de Viçosa (UFV). “Ao todo, estão em processo de recuperação ecológica por meio das técnicas pioneiras cerca de 20 hectares de áreas mineradas”, aponta Hamilton Wuo, da CBA.

De acordo com Gizelia, gerente de meio ambiente de Paragominas, até o ano de 2010, a Hydro ainda tinha dificuldades para acompanhar o ritmo da lavra para a recuperação, mas este cenário mudou recentemente e a empresa já conseguiu alcançar uma de suas metas. “Já recuperamos cerca de 1.500 hectares e, em 2017, estaremos caminhando junto com a operação da mina — lavrou, recuperou. E até 2020, vamos zerar todo o gap de recuperação que é aproximadamente 65 hectares, além de atingir a meta do carbono neutro.”

O otimismo também parte da Alcoa, que tem, atualmente, 310 hectares em processo de recuperação, de um total de 720,51 hectares — o que corresponde a 43% das áreas já mineradas. “Para o ano de 2020 a meta de recuperação é, para cada hectare lavrado, recuperação de 75%. E em 2030, para cada hectare lavrado, um deverá ser recuperado”, prevê a empresa, cuja produção de bauxita em Juruti atingiu 4,7 milhões de toneladas no ano passado, com potencial de crescimento para os próximos anos.

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