O setor mundial de alumínio ganhou mais um motivo para investir na sustentabilidade de sua produção: em dezembro de 2017, a Aluminium Stewardship Initiative (ASI) lançou um novo programa de certificação para a cadeia de valor desse metal, com foco na sua produção, abastecimento e administração. Essa é mais uma iniciativa da ASI, organização global sem fins lucrativos criada em 2012 que define normas para o desempenho de sustentabilidade para todo o segmento. A seguir, entenda por que a adesão das empresas do nosso setor a esse processo é importante e saiba quais são os impactos esperados para o Brasil.
Como funciona?
O programa de certificação da ASI cobre todas as etapas da cadeia de valor do alumínio, desde a mineração de bauxita, passando pelo refino de alumina, fundição de alumínio, reciclagem, semifabricação, até o projeto e manufatura dos produtos finais. “Todo esse processo foi desenvolvido de forma cooperativa e voluntária”, observa o consultor Mauricio Born, membro do Comitê de Sustentabilidade da ABAL. Dessa forma, as empresas do nosso setor não são obrigadas a certificar seus processos produtivos. Apesar disso, ele aponta que os clientes podem exigir a certificação para adquirir seus produtos, tornando-a um grande diferencial no mercado.
O processo é conduzido por empresas certificadoras treinadas e credenciadas pela ASI, que avaliam a produção de acordo com os dois conjuntos de padrões da iniciativa:
- Desempenho da operação: compreende todos os padrões de qualidade socioambiental da cadeia de valor, como emissões de gases de efeito estufa, gestão dos resíduos e respeito à diversidade e aos direitos humanos;
- Cadeia de custódia: abrange todas as etapas do trabalho do alumínio, citando item por item as etapas certificadas, desde a mineração, avaliando a responsabilidade na produção e no abastecimento do ciclo.
Ao ter seus processos aprovados, a empresa recebe um documento comprovando sua certificação e é listada como tal no site da ASI. No momento, as únicas empresas a receber essa chancela são a multinacional Rio Tinto (em abril deste ano) e a austríaca Constantia Flexibles (em maio).
Do mundo para o Brasil
A ABAL filiou-se à ASI em julho de 2016, buscando acompanhar as ações para o avanço da sustentabilidade na cadeia do alumínio e ajudar a desenvolvê-las. Incentivar as empresas nacionais a aderirem a esse programa de certificação é um dos principais objetivos da associação.
Ao contrário de extrações danosas ao meio ambiente, como as feitas pelos chineses fora de seu território, a mineração no Brasil é feita com atenção para a sustentabilidade e buscando sempre uma baixa pegada de carbono nas suas atividades, com ações como o uso de fontes limpas e renováveis de energia para a produção de alumínio. A certificação da ASI é uma forma de incentivar que essa produção se torne ainda mais ecológica; mas, para que isso seja possível, o próximo passo deverá ser a existência de uma certificadora credenciada no nosso país.
De acordo com Born, para que essa iniciativa tenha sucesso, a demanda precisará partir do mercado, com a conscientização de todos os elos do setor sobre as vantagens da certificação. Com o avanço dessa iniciativa no Brasil, acrescenta o consultor, as empresas com produção sustentável poderão ser reconhecidas e valorizadas até que essa preocupação deixe de ser um diferencial e se torne efetivamente parte das regras do jogo.