Termomecanica_materia (1)

Termomecanica impulsiona a indústria metalúrgica e a produção de alumínio no coração de São Paulo

Entrevista com Felipe Guerini, gerente-comercial da empresa, revela desafios, oportunidades e estratégias para impulsionar o mercado no Brasil

Segundo um estudo divulgado em abril deste ano pelo Sistema Estadual de Análise de Dados – Fundação Seade, São Paulo ocupa o 2º lugar no ranking brasileiro de metalurgia (de produção e transformação de metais como o alumínio), atrás apenas de Minas Gerais. Nesse contexto, a região metropolitana, que engloba o Grande ABC, destaca-se dentro do Estado em volume de produção e número de empregos gerados. Além disso, três cidades dessa zona territorial aparecem no levantamento, pois possuem importantes companhias do setor. Entre elas está a Termomecanica, localizada em São Bernardo do Campo.

Fundada em 1942, a Termomecanica é uma das maiores produtoras de ligas de cobre e alumínio da América Latina, atendendo diversos setores da indústria, como a automotiva, a de construção civil e a de bens de consumo. Atualmente possui patrimônio líquido superior a R$ 2 bilhões e cerca de 2 mil funcionários. No coração da Região Metropolitana de São Paulo, a Termomecanica tem se destacado como protagonista no crescimento e impulsionamento do setor de metalurgia, especialmente para o mercado de alumínio. Ela faz parte da história da região, contribuindo significativamente para a geração de empregos e formação de profissionais.

Felipe Guerini, gerente-comercial da companhia, em entrevista exclusiva para o portal Revista Alumínio, conta como a empresa tem desempenhado esse papel e aborda os desafios e oportunidades enfrentados pela indústria metalúrgica no Brasil, ressaltando a importância da inovação, sustentabilidade e qualificação da mão de obra para impulsionar a competitividade do setor. Guerini também compartilha as estratégias da empresa para se adaptar às tendências emergentes no mercado de alumínio, incluindo o foco na eficiência energética e na redução de impactos ambientais.

 

Em sua visão, qual é o papel da Região Metropolitana de São Paulo, especialmente o Grande ABC, no panorama da indústria de metalurgia, considerando sua posição de destaque no estudo da Fundação Seade? 

Felipe Guerini – O ABC, área crucial para o desenvolvimento do Estado e do País, é tradicionalmente conhecido por suas grandes montadoras de automóveis. No entanto, vem se destacando pela diversificação de sua indústria, desde grandes até pequenas e microempresa, que são as principais geradoras de emprego no País. Sua localização estratégica, entre a capital paulista e o litoral, facilita o escoamento de produtos, impulsionando o crescimento da região e atraindo diversos tipos de indústria. Esse desenvolvimento se reflete localmente na geração de empregos, no surgimento de novos comércios, serviços e empreendimentos, fortalecendo a economia e a qualidade de vida na localidade.

De que forma o investimento em inovação na indústria metalúrgica pode impulsionar a competitividade do setor no Brasil, transformando-o em um polo de referência? 

FG – O investimento contínuo em inovação, como em qualquer segmento, gera diferenciais competitivos para as empresas. O Brasil tem grandes oportunidades, principalmente voltadas para a área de sustentabilidade. O desenvolvimento de processos metalúrgicos energeticamente eficientes, com menor impacto ambiental, e orientados à economia circular, associado ao País ter uma matriz energética predominantemente oriunda de fontes renováveis, são grandes características que podem posicionar o Brasil em uma liderança global do tema.

E quais são as principais estratégias que as empresas podem adotar para promover essa inovação? 

FG – O Brasil investe, aproximadamente, 2% de seu Produto Interno Bruto (PIB) em atividades voltadas para inovação, e o percentual de pesquisadores em relação à sua população é baixo em comparação aos países desenvolvidos. Outro aspecto do ecossistema de inovação do Brasil está na grande dependência de aportes públicos,cujo percentual é significativamente maior do que os investimentos feitos pela iniciativa privada. Nesse cenário, o Brasil ainda precisa evoluir na formação de profissionais orientados à inovação e na aproximação da indústria com as universidades. As parcerias entre esses dois atores são comuns em países desenvolvidos, sendo que boa parte do capital de inovação vem de investimentos da iniciativa privada.

Quais são os principais desafios enfrentados pela Termomecanica e outras empresas do setor? E como a empresa tem se adaptado às tendências emergentes no mercado de alumínio? 

FG – O cenário atual apresenta diversos desafios, como inflação e juros elevados, o que causa um receio geral no mercado. Temos ainda o conflito entre Rússia e Ucrânia e a crise energética na China e Europa, que geram instabilidades que impactam significativamente a oferta de alumínio global e, consequentemente, a variação de preços do metal. Nesse contexto, o Brasil possui alto nível de reciclagem e custo energético menor em relação ao de outros países que utilizam diferentes matrizes energéticas, o que confere ao nosso país posição vantajosa em termos de produção. A Termomecanica, por sua vez, reforça os mercados em que já atua na qualidade dos produtos entregues e com uma estrutura técnica e ágil de atendimento ao cliente, além de criar linhas de produtos para atingir novos mercados. Vale ressaltar que, mesmo com esse cenário, as perspectivas futuras para o setor elétrico no Brasil são positivas e de crescimento, principalmente pelos investimentos já realizados e por novos leilões para o Sistema Nacional Interligado.

Como a empresa lida com questões relacionadas à eficiência energética e redução de impactos ambientais em suas operações? 

FG – A unidade de produção de alumínio da TM (Fábrica III) faz o uso de energia de fonte renovável desde meados de 2023. Além disso, adotamos as melhores práticas para aumentar a eficiência energética nos nossos processos. As duas fábricas de produção de artefatos de cobre e suas ligas são certificadas conforme a NBR 50001 – Eficiência Energética. Há um planejamento para estender essa certificação para a fábrica de produção de alumínio.

Considerando o papel estratégico da Região Metropolitana de São Paulo na indústria de metalurgia, quais são as perspectivas de crescimento e desenvolvimento para o setor nessa área? 

FG – Há boas perspectivas impulsionadas pela retomada de vários setores econômicos, como construção civil, elétrico, de refrigeração e automotivo.

Qual é a importância da capacitação e qualificação da mão de obra para garantir a competitividade e sustentabilidade do setor de metalurgia no Brasil? 

FG – Em um mercado dinâmico como o de metalurgia, em que novas técnicas e tecnologias estão sempre surgindo, manter os funcionários atualizados e bem treinados é crucial para acompanhar e até mesmo liderar essas mudanças. Além disso, a capacitação e a qualificação da mão de obra ajudam a aumentar a segurança no ambiente de trabalho, reduzir custos operacionais e promover um ambiente de trabalho mais positivo e produtivo. Isso contribui para a retenção de talentos e para a construção de uma equipe altamente qualificada e comprometida. Investir na capacitação e qualificação dos funcionários não apenas melhora a eficiência e a qualidade dos produtos, mas também promove inovação e desenvolvimento tecnológico.

É por isso que a empresa possui uma universidade corporativa? 

FG – Reconhecemos a importância fundamental da capacitação e qualificação da mão de obra para garantir a competitividade e sustentabilidade do setor de metalurgia no Brasil, incluindo o mercado de alumínio. Essa percepção reflete a compreensão de que os recursos humanos são um dos pilares essenciais para o sucesso e crescimento contínuo da empresa e do setor como um todo. Visando ao aperfeiçoamento das competências comportamentais, gerenciais e funcionais, a Universidade Corporativa Salvador Arena (UCSA) promove ações de desenvolvimento para empregados, parceiros, clientes e fornecedores da Termomecanica. Ela é vinculada à Fundação Salvador Arena e está subdividida em quatro escolas, as quais oferecem cursos presenciais e a distância, alinhados às diretrizes estratégicas da empresa.

Fotos: Divulgação Termomecanica

Veja também:

Toshiba lança bateria com alumínio para veículos elétricos

A Toshiba Corporation acaba de apresentar o módulo SCiB, seu mais recente avanço em baterias de íon-lítio. Projetado para impulsionar a eletrificação de ônibus, navios e aplicações estacionárias, o novo produto possui placa de base de alumínio, o qual promete dissipar o calor com uma eficiência duas vezes maior que os módulos atuais. As baterias

Alumínio brasileiro em destaque na COP30

De 10 a 21 de novembro de 2025, em Belém, no Pará, realizar-se-á a 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP30). Na ocasião, a Associação Brasileira do Alumínio (ABAL), em conjunto com as indústrias do setor, apresentará ao mundo que o alumínio, um metal leve e versátil, pode ser protagonista na construção de

Grupo Boticário inova com embalagens de alumínio reciclado

Desde o lançamento da sua nova embalagem de aerossol de alumínio reciclado, o Grupo Boticário já evitou a emissão de mais de 240 t de dióxido de carbono na atmosfera e reduziu em mais de 100 t o volume de resíduos de alumínio. Fruto da parceria com a Trivium Packaging, multinacional especialista em embalagens metálicas,

Rolar para cima
Rolar para cima