Preparando o terreno para a COP30, empresas do setor de alumínio, como Alcoa, Novelis, Hydro e MRN, intensificam seus projetos de sustentabilidade, visando a demonstrar o compromisso com a descarbonização, economia circular e responsabilidade socioambiental. O evento, a ser realizado em Belém, capital do Pará, de 10 a 21 de novembro de 2025, será palco para essas empresas apresentarem suas inovações e metas ambiciosas para um futuro mais verde, destacando a importância do alumínio na transição energética e na preservação da Amazônia.
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Com a expectativa de receber mais de 60 mil pessoas, o evento contará com duas áreas principais: a Blue Zone, espaço dedicado às negociações oficiais entre os países membros da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (UNFCCC), e a Green Zone, que abrigará exposições e eventos paralelos promovidos por ONGs e outras iniciativas climáticas.
Projetos de transição
A Alcoa pretende mostrar sua atuação responsável ao longo das décadas, integrando produção com conservação ambiental e respeito às pessoas – funcionários ou moradores das comunidades em que está presente.
“Consideramos o evento uma oportunidade para fortalecer o diálogo entre indústria, governo e sociedade sobre soluções para a transição energética, afinal o caminho para uma economia de baixo carbono passa pela inovação da indústria de base, com participação essencial do alumínio. A ideia é apresentar, para a sociedade e outros públicos de interesse, os nossos projetos de transição energética, descarbonização, economia circular e gestão de águas, assim como as iniciativas de desenvolvimento regional e responsabilidade socioambiental”, afirma Thaíza Bissacot, diretora-regional de Meio Ambiente da Alcoa.
A Alcoa tem metas globais alinhadas aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU, o que garante uma abordagem integrada e consistente em todas as suas operações no mundo. Esse compromisso norteia os esforços da empresa para gerar impactos positivos tanto na cadeia de valor como nas regiões em que atua. A empresa pretende diminuir a intensidade das emissões de gases de efeito estufa (GEE) dos escopos 1 e 2 em suas refinarias e operações de redução em 30% até o fim de 2025 e em 50% até 2030. A ambição final é alcançar emissão líquida zero até 2050.
Liderança em reciclagem
A Novelis planeja engajar diversos públicos e dar visibilidade ao sucesso do modelo brasileiro de reciclagem de latinhas pós-consumo, considerado um exemplo internacional.

“Somos a única recicladora do País que reintegra o alumínio reciclado diretamente à cadeia de produção de latas, o que significa que coleta e recicla sucata de alumínio proveniente do processo produtivo e do pós-consumo, reaproveitando-a na fabricação de novos produtos, em um modelo ideal de produção sustentável”, afirma Eunice Lima, diretora de Comunicação e Relações Governamentais da Novelis.
Diante dos desafios climáticos e ambientais, a Novelis estabeleceu metas ambiciosas por meio da sua nova Visão de Futuro, chamada Visão 3×30, que tem como foco ampliar a circularidade, reduzir a pegada de carbono e liderar transformações na indústria. A empresa pretende aumentar o uso de conteúdo reciclado em seus produtos – atualmente, cerca de 80% das chapas de alumínio produzidas na América do Sul já são feitas com material reciclado –, além de fornecer o alumínio laminado com a menor pegada de carbono do mercado (2,0 tCO2e/t nos escopos 1, 2 e 3). Para isso, está concluindo investimentos que elevarão sua capacidade de produção de laminados para 750 mil t e de reciclagem para 500 mil t por ano.
“A Novelis também assumiu o compromisso global de alcançar a neutralidade de carbono até 2050, com metas intermediárias até 2026: reduzir em 30% as emissões de CO2, em 20% os resíduos enviados a aterros e em 10% tanto a intensidade do consumo de energia como de água. A COP30 será uma oportunidade para compartilhar esses avanços e fortalecer o papel do alumínio como solução sustentável para o futuro”, considera Eunice.
Outro destaque será o fortalecimento dos elos iniciais da cadeia da reciclagem. A Novelis quer levar à conferência iniciativas do movimento Liga da Reciclagem, criado para engajar e apoiar catadores, catadoras e cooperativas.
Investimento em redução de emissões
Com presença significativa no Pará e forte atuação na indústria de alumínio, a Hydro e sua subsidiária Albras estão se preparando para a COP30 com uma abordagem estratégica que vai muito além dos dias da conferência. De acordo com Eduardo Figueiredo, vice-presidente-sênior de Sustentabilidade e Impacto Social da Hydro, a empresa iniciou sua jornada rumo à COP em setembro de 2024, com participação na Semana do Clima de Nova York (NYCW), e seguirá engajada em eventos nacionais e internacionais ao longo de 2025.

O objetivo é impulsionar suas ambições em sustentabilidade, fortalecer o ambiente de negócios e preservar sua reputação, com a intenção clara de deixar um legado positivo no pós-COP, especialmente na região amazônica. Para isso, a Hydro e a Albras estão apostando em projetos estruturantes com impacto duradouro, sustentabilidade financeira e potencial de transformação social e econômica local.
Na prática, a empresa já acumula avanços concretos. De 2022 a 2024, foram investidos cerca de R$ 8,8 bilhões em iniciativas voltadas à descarbonização e transição energética. Os recursos foram aplicados em projetos como as usinas solares de Boa Sorte, em Minas Gerais, e Mendubim, no Rio Grande do Norte, além do parque eólico Vento de São Zacarias, na divisa entre os Estados de Piauí e Pernambuco. Outras ações incluem a aquisição de caminhões elétricos para a Mineração Paragominas, a substituição do carvão por vapor por meio de caldeiras elétricas na refinaria Alunorte e uma série de projetos de pesquisa e desenvolvimento.
Com esse conjunto de iniciativas, a empresa pretende reduzir globalmente as emissões em pelo menos 30% até 2030, meta com bom posicionamento, e zerá-las até 2050.
“Acreditamos que a COP30 será uma oportunidade única para mostrar ao mundo nossa evolução nessas metas e nos auxiliará a traçar novas estratégias que contribuam ainda mais para a preservação do nosso planeta e da Amazônia. Ao colocar o Brasil e o Pará nos holofotes da comunidade internacional, a COP promoverá discussões fundamentais de estratégias para atingir resultados de redução de emissões de carbono de acordo com a realidade da região e, consequentemente, alavancará os investimentos necessários”, destaca Figueiredo.
Mineração responsável
A Mineração Rio do Norte (MRN) aproveitará o evento para compartilhar sua experiência de 45 anos de atuação na Amazônia e seu compromisso com uma mineração cada vez mais sustentável e inclusiva. A empresa estará presente na Arena CronoEcológica, espaço idealizado pela Associação Brasileira do Alumínio (ABAL), localizada na Free Zone – área de acesso gratuito ao público –, com o objetivo de fomentar o diálogo com diversos setores da sociedade. A participação será guiada pelo tema “Floresta em pé e matrizes energéticas”, reforçando iniciativas como a recuperação do Lago Batata, referência em restauração ambiental, e o reflorestamento com mudas nativas liderado pela própria MRN.

No campo da transição energética e redução de emissões, a empresa registra avanços expressivos. Pelo 6º ano consecutivo, conquistou o selo de ouro do Programa Brasileiro GHG Protocol e, desde 2021, mantém a certificação Aluminium Stewardship Initiative (ASI), que atesta boas práticas socioambientais e de governança. A MRN já conseguiu reduzir em 21% suas emissões de gases de efeito estufa e se prepara para uma mudança ainda mais significativa com a instalação de uma linha de transmissão de quase 100 km, que transformará sua matriz energética e permitirá a redução de 90% das emissões.
“A produção sustentável da bauxita, com a gestão de resíduos sólidos industriais e urbanos e o monitoramento de ar, água e ruídos, é uma realidade que a MRN pretende multiplicar em sua cadeia de valor. As certificações que possuímos refletem nossa dedicação em operar com responsabilidade, priorizando a segurança, a saúde e o respeito ao meio ambiente e às comunidades do Oeste do Pará. A MRN quer mostrar que é possível conservar a biodiversidade e, ao mesmo tempo, promover o crescimento socioeconômico da região amazônica”, afirma Guido Germani, CEO da empresa.
Fotos: Divulgação Novelis, MRN e Hydro