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Norma técnica afere conteúdo reciclado em produtos de alumínio

Informações mais precisas são fundamentais para as certificações ambientais

Os greenbuildings – também conhecidos como “edifícios verdes” – têm sido projetados para reduzir os impactos à natureza. Afinal, o setor de Construção Civil é responsável por grande parte do consumo de recursos naturais do planeta — estima-se chegar a 75% do que é usado.

Na concepção de novos empreendimentos, já há preocupação com a sustentabilidade do projeto da obra, passando pelo uso e operação da construção até a possível demolição no futuro. E, nesse contexto, o uso de materiais com conteúdo reciclado e, de preferência, recicláveis, é um fator valorizado pelas certificações ambientais.

Como o alumínio é um metal com larga aplicação na Construção Civil, e pode atender os requisitos dos greenbuildings, estimulou-se, em 2017, a publicação da NBR 16598 — Alumínio e suas ligas – Definições e métodos de cálculo para determinação do conteúdo reciclado em produtos extrudados, laminados e fundidos, regulamentação sob responsabilidade do Comitê Brasileiro do Alumínio (CB-035) da Associação Brasileira do Alumínio (ABAL).

Cíntia Figueiredo, então coordenadora da Comissão de Estudo de Reciclagem de Alumínio do CB-035, conta que o objetivo da norma foi esclarecer alguns conceitos, tais como:

  • Material reciclado pré-consumo (resíduo metálico gerado em uma unidade produtiva e processado em outra, por exemplo);
  • Material reciclado pós-consumo (descartado após a utilização final);
  • E run around scrap (RAS) — resíduo proveniente do processo fabril.

Além disso, foi necessário adaptar as definições para a indústria do alumínio e apresentar os métodos de cálculo do metal reciclado utilizado, por período ou por lotes de produtos, para a emissão de autodeclarações por parte dos fornecedores.

A norma ainda sugere um modelo de autodeclaração de conteúdo reciclado do alumínio para a Construção Civil e outras aplicações.

Por que a norma é importante?
Segundo Heber Otomar, consultor técnico de Desenvolvimento de Mercado e Inovação da Companhia Brasileira de Alumínio (CBA), a norma é fundamental para balizar o mercado e oferecer uma ferramenta que permita às brand owners (proprietários da marca), especialmente empresas de construção civil e de automotores, a visão real do produto adquirido.

Nesse contexto, o documento não serve para limitar a quantidade de alumínio reciclado por liga, já que o metal é infinitamente reciclável, mas para que todos os fornecedores possam aferir o percentual de material reciclado utilizando a mesma metodologia.

“Antes, cada fabricante utilizava modelos matemáticos diferentes para o cálculo de volume de material reciclado. Como não havia a padronização de como esse percentual deveria ser informado aos compradores, isso tornava a comparação entre eles inviável”, esclarece o consultor da CBA.

Benefícios para todo o mercado
Na avaliação de Otomar, além de o consumidor poder comparar efetivamente produtos e diferentes empresas, a norma contribui para aferir o impacto ambiental pelo uso de diferentes ligas e ainda fomenta o pensamento de ciclo de vida nos diferentes segmentos consumidores de alumínio.

Para a indústria de Construção Civil, isso é muito importante para reduzir as emissões de gases de efeito estufa (GEE).

“Não se trata apenas de fazer uso racional de recursos e instalar painéis para captura de energia solar ou água da chuva. A escolha dos materiais é fundamental para um empreendimento sustentável”, enfatiza o consultor da CBA.

Na avaliação de Cintia, do ponto de vista dos fabricantes de produtos de alumínio, a norma apresenta critérios que tornam a concorrência em obras e em processo de certificação mais justa, já que estabelece que as declarações sejam precisas, permite rastreabilidade, indica diretamente a que se aplicam e não dá a possibilidade de interpretação enganosa.

“A norma garante a uniformização das declarações de conteúdo reciclado para certificações ambientais de edifícios e estimula melhorias na produção, nos processos e nos produtos”, explica Cintia.

Indústria atende os critérios
Atualmente, os produtos das grandes indústrias de alumínio já se enquadram na norma.

“A Novelis adota todas as práticas recomendadas na utilização de conteúdo reciclado em suas ligas. E isso é um dos principais diferenciais em termos de sustentabilidade”, afirma Daniel Feliciano, Product Development Engineer da Novelis.

Os produtos especiais permitem que os arquitetos deem vida aos seus designs mais inovadores e ambiciosos de forma ecologicamente correta e econômica.

“Material do futuro, o alumínio é 100% reciclável e esse processo utiliza apenas 5% da energia necessária para produzir a mesma quantidade do metal a partir da mineração, sem perder nenhuma das propriedades ou qualidades do produto”, informa Feliciano.

Otomar, da CBA, explica que as ligas de alumínio com metal reciclado produzidas pela companhia podem ajudar a somar de 4 a 5 pontos na classificação do edifício para a certificação internacional Leadership in Energy and Environmental Design (Leed), concedida pelo Green Building Council Brasil (GBC Brasil).  

“Considerando que a pontuação é 40, estamos falando de mais de 10% do score. Usar essas soluções reguladas pela NBR 16598 é uma escolha muito significativa. Pode ser a diferença entre as classificações ouro e diamante do Leed”, reforça. 

 Alisson Vasconcelos, coordenador de Engenharia e Qualidade da Hydro, comenta que a companhia de origem norueguesa utiliza em seus processos boa parte da matéria-prima reciclada e, conforme a demanda, pode produzir perfis de alumínio com até 80% de conteúdo reciclado.

“Isso é possível porque a empresa atua em toda a cadeia do alumínio, desde os processos de fundição e refusão, até a extrusão dos perfis para aplicação na construção civil”, acrescenta.

 

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