Uma lâmina de alumínio, núcleo de polietileno e outra lâmina do metal. Essa é a receita do “sanduíche” que forma o painel de alumínio composto, o ACM, sigla proveniente do inglês aluminum composite material. O composto chegou ao Brasil na década de 1990, após fazer sucesso na Europa e Estados Unidos.
Inovador, versátil, durável e de fácil aplicação, logo ganhou espaço em diferentes projetos arquitetônicos pelo País. Hoje, agrega diversas tecnologias e apresenta cores sólidas, metálicas, acabamentos diferenciados com efeitos marmorizados e até texturas rugosas e ásperas.
Um dos pioneiros
O Plaza Centenário, localizado na Marginal do Pinheiros, em São Paulo, foi um dos primeiros edifícios a receber grande metragem do revestimento na fachada. Pela coloração acinzentada e traços futuristas, passou a ser popularmente conhecido como ‘Robocop’.
Desde a inauguração, em 1995, nenhuma placa de ACM precisou ser substituída até hoje, como conta César Murilo Sales, gerente nacional de Vendas da Alukroma, uma das fabricantes do produto no Brasil.
O executivo lembra que o revestimento foi concebido para retrofits de fachadas. Devido à rapidez na instalação, o material trouxe um ganho de tempo importante para as obras de renovação, restauração ou revitalização.
“Com o tempo, os projetos de arquitetura já saíam especificados com ACM nas fachadas, em casamento com o vidro”, afirma Sales.
Múltiplas possibilidades
Inicialmente, o revestimento era um produto de alto custo e pouca acessibilidade — algo que, garantem os fabricantes, já não é realidade. Por conta das inúmeras possibilidades de aplicação, conquista novos nichos de mercado.
O material já é visto em:
- Aplicações externas
- Coberturas
- Marquises
- Acabamentos internos
- Sinalização viária
Conheça as principais vantagens do revestimento:
- Alta planicidade
- Aumento da vida útil da fachada
- Baixo custo de manutenção
- Excelente desempenho térmico e acústico
- Fácil de desmontar
- Pode ser reutilizado e reciclado
- Leveza
- Mantém a cor sem variação, mesmo quando produzido em grande escala
- Não propaga chamas
- Resistência à corrosão
- Resistência às intempéries
- Versatilidade na combinação de materiais
Setor de transportes
O ACM já é bastante usado em implementos rodoviários. As carrocerias de caminhões, que antes tinham a madeira como produto principal, com baixa vida útil, já recebem o material, principalmente para a redução de peso e ganho de durabilidade.
Além disso, os food trucks também aderiram ao material. Por ser dinâmico e estar disponível em várias cores e texturas, o produto apresenta diversas soluções para esse negócio — confira reportagem exclusiva sobre o tema aqui no portal.
Do moveleiro às portas
Segundo Sales, da Alukroma, na indústria moveleira também existem muitas oportunidades para o ACM, assim como para as portas de alto padrão.
“Portas pivotantes, de grandes dimensões, já são feitas com o ACM. Se fossem produzidas com madeira, teriam um peso absurdo”, ressalta o gerente. “Com o ACM, além do acabamento interessante, proporciona leveza.”
Várias empresas já atuam nesse mercado fabricando portas com aço ou alumínio, sendo revestidas com os painéis de ACM.
Dos grandes para os pequenos projetos
Se nos anos 1990, o ACM só era viável para os grandes projetos de arquitetura, hoje permeia até as reformas residenciais e pode ser aplicado em forros e divisórias, entre outras possibilidades.
“Os painéis são utilizados em fachadas, pergolados, portas e paredes; não existem limites para esse produto”, reforça Jefferson Lousa, diretor da Projetoal, empresa que começou a produzir os painéis há pouco mais de dois anos. “O material é aceito em qualquer lugar, desde que tenha estrutura para instalá-lo.”
Por ser versátil como poucos revestimentos, o ACM é visto como uma espécie de ‘coringa’ para arquitetos, construtores e profissionais da comunicação visual. “Trata-se de um material que soluciona os desafios mais sofisticados e contribui para resultados estéticos elogiáveis”, destaca Lousa.
Em São Paulo, o escritório Nitsche Arquitetos Associados optou pelos painéis de ACM para a fachada de um imóvel de alto padrão — conheça o projeto aqui. A casa de alvenaria convencional contava com revestimento antigo de telha de fibrocimento.
Arquiteta e urbanista, Lua Nitsche conta que o escritório sugeriu a substituição por ACM devido à rápida aplicação e por não gerar manutenção. “Por ser de alumínio, o material não enferruja e também não é necessário pintá-lo, além de ser leve”, ressalta.
Variedade no mercado
A espessura do ACM varia, em geral, de 3 a 4 mm. As medidas também são adaptáveis, porém, o padrão fica entre 1,25 e 1,50 m de largura por 5 de comprimento. Os tipos mais comuns disponíveis são:
– Poliéster: indicado para uso interno, com baixa exposição de luz solar
– Kynar PVDF: usado para o revestimento de fachadas, com pintura que garante uniformidade da cor e resistência a agentes externos.
É possível encontrar outras variedades do produto no mercado, tais como:
Switch color: tem pintura exclusiva que altera a cor com a exposição à luz;
Nano: indicado para locais com alta exposição à poluição;
Anodized: cor exclusiva gerada em processo eletrolítico, que aumenta a resistência e a espessura da camada de pintura.
É de suma importância a escolha do produto adequado para cada tipo de utilização. Além da variedade de cores e tamanhos, é possível eleger até o tipo de núcleo — por exemplo, o ACM FR (Fire Resistance), resistente a chamas.
A garantia de cinco até 20 anos depende da quantidade de camadas de pintura especificada pelo fabricante.
Potencial
Beatriz Sobreira, gerente sênior de Vendas da Novelis, fabricante de chapas de alumínio, aposta no potencial do produto.
“É resistente às intempéries e aos raios ultravioleta, além de fornecer conforto térmico e isolamento acústico aos ambientes. Acreditamos no crescimento da utilização do ACM pelas diversas vantagens que o produto apresenta.”