Terminal de passageiros esperando o barco (1)

Conheça Juruti: sem abrir mão da identidade, cidade evolui com o alumínio

Município do oeste paraense, rico em reservas de bauxita, segue a dinâmica da natureza

Empresas que atuam no segmento do alumínio estão em regiões talvez não tão conhecidas pelos brasileiros. A ação das companhias nessas localidades gera emprego, circulação de renda e melhorias na infraestrutura, dentre diversos benefícios. Para jogar luz a esse fato muitas vezes desconhecido, iniciamos uma “viagem” pelo País, apresentando cidades influenciadas pelo setor.

Nosso primeiro destino é a paraense Juruti, cidade que teve origem em uma aldeia dos índios Munduruku. A comunidade foi erguida sobre as praias brancas do lago Juruti, à margem direita do rio Amazonas, na fronteira entre os Estados do Pará e Amazonas.

Em 2005, Juruti recebeu um investimento de US$ 1,8 bilhão da Alcoa para a construção de um empreendimento para a mineração sustentável de bauxita, matéria-prima do alumínio. O município, é importante ressaltar, é dono de um dos maiores depósitos do minério, com potencial de 700 milhões de t métricas.

Bem maior que São Paulo
A partir da chegada da Alcoa, Juruti foi impactada por uma onda de desenvolvimento, mas sem perder a sua identidade. Localizada dentro da Floresta Amazônica, em um local privilegiado, vive em função da natureza. A população, de pouco mais de 50 mil habitantes, utiliza barcos, lanchas e balsas como principal meio de transporte. O município, cuja área é de 8,3 mil km² — mais de cinco vezes o tamanho de São Paulo —, abriga mais de 200 comunidades rurais.

“Aqui os tempos de viagem são longos. Há comunidades distantes até 18 horas de barco. Quando conseguimos uma estrada, utilizamos o carro também”, diz Ariadne Lima, secretária municipal de Cultura, Desporto e Turismo de Juruti.

Apesar da distância, as comunidades são atendidas com unidades de saúde e educação, além de pequenos núcleos urbanizados. As maiores ficam nos distritos de Tabatinga, Juruti Velho e Castanhal. Os trabalhadores vivem da agricultura — principalmente do cultivo de mandioca para produção de farinha, enviada em grande parte para Manaus —, além da pecuária, pesca (no caso dos ribeirinhos) e do extrativismo de frutas nativas, como açaí, bacaba e castanhas.

Na região urbana, os principais empregadores são a prefeitura de Juruti e a Alcoa. A sede do município oferece outros meios de transporte como carro, ônibus e vans.

“Como temos uma estrada asfaltada que vai até a mina de extração da Alcoa, quem utiliza mais esse tipo de transporte são os trabalhadores da empresa”, conta a secretária. A cidade tem ainda um pequeno aeroporto e um porto, utilizado para escoar a produção de minério da mineradora.

Escola ribeirinha em Juruti: a área do município é de 8,3 mil km² e abriga mais de 200 comunidades rurais (Foto: Diego Rocha)

Festribal
Juruti também é palco do Festribal, uma das maiores manifestações culturais do Pará. O evento retrata a cultura indígena por meio da disputa entre as tribos Munduruku e Muirapinima. Desde 2005, o festival acontece anualmente no mês de julho (este ano não acontecerá, por conta da pandemia)  e movimenta a rede de serviços da cidade, além de impulsionar o turismo.

A secretária municipal de Cultura, Desporto e Turismo afirma que o evento tem ajudado a melhorar a infraestrutura da cidade, assim como os investimentos provenientes dos royalties da mineração.

“Hoje a sede do município já tem asfalto e a educação funciona em sua plenitude. Há muitas escolas, inclusive na zona rural. A saúde tem uma dinâmica forte no município”, explica.

Ariadne comenta ainda que a comunicação é uma das dificuldades do município. Além da área urbana, apenas 20% das comunidades rurais têm acesso à Internet, a qual, aliás, não é de boa qualidade.

“Mas o celular já é uma ferramenta importante na vida dos jurutienses”, ressalta.

Festribal: evento retrata a cultura indígena por meio da disputa entre as tribos Munduruku e Muirapinima (Foto: Prefeitura de Juruti)

A chegada da mineração
A Alcoa começou a vislumbrar o empreendimento na cidade em 2001, quando comprou os direitos minerários da Reynolds Metals.

“Eu tive a felicidade de ir a Juruti em 2005. Quando cheguei, havia 35 mil habitantes, sendo 10 mil na região urbana. A infraestrutura era rudimentar, sem ruas asfaltadas, algumas casas de alvenaria, dois telefones e poucos veículos. Não existia celular e nem Internet”, lembra Gênesis Costa, gerente-geral da companhia.

A Alcoa firmou um compromisso com a comunidade local para investir R$ 74 milhões no desenvolvimento, por meio de uma Agenda Positiva, com 54 iniciativas nas áreas de saúde, educação, segurança pública, assistência social e infraestrutura urbana e rural. Quase todas já foram implementadas e contribuíram para elevar a qualidade de vida na região, além da renda per capita.

Dentro dessa proposta, a Alcoa construiu o Hospital 9 de abril, hoje administrado pela Associação e Fraternidade São Francisco de Assis na Providência de Deus.

Antes, o hospital nunca tinha feito um procedimento cirúrgico. Era um pronto-atendimento. Hoje temos 23 leitos e estamos construindo mais 32 para atender o projeto de regionalização estadual”, comenta Frei Mariano Freitas, diretor do hospital.

Para qualificar a mão de obra da região, o município de Juruti recebeu ainda uma unidade do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai) e o campus da Universidade Federal do Oeste do Pará (Ufopa). Ao mesmo tempo, as comunidades ribeirinhas foram envolvidas nas operações da Alcoa, por meio do cultivo de plantas utilizadas no processo de reabilitação das áreas mineradas.

Sustentabilidade
O estabelecimento da Alcoa na região impulsionou a criação do Instituto Juruti Sustentável (Ijus) em 2008, recebendo R$ 3 milhões iniciais da companhia para trabalhar com projetos voltados ao município.

“Quando chega um empreendimento dessa envergadura, há um impacto positivo, com recurso que entra para os cofres públicos”, comenta Maria Raimunda Melo, presidente da entidade.

A chegada da empresa motivou a população a se organizar e a pensar o desenvolvimento.

“Temos uma relação muito boa com a Alcoa”, afirma Maria. Ela comenta que o maior esforço, agora, é pensar em como a cidade vai ficar no período pós-mineração, uma questão de longo prazo, já que a perspectiva de produção de bauxita em Juruti é de 100 anos.

“Nosso objetivo é que seja garantida a qualidade de vida das pessoas. Temos um trabalho grande, um desafio para garantir que o município fique bem”, declara.

As bases para isso, ao que tudo indica, estão sendo criadas.

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