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Indústria do alumínio dribla desafios para garantir índice de reciclagem de latinhas em 2020

Sistema de logística reversa do Brasil é considerado maduro e foi fundamental para o resultado positivo

O Brasil se manteve entre os líderes mundiais em reciclagem de latas para bebidas em 2020, com índice de 97,4% da produção, que corresponde a 391, 5 mil t ou 31 bilhões de unidades, conforme divulgado pela Associação Brasileira do Alumínio (ABAL) e a Associação Brasileira dos Fabricantes de Latas de Alumínio (Abralatas).

O resultado supera os 95% estabelecidos no Termo de Compromisso de Logística Reversa de Latas de Alumínio para Bebidas firmado entre a indústria do alumínio e o Ministério do Meio Ambiente em 2020. Além disso, o índice chama a atenção por conta das dificuldades impostas pela pandemia da Covid-19, que limitou a realização de eventos e trouxe desafios para a coleta do material.

Sem interrupção
Em abril do ano passado, o governo federal incluiu a indústria do alumínio na lista de atividades essenciais, fato determinante para a continuidade das operações de toda a cadeia produtiva.

“A Novelis produz laminados com conteúdo reciclado que são utilizados nas embalagens de diversos produtos para a população. O alumínio é essencial para o abastecimento e a distribuição nos segmentos de alimentos e bebidas, higiene e saúde. Continuar com as nossas operações foi fundamental para seguirmos fazendo esse trabalho”, comenta Gustavo Faria, gerente de negócios de Metal da Novelis América do Sul.

Apesar disso, a redução da produção industrial imposta pela crise de saúde ocasionou a desaceleração do consumo de sucatas. Neste contexto, a Novelis optou por aumentar a participação da sucata no processo de reciclagem, saindo de um índice próximo a 60% para mais de 70% no último ano fiscal. A decisão ajudou a manter a remuneração dos membros da cadeia de suprimentos e postos de trabalho. 

Vale destacar que a multinacional respondeu por 64% do total de latas de alumínio recicladas em 2020, com cerca de 19 bilhões de unidades da embalagem.

Segundo Cátilo Cândido, presidente-executivo da Abralatas, as fabricantes de latas de alumínio para bebidas também não interromperam as atividades e ainda tiveram um incremento na produção.

“As unidades fabris atuam 365 dias do ano, 24 horas por dia para manter a produção. Foram adotados protocolos rigorosos para continuar funcionando como setor essencial. Tivemos que fabricar mais para atender a demanda que aumentou. Em 2020, foram comercializadas 31 bilhões de latas, que representam um crescimento de 7,3% na comparação com o ano anterior”, comenta o executivo.

Já o Grupo ReciclaBR – que administra empresas que atuam em toda a cadeia de metais não ferrosos, inclusive na área de reciclagem de alumínio – enfrentou o desafio de adaptar o atendimento dos clientes durante os períodos de fechamento dos comércios para o telefone ou ferramentas digitais como o WhatsApp.

“Tivemos que fazer a manutenção dos protocolos de prevenção para proteger os colaboradores e clientes, e garantir o desenvolvimento das operações de forma segura”, diz Mário Fernandez, CEO do Grupo ReciclaBR.

Estrutura consolidada
O sistema de logística reversa da lata de alumínio do Brasil é considerado maduro e foi fundamental para a manutenção do índice de reciclagem de latas no ano passado.

“Podemos dizer que a Abralatas junto com a ABAL conta com um case de sucesso, formando um exemplo de economia circular harmônica que funciona no país”, alega o dirigente da Abralatas.

Além disso, o executivo acrescenta que existe uma importante parceria e conexão do setor de alumínio com centenas de cooperativas e milhares de catadores o ano todo.

“Hoje as pessoas já começam a entender que de fato o alumínio é infinitamente reciclado e tem um valor relativamente alto se comparado a outras embalagens”, ressalta Cândido.

Anderson Nassif, catador e assessor técnico da Associação Nacional de Catadores e Catadoras de Materiais Recicláveis (Ancat) tem a mesma visão do presidente-executivo da Abralatas. Segundo ele, o índice de reciclagem foi mantido justamente em decorrência do preço do alumínio.

“Houve um período de restrições do trabalho de cooperativas e associações na cadeia produtiva no ano passado, mas a reciclagem de alumínio é diferenciada. Os catadores continuaram a coleta individualmente porque a lata tem um valor considerável”, afirma Nassif.

Para o CEO do Grupo ReciclaBR, “o sucesso do índice de reciclagem é fruto de anos de trabalho progressivo e constante da indústria, que aperfeiçoou e inovou em processos e sistemas a produção e a coleta de latas. Soma-se o aspecto social, que estimulou atividades empreendedoras com foco na reciclagem.”

Apoio aos catadores
No ano passado, entidades e empresas do setor do alumínio se mobilizaram em diversas iniciativas de apoio a catadores e cooperativas em todo o Brasil, que tiveram a renda comprometida por conta da pandemia. De acordo com levantamento feito pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), o Brasil possuí em torno de 800 mil catadores.

A Abralatas promoveu uma ação humanitária para doação de cestas básicas e materiais de proteção para os catadores autônomos e cooperados, em parceria com o Movimento Nacional dos Catadores de Materiais Recicláveis (MNCR), programa Mesa Brasil Sesc e com as empresas Ball, Crown, Ardagh, Canpack e Ambev. Além disso, a entidade liderou um movimento junto aos governos para mostrar a importância da essencialidade desses profissionais.

A Liga da Reciclagem, movimento da Novelis a favor da sustentabilidade, realizou um programa emergencial para as cooperativas em parceria com a Associação Reciclázaro. A campanha buscou educar sobre prevenção da Covid-19 e permitiu que os cooperados pudessem esclarecer dúvidas legais quanto à operação durante o isolamento social. Além disso, a empresa promoveu doações e participou de ações para garantir o retorno das atividades de forma segura.

O Grupo ReciclaBR realizou a doação de mil cestas básicas para famílias de catadores de materiais recicláveis no estado do Mato Grosso do Sul. A ação foi articulada em conjunto com o Governo do Estado por meio da Secretaria Estadual de Meio Ambiente, Desenvolvimento Econômico, Produção e Agricultura Familiar (Semagro) e o Ministério Público Estadual. Além disso, e empresa reforçou a divulgação de campanhas feitas pela Ancat e os Amigos do Bem.

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