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Tyler Li fala sobre as perspectivas de mercado para veículos híbridos

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Tyler Li, presidente do Grupo BYD no Brasil.

A chegada do Grupo BYD ao Brasil faz parte dos primeiros movimentos do país na jornada pela redução de emissões poluentes e a geração de energia limpa. Confiante no potencial local, a gigante chinesa inaugurará oficialmente, em outubro, a planta voltada para a produção de ônibus elétricos – sua especialidade -, em Campinas, interior do Estado de São Paulo. Os modelos totalmente em alumínio prometem atender à demanda crescente por veículos elétricos e híbridos (que exigem uma estrutura mais leve, devido ao peso das baterias). “As carrocerias de nossos ônibus são todas feitas de alumínio, o que trouxe redução de peso e maior durabilidade dos modelos”, explica Tyler Li, presidente da BYD no Brasil.

Boa notícia para o segmento do alumínio: cada unidade consome até 1,8 tonelada de alumínio, nos modelos de 15m. E o grupo está em busca de parcerias com fornecedores locais, já que a intenção é tornar a unidade brasileira um foco de exportação para América Latina e África, no futuro próximo. Em parceria com a SPtrans, os primeiros testes urbanos começaram em junho e a crise atual não abala as perspectivas da empresa. “Os investimentos da BYD são de longo prazo e acreditamos no potencial do Brasil para continuar a crescer no futuro”, atesta Li. Entre os planos ainda está um complexo industrial que abarcará a BYD Energy, voltada para a produção de painéis solares fotovoltaicos, uma das principais promessas do mercado. Confira.

Que fatores estimularam o investimento do grupo no Brasil?

O Brasil é um país de muitas oportunidades nas áreas de energia limpa e veículos elétricos. Primeiro, em vista dos projetos de corredores de ônibus BRT por todo o Brasil. Além disso, existe a necessidade de buscar alternativas para a redução da emissão de poluentes e de CO2, sendo que o Brasil tem uma matriz energética limpa e renovável. Acreditamos estar no momento certo para a entrada de novas tecnologias de geração de energia limpa e da mobilidade elétrica como uma alternativa viável para a redução de emissão de gases causadores do efeito estufa.

De que maneira o Brasil se enquadra na estratégia de negócios da marca?

A nova planta será a primeira unidade fabril na América Latina e a intenção é de crescer a participação da BYD nesse mercado e ser a base para exportações para a África no futuro. E a fábrica do Brasil deverá suprir a demanda de toda a América Latina, onde a BYD já está fazendo os primeiros negócios em países como Colômbia, Chile e Peru.

O que será agregado à indústria nacional, em termos de tecnologia, com os investimentos?

O investimento da BYD é para longo prazo e será dividido por fases; R$ 150 milhões para a primeira fase, na qual abriremos as fábricas de baterias e de chassis de ônibus. Elas devem agregar novas tecnologias ao país, como os motores elétricos embutidos nas rodas, a tecnologia de carregamento rápido de veículos elétricos e sistemas de gerenciamento de bateria e de armazenamento de energia. Além, é claro, da reintrodução das carrocerias de alumínio, que são mais resistentes e de menor peso em comparação com as similares feitas de aço.

Quando terá início a segunda fase de investimentos no país?

Em 2016, inicia-se uma segunda fase dos investimentos, de mais R$ 150 milhões, para a construção da primeira fase da fábrica de painéis solares fotovoltaicos double glass no Brasil, que agregará novas tecnologias para esta indústria, como a substituição do EVA pelo silício puro. Em uma terceira fase teremos a expansão de capacidade das três fábricas, que incluem a fabricação local de mais componentes dos chassis, aumentando sua capacidade para 4 mil chassis por ano, e dos sistemas de alta voltagem e armazenamento de energia, que incluem, inclusive, a fabricação das células de bateria num valor total estimado de cerca de US$ 400 milhões investidos entre 2014 e 2018.

Quais serão os modelos de ônibus produzidos na planta da BYD?

A BYD vai fabricar chassis pequenos, convencionais e padrão, bem como modelos articulados com foco nos ônibus urbanos. A fábrica de chassis de ônibus tem a expectativa de produção inicial de 500 unidades no primeiro ano e de mil unidades após crescimento do mercado.

Como o alumínio participa dos modelos?

O alumínio é de extrema importância no mercado de veículos elétricos por proporcionar estruturas mais leves e resistentes. Em nossos modelos é utilizado em toda a estrutura da carroceria: teto, laterais, frente, traseira e suportes das baterias (somente o chassi é feito em aço). Ele é padrão em nossos produtos, nas quatro fábricas de ônibus pelo mundo, e cada modelo consome em média 1,2 tonelada, versão convencional de 12m; 1,5 tonelada, padrão de 13m, e 1,8 tonelada para o ônibus padrão de 15m.

Como o grupo vem tratando a questão da nacionalização dos componentes?

Estamos buscando parceiros e começamos o desenvolvimento de fornecedores para a nacionalização dos nossos produtos, com meta para que 65% dos componentes dos chassis ainda no primeiro ano de operação já sejam locais, com o objetivo de ter todos os modelos de chassis financiáveis pelo Finame.

Quais produtos farão parte do portfólio nacional?

Em nossos planos também está a BYD Energy, que montará uma fábrica de painéis solares. Nossa previsão para produção de painéis fotovoltaicos é de 400 MW/ ano. Os painéis double glass 2.0 da BYD não têm moldura, o que diminui a aplicação de alumínio. Porém, como dispõem de vidros duplos, requerem uma estrutura de suporte que pode ser de alumínio também.

Quais oportunidades o mercado local oferece?

O Brasil necessita de alternativas viáveis para o fomento de energias limpas e renováveis, visando maior segurança energética e a redução na emissão de CO2. A BYD escolheu a cidade de Campinas, pela liderança em inovação e desenvolvimento de tecnologias limpas, que se alinham muito bem com a própria filosofia de sustentabilidade da BYD. Campinas também conta com a forte presença de institutos de pesquisas, universidades, bem como fornecedores na região.

Como se dá a gestão da inovação na cultura da empresa?

A BYD é uma empresa extremamente inovadora e investe muito em pesquisa e desenvolvimento. Em nossas 20 unidades pelo mundo, temos uma equipe de mais de 15 mil engenheiros no departamento de pesquisa e desenvolvimento, entre 190 mil funcionários, o que demonstra o foco da BYD em inovação e desenvolvimento de novos materiais e novas tecnologias. Fomos escolhidos pela Bloomberg como a oitava empresa mais inovadora do mundo.

Como a marca trabalha a logística reversa?

Para o alumínio, o ônibus é passível de ser reciclado após os 20 anos de uso. Mas, ainda estamos estudando esses temas para poder desenvolver as soluções de logística reversa após o término da vida útil de nossos produtos. Nossas baterias de fosfato de ferro-lítio, por exemplo, têm uma segunda vida após os 15 anos de utilização nos veículos elétricos nos sistemas de armazenamento de energia estacionários e podem ser reciclados após os 30 anos de vida útil das baterias.

Como a atual crise afeta os planos do grupo?

Apesar de o país estar vivendo um desequilíbrio fiscal e político, os investimentos da BYD são de longo prazo e acreditamos no potencial do Brasil de continuar a crescer no futuro. Nossa estratégia é demonstrar que os veículos elétricos podem ser mais econômicos que os convencionais a diesel se considerado todo o ciclo de operação dos veículos. Acreditamos que o mercado vá perceber esses benefícios em pouco tempo, como ocorreu nos mercados da China, Estados Unidos e em alguns países europeus.

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