Se uma palavra pudesse definir o ano de 2016 para a fabricante de cosméticos Natura, esta seria “mudança”. A começar pelo novo rumo tomado com a decisão de se aventurar no varejo — foram duas lojas físicas abertas este ano, ambas em São Paulo, com a oferta de 40% do portfólio da empresa e foco em produtos premium. A diversificação de canais de venda veio da necessidade da marca de retomar o domínio após perda de espaço no mercado.
Outra iniciativa foi a venda dos produtos da linha Sou em farmácias, buscando, novamente, aumentar o alcance com o consumidor. Pouco tempo depois, a Natura passou pela troca de comando, com a saída de Roberto Lima, e o então vice-presidente de redes, João Paulo Ferreira, assumindo seu posto — com muitos desafios pela frente. Porém, mesmo com o momento de retração econômica e o período delicado para a empresa, a receita líquida da Natura, no primeiro semestre de 2016, foi de R$ 1,69 bilhão, um aumento de 2,9% ante o mesmo período no ano passado.
Porém, o fato de estar inserida em um dos setores de maior prosperidade no país dá à empresa o otimismo necessário — o Brasil segue como quarto mercado consumidor mundial de produtos de beleza, com 9,4% do total, segundo dados da dados da ABIHPEC (Associação Brasileira da Indústria de Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos). Números que motivam a Natura a seguir investindo na expansão física, dando apoio aos empreendedores individuais que trabalham com a venda direta dos produtos da marca, e apostando em sua política de sustentabilidade.
O alinhamento da empresa com a questão ambiental torna natural a presença de embalagens de alumínio dentro do seu portfólio. Muitos dos produtos da empresa são feitos com o metal: tampas anodizadas, bisnagas e desodorantes em embalagem aerossol, como é o caso do Ecocompacto. Não apenas pela preocupação da marca com os impactos de sua produção no meio ambiente, o alumínio é o material ideal como embalagem para seus produtos, já que promove a barreira à luz, resiste à corrosão, preserva as características de aroma do produto e o protege no transporte.
Alessandro Mendes, diretor de desenvolvimento de produto da Natura, conversou com a revista Alumínio e falou sobre os próximos passos da marca e a participação e importância do alumínio nas estratégias e ideologia sustentável da empresa. Confira.
O ano de 2016 foi marcado por profundas transformações. Qual o balanço final?
Ano de amplo aprendizado, sobretudo com a inauguração das lojas físicas. A diversificação e ampliação dos canais é uma forte tendência que a Natura abraçou em 2016 e pretende fortalecer em 2017. A inovação é um valor central para a Natura, como o Natura Campus e o Núcleo de Inovação Natura Amazônia, e ela está diretamente ligada à sustentabilidade que a marca prega.
Como se dá a gestão da inovação no que compete ao desenvolvimento de embalagens?
O Desenvolvimento de Embalagens é suportado por 3 grandes pilares: funcional, estético e sustentável. Todas as nossas embalagens passam por essas avaliações antes de serem lançadas e procuramos encontrar a melhor equação entre elas ao criar algo novo. Isso porque acreditamos que inovar vai muito além da forma: passa por ergonomia, gestual de uso e ecoeficiência. Toda a Natura responde por indicadores ambientais e a área de embalagens tem metas rigorosas em relação a isso! Dessa forma, garantimos nosso alinhamento com a estratégia da marca.
Como se deu a concepção do desodorante em embalagem aerossol de alumínio da linha Ecocompacto?
A possibilidade de reduzir o impacto ambiental e aumentar a portabilidade foi um dos principais motivadores para a Natura investir nesse projeto. A solução técnica foi codesenvolvida por nós em parceria com alguns fornecedores e, após 2,5 anos de um árduo trabalho, lançamos o 1º desodorante Ecocompacto do mercado brasileiro! O novo aerossol foi muito bem aceito pelo consumidor que enxerga, além dos benefícios ambientais, a manutenção da eficácia e fragrâncias diferenciadas. O alumínio foi a única opção considerada devido a sua alta resistência à pressão interna, que é exercida pelo
gás propelente.
Desde o ano 2000 a Natura conta com a linha Natura Ekos em seu portfólio, que tem no alumínio uma de suas identidades visuais. O que estimulou a opção pelo metal na linha?
Usar materiais reciclados e recicláveis era uma premissa da linha Ekos. Aliado a isso, o uso do alumínio era perfeito para a estética desejada. Por se tratar de ativos naturais, alguns são fotossensíveis e o alumínio nos ajuda em relação a essa proteção, preservando a cor e outras características das fórmulas. Além da linha Ekos, é possível encontrar o alumínio também em outros produtos, como em tampas e saboneteiras.
Atualmente, qual a participação do metal dentro do portfólio da marca?
Utilizamos alumínio em válvulas para perfumes, algumas bisnagas e latas de aerossol. Consumimos por volta de 20 milhões de peças em alumínio por ano.
Como o alumínio pode contribuir para o processo de inovação visual?
Seu acabamento é único (seja fosco ou brilhante) e não há metalização ou pintura metálica que atinjam a mesma qualidade. Além disso, o alumínio, através da anodização, pode ser pintado e decorado, aumentando ainda mais a sua atratividade. É um material premium e sempre estará presente no portfólio Natura.
Quais são as vantagens de empregar o metal nas embalagens de produtos de beleza?
O alumínio é vantajoso, pois trata-se de um material inerte. Além disso, é de fácil moldagem, acompanhando formas diversas e pode ser utilizado em tampas, bisnagas, capas, frascos… O consumidor reconhece o alumínio como um acabamento “premium” diferenciado.
Como a Natura avalia a tendência do uso de alumínio nas embalagens no brasil?
Além do diferencial estético, o alumínio é o material que possui a cadeia de reciclagem mais desenvolvida no Brasil. A Natura enxerga a possibilidade de ampliar a sua aplicação, caso consigamos evoluir na utilização do alumínio reciclado para o nosso portfólio.
Como é gerida a questão da logística reversa?
A Natura incentiva a logística reversa dentro de seus sites, com coletores para as diversas embalagens Natura. Já incorporamos em nosso portfólio o vidro e o PET reciclados. Temos o desafio de incorporar o alumínio reciclado também.