Tradição em mostra

De 2008 a 2013, a indústria italiana do alumínio teve queda expressiva no consumo de alumínio, com perdas de quase 1 milhão de toneladas, segundo pesquisa divulgada pelo banco italiano Monte dei Paschi di Siena em 2014. Neste período, contudo, teve início um processo de restruturação do setor que se completará em 2015 e que será fundamental, segundo o banco, para a renovação do setor, que poderá impulsionar de forma significativa a recuperação da economia italiana. O balanço financeiro das empresas confirma, até o momento, esta boa expectativa. “A indústria italiana do alumínio teve expansão de 5% na produção em 2014”, afirma Stefano Stellini, representante comercial do Consórcio Italiano Embalagens de Alumínio (CiAl).

Neste ritmo, de 2013 a 2014, de acordo com o CiAl, o setor movimentou 1,57 bilhão de euros a partir da produção secundária de alumínio, ramo majoritário na península, com a exceção da planta de alumínio primário da Alcoa, na Sardenha. Os dados favoráveis do CiAl reforçam o papel da Itália como líder europeia em reciclagem do metal e terceiro maior reciclador no mundo, depois LARISSA MORGATO, DA ITÁLIA do Japão e dos Estados Unidos. Para celebrar este resultado favorável, o Consórcio revitalizou completamente a seção de 140 metros quadrados dedicada ao metal leve no Museu Nacional da Ciência e da Tecnologia Leonardo da Vinci, em Milão, que recebe por ano 450 mil visitantes.

Reinaugurada em março deste ano, a mostra original de 1958 recebeu contribuições das principais multinacionais do setor, como a norueguesa Hydro, a sueca Sapa Extrusion e as italianas Agnelli Industries, Laminazione Sottile e Continuus-Properzi, com investimento total do Consórcio, em conjunto com parceiros europeus e italia nos, de 200 mil euros. O foco da mostra é divulgar ao público como o alumínio, além de ser um material de leveza e resistência ímpares entre metais, pode reinventar-se continuamente. Não à toa, um dos lemas da exposição é “o alumínio como recurso inesgotável”.

Para contar a história e o potencial desta indústria, a mostra aposta na interatividade. “O Museu considera o visitante como protagonista do próprio aprendizado e utiliza a experimentação, a observação prática e a narração como linguagens para o desenvolvimento de um momento significativo”, afirma Deborah Chiodoni, diretora de Comunicação do Museu Nacional da Ciência e da Tecnologia Leonardo da Vinci.

O universo do metal, apresentado dessa forma, é exibido através de meios convidativos, transformando dados técnicos dominados por especialistas em uma rica experiência sensorial. “Na mostra, contamos com três ob jetos históricos de fundamental importância para a história da tecnologia: duas células eletrolíticas (com anodo pré-cozido e Söderberg) da primeira metade do século XX – doação da Sociedade Montecatini Alumínio – e o Sistema Continuus-Properzi, máquina pioneira no processo de lingotamento contínuo, restaurada para a mostra, em um protótipo de 1948 que é uma das duas últimas máquinas deste tipo ainda existentes no mundo”, conta Deborah Chiodoni.

A Sapa Extrusion contribuiu para revitalizar a mostra, “fornecendo também material de extrusão, fotos e ideias nas reuniões com o museu e os outros partners”, afirma Luca Bertola, diretor administrativo da filial italiana da Sapa. Apesar de a economia europeia ainda não ter superado a crise que se arrasta pelo continente desde 2008, a Sapa é otimista: “Nossas estimativas para o mercado do alumínio extrudado são boas. Acreditamos que nosso ramo, somente na Itália, crescerá 2% ao ano entre 2016 e 2017”.

A Agnelli Industries é uma das principais empresas que participaram da requalificação do museu. A empresa forneceu folhas de alumínio para as paredes do museu e é um dos partners que demonstra a força do metal com a sua fatia importante do PIB italiano: durante os anos de crise, nenhuma demissão entre os 302 funcionários, participação em todos os segmentos do setor, com salto duplo do faturamento de 74 milhões a 148 milhões de euros e expectativa de chegar a 220 milhões de euros nos próximos cinco anos.

O plano de expansão da multinacional também prevê nos próximos três anos um novo distrito do alumínio com um centro de pesquisas em Bergamo e uma fábrica na Polônia, para um total de 15 milhões de euros de investimento. “A história do alumínio na Itália caminha junto com a da nossa família”, recorda Paolo Agnelli, no comando do Grupo Agnelli com o irmão Baldassare.

“Em 1907 meu avô voltava de Montenegro para construir o seu futuro com um metal na época desconhecido. Hoje, mais de um século depois não poderíamos não participar, contribuindo com a realização da primeira exposição permanente na Itália dedicada à história de um material que nunca parou de inovar e se transformar, buscando ser sempre mais ecológico”, diz. Que continue assim.

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