Psiu, estou aqui

Sete segundos. Esse é o tempo que uma embalagem tem para conquistar a sua, a minha e a atenção de qualquer consumidor nas gôndolas dos pontos de venda. O dado é frisado por especialistas da área que sentem, no dia a dia, a pressão de conquistar o cliente em meio ao grande volume de informações e novidades que surgem todos os dias.

Com isso, o poder da embalagem se amplia a cada dia, sendo uma importante ferramenta de marketing, muitas vezes o único instrumento de comunicação que a empresa e a marca têm à disposição.

Frente a um item, 88% dos consumidores sinalizam se mostrar mais favoráveis à compra por causa da embalagem. Isso é o que aponta o estudo anual Packaging Matters, realizado pela WestRock, empresa nascida da fusão entre duas líderes mundiais do segmento de embalagens – MeadWestvaco Corporation e RockTenn Company – que examinou o comportamento de 5.075 pessoas em cinco mercados globais (Alemanha, Brasil, China, EUA e França). Além disso, o estudo ressalta que em mercados em desenvolvimento, como Brasil e China, o acondicionamento do produto é ainda mais valorizado. Fator que explica o crescente reconhecimento do ramo por aqui.

Por suas características físicas de barreira, o alumínio confere proteção e ampliação da shelf life dos produtos. Mas as vantagens vão além. “Diferente de outros sucedâneos, o alumínio oferece o brilho natural e nobre do metal, que funciona como atrativo ao consumidor. Trata-se de elementos que atraem, sobretudo, os jovens. Isto porque as particularidades do metal leve também ajudam as equipes de marketing e criativos a desenvolverem ilustrações cada vez mais lúdicas, modernas e atrativas nas embalagens”, explica Nataly Yoshino, gerente comercial do segmento de embalagens da Votorantim Metais, que reforça: “as melhores estratégias de marketing, associadas às embalagens, fortalecem-se com o alumínio”.

Mercado

Fatos que se traduzem em números: este é o segmento com um dos melhores desempenhos dentro da cadeia do alumínio. Em 2014 houve crescimento de 6,8% em relação a 2013 no uso de alumínio nas embalagens. “Podemos identificar uma tendência constante do aumento de embalagens em alumínio para diversas aplicações no país. Um claro exemplo disso é o uso crescente do aerossol em alumínio, ganhando participação sobre outros tipos de embalagem”, aponta Fernando Wongtschowski, gerente de marketing da Novelis.

A Datamark endossa: ampliação do metal leve para latas de aerossóis, sendo 37% correspondente a desodorantes. “O uso do alumínio no Brasil tem se intensificado a cada ano e a indústria de embalagem é responsável por parte deste consumo. Isso se deve à versatilidade dessa matéria-prima, além de sua eficiência na produção”, analisa Isabella Salibe, gerente Comercial e de Marketing da Associação Brasileira de Embalagem.

O setor estima que a demanda por embalagens especiais, que utilizam folhas de alumínio no país seja, anualmente, 7% nos próximos três anos, devido ao próprio crescimento populacional e às preferências do consumidor. “Exemplo disso é o atual investimento que estamos fazendo, que deve proporcionar expressivo aumento de capacidade e também inovações tecnológicas em processos e produtos, consolidando o segmento como estratégico”, sinaliza Celso Soares, diretor de laminados da Alcoa América Latina.

Ele ainda destaca a ampliação da fábrica de laminados da companhia, em 2014, em que foram executados investimentos para aumentar a produção de folhas especiais para embalagens assépticas e flexíveis. “Na época, projetamos que a demanda por embalagens especiais no Brasil estaria em alto crescimento e continua”, diz Isto se deve principalmente ao fato de que o processo de laminação do alumínio e desenvolvimento de ligas atingiu um nível tecnológico extremamente avançado, o que tem permitido altíssima produtividade nas linhas, bem como ganhos em eficiência. “Os processos de conformação e impressão, com tintas extremamente avançadas, garantem inúmeras possibilidades de diferenciação do material na gôndola, desde conformações com relevo e emboss, até tintas que mudam de cor conforme a temperatura”, enumera Wongtschowski.

Inovação

“Philip Kotler [guru do marketing mundial] falou em 1954 que só sobreviveriam empresas que investissem no tripé: marca, embalagem e conceito. Já realizamos mais de sessenta cursos, capacitando e conversando com mais de 5 mil profissionais da área. O que temos acompanhado é que sempre há um pico de vendas ao se alterar a embalagem”, explica Assunta Camilo, diretora do Instituto de Embalagens.

Ela aponta que para minimizar os riscos de investimento, é importante conhecer a fundo a aplicação do produto e desenvolver uma boa pesquisa de tendências. Entendendo o rumo do consumo para aquela categoria é possível ter mais assertividade no investimento em inovação. “Costumo falar que boa ou ruim ela custa quase o mesmo. Então é bom aproveitar a embalagem em todos os sentidos: proteção, identificação, comunicação, construção de marca e imagem”, enumera Assunta.

E o alumínio cumpre todos os requisitos. Sua versatilidade tem contribuído e muito aos processos de inovação. Exemplos não faltam, como os que ocorrem no prêmio promovido pela European Aluminium Foil Association (EAFA), o Alufoil Trophy, que anualmente elege as principais novidades do setor. Guido Aufdemkamp, diretor executivo da Alufoil, exemplifica à revista Alumínio algumas das principais melhorias observadas no uso da folha de alumínio ao longo de quase uma década de premiação: “Tampas tradicionais de alumínio para iogurtes têm exigência alta para barreira aliada a performance de preenchimento. Mesmo assim, eles já alcançaram menor uso de material e a introdução de dispositivos para fácil abertura, mudanças estruturais para performance gráfica melhorada, assim como o uso de estruturas com multicamadas”, explica.

Ele sinaliza que as folhas de alumínio vivem um momento muito positivo. “No começo deste ano, participantes do Global Aluminium Foil Roller Initiative (Glari) decidiram tornar a atividade do grupo uma nova associação legal, com o objetivo de ser uma “única voz” para promover a folha de alumínio e as suas questões de sustentabilidade”, diz e sinaliza que a iniciativa começou operando já com a participação de 42 companhias, sendo cinco delas do grupo das maiores produtoras mundiais de folhas laminadas – com presença brasileira: um dos vice-presidentes é Fabiano Schneider Urso, da Votorantim Metais – CBA.

Novas ideias

A austríaca Constantia Flexibles é um nome frequente entre os ganhadores da Alufoil Trophy. “Nossas ideias nascem de tendências de mercado que nós transformamos em produtos”, diz Cora Helberg, gerente de marketing e inovação da empresa. Em 2015 o destaque foi para a folha convertida de alumínio de 5μm, especialmente para pouches e laminados, com foco em chocolates e embalagens internas de chicletes – que tipicamente seriam de alumínio-cera ou adesivo-papel.

“O desafio é que quanto mais fina, mais sensível a estresse mecânico a folha se torna, o que dificulta o processo de conversão. Então, focamos os parâmetros de produção para conseguirmos a qualidade sem perda de performance”, conta.

Cora destaca também a solução DryFoil, uma folha coldform que contém dissecantes. “Produtos farmacêuticos estão se tornando cada vez mais sensíveis a umidade, o que faz da barreira contra ela algo tão importante para a indústria de embalagens”, diz, sinalizando que outra tendência do segmento farmacêutico são as embalagens fracionadas para analgésicos ou vitaminas, que podem ser embaladas individualmente e levadas para qualquer lugar, e stick packs à prova de crianças ou aberturas facilitadas para seniores.

A Amcor, líder global de soluções em embalagens, é outra campeã do prêmio: quatro conquistas em quatro anos. Uma das propostas mais emblemáticas é o uso da folha de alumínio no AirFluSal Forspiro, inalador respirátorio para asmáticos. “A fita é barreira contra a entrada de umidade e melhora o desempenho em transporte e na saída do pó inalável pela cavidade.

Além disso , no final do dia, ao remover a tira do blister de alumínio, o paciente pode verificar se o número prescrito de inalações foi tomado”, comenta Karen Quirchove, gerente de comunicação da Amcor. Com a aplicação, foi reduzida em 50% a entrada de umidade no remédio.

Outra aposta da companhia é a CanSeal- Pro. Trata-se de uma membrana que é diretamente selada na lata, não necessitando de anel, o que diminui os custos de produção. “É muito segura e conveniente para nosso consumidor final”, diz. Karen aponta que uma das principais tendências do setor é a redução da espessura da folha convertida. “Há oito anos estavamos usando a de 9μm como barreira em embalagens flexíveis para alimento no segmento pet. Graças ao nosso foco em melhorar as tecnologias de laminação, atualmente usamos 7μm de alumínio e estamos em processo de introdução das folhas de 6μm com a mesma qualidade de barreira”, conta.

Já a proposta da TwistPack, da italiana Di Mauro Flexible Packing, também rendeu prêmios. Trata-se de um pacote multiporção para congelamento de vegetais, sem a necessidade de uma ferramenta de fechamento. “O grande diferencial para nossos clientes é não ter necessidade de investimento ou modificações, a velocidade; e a eficiência das linhas continuam as mesmas”, diz Matteo De Martino, gerente de pesquisa e desenvolvimento da companhia, que comemora: “nós adicionamos a camada de alumínio em um mercado em que ele havia saído de circuito há anos”.

No segmento de bebidas, a Ampac apresentou sua própria versão pouch laminado de 200 ml para bebidas. “Fizemos para atender ao pedido de diversos clientes que não conseguiam atingir a quantidade mínima de pedido exigida pela Capri Sun [da alemã Wild], que domina o segmento há décadas”, explica Andrea Lazzara, diretor de marketing e inovação para Europa da Ampac Flexibles. Para ele, a inovação é emblemática e incentiva as empresas do segmento a arriscarem frente às tradicionais dominâncias.

Chamada de Pull Tab pouch, a embalagem está disponível em formato de camisa, aliando tecnologia e marketing, e conta com uma abertura diferente: em vez de furá-la com o canudo, a embalagem possui um selo que recobre o furo pré-cortado. Ele também salienta o entusiamo da companhia com o lançamento de pouch Marinade com flat zipper, voltado para lojas orgânicas, que permite que o consumidor não suje as mãos com o molho do tipo escabeche que é acondicionado na prática embalagem. “Se um laminado de plástico é dobrado, a prega não é tão precisa e permanente como quando contém alumínio, que adiciona rigidez. Isso impede a bolsa de entrar em colapso, o que é muito bem- -vindo durante o processo de enchimento”, explica.

Além disso, a barreira oferecida pelo alumínio continua sendo imbatível mesmo com a evolução de processos no mercado de materiais para embalagens nos últimos seis anos. “Nós produzimos pouches do tipo travesseiro para o Ministério da Defesa inglês e com isso eles têm refeições prontas com shelf life de mais de três anos, e o alumínio é o único material que proporciona esse nível de proteção”, conta Lazzara.

Brasil

Histórias de inovação no mercado brasileiro, que caíram no gosto do consumidor e da crítica setorial, são casos mais isolados. Exemplos recentes sinalizam para opções que primam pela funcionalidade, como é o caso da embalagem de milho para food service, da Fugini, em que a troca da lata pelo pouch de 3 kg promoveu ganhos em logística e armazenamento ao reduzir em 90% o peso da embalagem.

Com foco também na economia de materiais, a Unilever apresentou recentemente a versão comprimida das latas aerossol de alumínio para desodorantes. Fruto de dez anos de pesquisa, e disponível nos mercados europeus desde 2013, a nova tecnologia de pulverização refletiu em inovação na embalagem. A redução de 30% do uso do alumínio é positiva para a indústria, uma vez que estimulará adoção por essa versão por outras marcas e ampliar o uso do alumínio no segmento. Fato que será ainda mais estimulado, já que a Unilever promete compartilhar a expertise da solução com o mercado.

Já em latas para bebida, a inovação em acabamentos é uma constante, como a Sol Bebidas, que apresentou o Vulcano Energy Drink em versão de 710 ml resselável – a primeira do país. A popularidade da latinha também atraiu a Newage Bebidas, que passou a disponibilizar o tradicional Guaraná Cruzeiro também neste envase.

Antônio Eduardo Pereira, diretor proprietário da Obah Design, acredita que a utilização de alumínio ainda é pouco explorada pelo mercado brasileiro, principalmente pelas micro e pequenas empresas, por questões que envolvem maquinários de alto custo. “Mas vejo um crescimento constante do uso de embalagens com esse material no mercado das indústrias farmacêuticas”, avalia.

Hoje, exploramos muito o alumínio em tampas de bebidas, lacres, aerossol, além de latas para bebidas. “Gostaria muito de ver também outros destinos para o alumínio nas embalagens no mercado brasileiro e, junto com eles, criações inovadoras, moldes e pré-formas diferenciados”, diz.

O Troféu de Chocolate da Garoto, comercializado durante a Copa do Mundo de 2014, é uma dessas ocorrências mais emblemáticas. A proposta era reproduzir o brilho do troféu na embalagem que oferece cobertura e evidencia- -se os detalhes da tradicional taça. “Tinha de ser um produto nobre e diferenciado para o público consumidor”, explica Eduardo Colen Nunes, diretor da Graffo Embalagens, que foi fornecedora do projeto.

Ele conta que inicialmente o destaque foi para a estrutura em alumínio, que conferiu ao produto alta refletividade, facilidade de dobra e fidelidade de impressão.

“O metal também agregou à embalagem características especiais e diferenciadas, como atrativo visual e resistência mecânica para o manuseio e transporte”, completa. Uma das maiores consumidoras de folhas de alumínio da América Latina com foco nos mercados de chocolates, doces e farmacêutica, a Graffo aposta no aumento da demanda. “Efetuamos importantes investimentos nos últimos dois anos com tecnologias de última geração, proporcionando aumento substancial na nossa capacidade produtiva”, conta Nunes.

Expectativas

A Novelis também está investindo em várias frentes, inovando em produtos e tecnologias para o setor. “Estamos desenvolvendo com os clientes de latas para bebidas o anel colorido, que até então, não era produzido no Brasil. Além disso, estamos trabalhando com clientes na América do Sul o desenvolvimento de latas de alumínio para embalagens de alimentos”, conta Wongtschowski.

Além disso, Votorantim Metais aponta que outros produtos estão migrando para o alumínio. Um exemplo de inovação recente foi o das embalagens flexíveis de molhos de tomate, para a substituição das versões em vidro ou de outros materiais que eram usados com mais frequência. “Era necessário aumentar a flexibilidade do alumínio para adaptação a este conceito de embalagem sem que se perdesse as características de resistência e durabilidade de conservação que o alumínio proporciona aos produtos”, detalha a gerente comercial da empresa.

Outros exemplos são as cápsulas de vinho e o leite em pó, que também aposta nas embalagens flexíveis com alumínio tipo quatro soldas – com a propriedade de manter o leite em pó e sua composição com vitaminas. Outro mercado que cresce a cada dia são os sucos em pó, pois sem o alumínio na embalagem o pó “empedra” em até três meses.

“Acreditamos que o segmento deve demandar cada vez mais alumínio em função da exigência do comprador por opções mais naturais, com menos conservantes, e que promovam benefícios à saúde com praticidade, qualidade, confiança e conforto”, projeta Nataly.

Nesta disputa, o único vencedor é o cliente final, que terá a garantia de produtos com cada vez mais qualidade. E quando as embalagens, em busca de atenção, perguntarem: “Por que você não olha para mim?”, a resposta provável é: porque você não tem alumínio.

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