Nas indústrias paraenses da cadeia produtiva do alumínio, as mulheres têm provado que a engenharia não é uma área dominada apenas por homens, apesar de o caminho para a igualdade de gênero ainda ser longo no Brasil.
Conforme divulgado pelo Conselho Federal de Engenharias e Agronomia (Confea), somente 18% dos mais de 820 mil registros profissionais do segmento pertencem a mulheres. Ao analisar o Estado do Pará, a participação feminina é um pouco maior (23%).
Larissa Mendes, de 26 anos, uma dessas profissionais, atua como Engenheira de Processos na Alubar, fabricante de cabos elétricos e vergalhões de alumínio. Em 2016, a profissional ingressou na companhia como estagiária e foi efetivada em 2018.
Na fábrica localizada em Barcarena, ela acompanha as rotinas de produção, levanta dados e informações e desenvolve soluções que aumentam a produtividade ou melhoram a forma de produção.
Durante a formação, a engenheira conta que ouviu comentários negativos sobre a sua competência, pelo simples fato de ser mulher. No entanto, os preconceitos foram desmitificados com os resultados obtidos ao longo da carreira.
“Acredito que isso ocorre porque as pessoas ainda têm em mente que na engenharia desempenhamos papéis braçais. Mas não, vai muito além disso: levantar os problemas, pensar, projetar, calcular, analisar dados e então propor e acompanhar a aplicação das ações, monitorando os resultados”, descreve.
Na visão de Larissa, a participação feminina nas engenharias vem crescendo de forma geral.
“Isso demonstra que gênero não define competência. Somos, sim, capazes de desempenhar nosso trabalho com comprometimento e dedicação e trazer bons resultados. Fiquei muito feliz por ter sido a primeira mulher no setor de Engenharia de Processos em muitos anos; e, mais ainda, pois, logo em seguida, houve outras contratações femininas”, comenta a profissional.
Mineração de bauxita
Na unidade da Alcoa em Juruti, no Oeste paraense, Rafaela Oliveira, há cinco anos, também atua como Engenheira de Processos. Ela é responsável pelo controle dos indicadores, acompanhamento da operação em campo e implementação de melhorias e novos projetos, buscando entregar bauxita cada vez com mais qualidade.
A engenheira explica que teve oportunidade de participar e liderar diversos projetos de melhoria para a planta, como os voltados para a gestão de dados e controle de processo – utilizando um novo sistema chamado OsiSoft – e para a substituição do sistema de sprays do peneiramento.
“Em ambos, tive a oportunidade de tomar parte desde as etapas iniciais de viabilidade técnica e financeira até a fase de implementação, o que contribuiu muito para o meu desenvolvimento”, relata.
Já Júlia Caixeta, há quatro anos na companhia, é supervisora de Manutenção, responsável pelo sistema de Controle de Processo, desenvolvendo projetos de melhorias de automatização dos equipamentos.
“Participei do projeto da LanRefresh, em que foram atualizados todos os dispositivos de rede, aumentando a confiabilidade da comunicação dos equipamentos, entre outros. Atualmente sou responsável pelo projeto de Controle Avançado de Processos que será implementado na usina de classificação para melhorar o desempenho dos equipamentos e a qualidade do produto”, destaca.
Na Alcoa, 31% das colaboradoras estão na liderança e 17% atuam diretamente nas operações. Entre as iniciativas da empresa, destaca-se a Rede de Mulheres Alcoa (AWN), que tem a missão de inspirar, conscientizar e conectar a fim de promover a cultura da inclusão feminina e aprimorar a diversidade de gênero.