Girl teen worker with safety helmet happy smiling working labor in industry factory with steel machine.

Indústria do alumínio incentiva a presença feminina no “chão de fábrica”

Companhias formam e captam cada vez mais profissionais para a operação

Hoje, 8 de março, é celebrado o Dia Internacional da Mulher. A data é importante para lembrar que no campo profissional ainda existe uma luta pela igualdade de gênero no Brasil.

Em geral, as mulheres estão em menor número dentre as pessoas empregadas no país (40 milhões contra 55 milhões de homens) com uma taxa de desocupação (13,9%) acima da média nacional — 11,1% —, segundo Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD) do 4º trimestre de 2021, realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Para marcar a data, o portal Revista Alumínio vai mostrar como a questão tem sido tratada na cadeia produtiva do alumínio, mas com um olhar especial para o “chão de fábrica”.

Afinal, o que as companhias têm feito para garantir a presença feminina na área operacional, local historicamente ocupado pelos homens na indústria brasileira?

Mulheres na redução
Depois de anunciar a retomada da produção de alumínio primário no país, o Consórcio de Alumínio do Maranhão (Alumar) — formado pelas mineradoras Alcoa e South 32 — lançou o Programa de Mulheres na Redução, com o objetivo de qualificar e contratar 50 profissionais para as áreas operacionais.

As selecionadas receberão formação no período de um mês, a ser realizada em parceria com o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai), com conteúdo teórico e ações práticas. Além disso, as profissionais terão acompanhamento de um tutor durante os três primeiros meses de trabalho.

“Atualmente, a companhia conta com 258 mulheres em diversos cargos, com a meta de aumentar cada vez mais”, explica Tereza Cavalca, gerente de Recursos Humanos da empresa.

Entre as principais iniciativas da Alumar para a igualdade de gênero, há a rede AWN (Alcoa Women´s Network), que fornece inspiração, conscientização e conexões, a fim de promover uma cultura de inclusão de mulheres e melhorar a diversidade de gênero.

Fernanda Garcês, engenheira mecânica, ingressou no programa Sintonia da Alumar em 2008. O objetivo desta iniciativa era incentivar meninas no curso de Engenharia. Ela iniciou o estágio na companhia em 2010.

“Ao longo desses 12 anos, tive a oportunidade de trabalhar em várias áreas da redução e refinaria, sempre na área de Manutenção, onde pude ver um número de homens bem maior do que de mulheres. Fico muito feliz em ver que essa realidade está mudando. Contar um pouco da minha história é uma forma de inspirar outras mulheres a conseguirem chegar aonde elas querem”, afirma Fernanda, que hoje atua como supervisora de Manutenção do turno e time de bombas da refinaria, além de ser líder da rede AWN.

Fernanda Garcês, da Alumar: “contar um pouco da minha história é uma forma de inspirar outras mulheres a conseguirem chegar aonde elas querem” (Foto: Divulgação

Cursos técnicos
Na Companhia Brasileira de Alumínio (CBA), 12% do total de empregados nas áreas operacionais são mulheres. Atualmente, a empresa conta com o Programa CBA Mais Diversa, que tem como objetivo fomentar a diversidade, equidade e inclusão, além de uma série de iniciativas relacionadas.

“Demos um passo importante quando fizemos uma parceria com o Senai para oferecer cursos técnicos de capacitação de mulheres, voltados para o ingresso na indústria. Somente em 2021, mais de 250 participantes foram certificadas e várias já estão atuando nas suas respectivas formações. Além disso, parte desse grupo já foi contratado pela CBA e integra nosso time de mulheres na operação”, explica Andressa Lamana, diretora de Desenvolvimento Humano e Organizacional, Comunicação, Saúde, Segurança, Meio Ambiente e Sustentabilidade da CBA.

A companhia dará continuidade ao projeto e está definindo o calendário para 2022, com a possibilidade de expansão para outros municípios, além de Alumínio (SP), Itapissuma (PE) e Zona da Mata (MG).

“Para mim, foi transformador participar do curso promovido pela CBA em parceria com o Senai. Tive a chance de entrar em uma grande empresa e iniciar uma nova profissão. Voltei a estudar e comecei a faculdade de Gestão da Qualidade, com o objetivo de continuar me capacitando. Antes eu trabalhava em um hospital, como técnica em patologia clínica, e não havia perspectivas de crescimento. Valeu a pena todo esforço, abriram-se novos horizontes para a minha vida e a do meu filho”, comenta Daiane Leite de Barros, 33 anos, operadora de Produção na CBA.

Daiane Leite de Barros, da CBA: “Para mim, foi transformador participar do curso promovido pela CBA em parceria com o Senai” (Foto: Divulgação)

Programa Capacitar
Na América do Sul, a Novelis implantou o programa IguAl em novembro de 2017, com o intuito de fomentar a inclusão e valorizar as competências e habilidades de cada profissional – independentemente de gênero, raça, idade, religião e orientação sexual. 

“Abraçar a diversidade é um compromisso inadiável que a Novelis assumiu e seguiremos direcionando nossos esforços para nos tornarmos uma organização plenamente inclusiva”, afirma Eunice Lima, diretora de Comunicação e Relações Governamentais.

Recentemente, a empresa foi responsável pelo Programa Capacitar, que ofereceu oportunidades de desenvolvimento e formação profissional a 30 moradoras de Pindamonhangaba (SP) e regiões adjacentes. A ação promoveu cursos gratuitos com formações em ponte rolante e empilhadeira exclusivos para mulheres, em parceria com o Senai da cidade.

Outra iniciativa que tem feito a diferença na qualidade de vida no ambiente de trabalho da Novelis são os uniformes com design e cortes especiais, que oferecem maior conforto no dia a dia das profissionais do gênero feminino que atuam diretamente nas operações.

Captação e desenvolvimento de talentos femininos
A Mineração Rio do Norte (MRN) lançou o programa ‘MRN pra Todos’ em 2021, que abrange todo e qualquer gênero, origem étnica, convicções religiosas, orientação sexual, habilidade ou formações diferenciadas, tendo como base a competência do profissional.

“A ideia é incrementar a captação e o desenvolvimento de talentos femininos para cargos de liderança e em todas as áreas da empresa, como Administrativa, Manutenção e Operação”, afirma Luciane Mello, gerente de Desenvolvimento de Pessoas da MRN.

Iranei Silva, moradora do município de Terra Santa, no oeste do Pará, atua desde 2020 como operadora de Equipamentos de Manutenção na MRN. Para ela, é um orgulho exercer sua profissão em um ambiente considerado masculino, com uma função que contempla a direção de grandes veículos, como caminhão e trator.

“É um sonho realizado trabalhar aqui e ser tão bem recebida todos os dias na MRN. Para mim, é tranquilo dirigir e ter o apoio de mais duas mulheres dividindo esse trabalho, com responsabilidade, competência e segurança. A cada dia vencemos barreiras e somos reconhecidas por isso. Pretendo crescer cada vez e fazer o meu melhor”, declara Iranei.

Iranei Silva, da MRN: ” cada dia vencemos barreiras e somos reconhecidas por isso” (Foto: Divulgação)

Cultura livre de preconceitos
Na Alubar — fabricante de cabos elétricos e vergalhões de alumínio — há 24 mulheres trabalhando na área operacional. Na visão da companhia, a igualdade de gênero significa que todos devem possuir os mesmos direitos e deveres, a fim de fortalecer uma cultura livre de preconceitos e discriminações.

“Temos a plena convicção de que todos podem desenvolver suas habilidades e competências dentro da empresa, sem que exista uma diferença entre ser mulher ou homem. Por este motivo, as oportunidades são concedidas para todos os gêneros. Sempre que divulgamos nossos processos seletivos, por exemplo, focamos apenas no perfil técnico que necessitamos, sem restrições”, explica Amanda Lacerda, business partner de Recursos Humanos da Alubar.

Fabiane Anjos Santos, operadora de roda lingotamento, está há 4 anos na Alubar. Para a profissional, a responsabilidade de estar à frente de uma linha de produção de vergalhão é desafiadora e mostra o quanto ela é capaz.

“É gratificante vivenciar a evolução das mulheres em um setor que é taxado como masculino. Sinto orgulho por estar evoluindo a cada dia, mostrando minha capacidade e a nossa força”, declara.

Fabiane Anjos Santos, da Alubar: “É gratificante vivenciar a evolução das mulheres em um setor que é taxado como masculino” (Foto: Divulgação)

Contratação de mulheres acima da média nacional
No Grupo Ibrap, há 191 mulheres trabalhando diretamente no “chão de fábrica”, o que representa cerca de 31% da mão de obra operacional — dado acima da média nacional para a categoria de acordo com a empresa. Já na área administrativa, as mulheres representam 55% da mão de obra, percentual que vem melhorando a cada ano. 

“Acreditamos que o crescimento da participação feminina nesses espaços é uma tendência irreversível. A cada avanço que temos em prol da equidade de gênero, nós vibramos, pois entendemos que representatividade importa e agrega”, ressalta Lara Fornasa, diretora do Grupo Ibrap.

Crescimento profissional

Na Prolind Alumínio, a equidade de gênero significa oferecer as mesmas oportunidades, benefícios e tratamento a todos os indivíduos. A empresa tem investido na inclusão por meio de treinamentos, gestão de talentos, além da contratação e formação de liderança feminina.

Diana Alves da Silva, 35 anos, encontrou na empresa uma oportunidade para o seu desenvolvimento profissional. Ela ingressou na Prolind como embaladora, tornou-se a primeira operadora de prensa e depois passou a montadora de ferramentas.

“Por ser mulher, muitas pessoas duvidaram da minha capacidade. E, pelo contrário, mostrei que nós somos capazes de fazer os mesmos serviços que os homens. Hoje sou operadora de extrusão. Estou aprendendo cada vez mais e me capacitando. Tenho orgulho de chegar aonde cheguei. Amo o que eu faço e isso mostra que nós mulheres podemos tudo”, declara.

Diana Alves da Silva, da Prolind: “Tenho orgulho de chegar aonde cheguei. Amo o que eu faço e isso mostra que nós mulheres podemos tudo” (Foto: Divulgação)

Crédito da foto de abertura: Korn V./adobe.stock.com

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