Impressão que fica

Que grande ironia seria se a revista Alumínio fosse feita de alumínio! Pois isso acontece a cada edição. A página que você está lendo agora, antes de ser impressa no papel, passou por uma espécie de molde feito em chapa de alumínio. Parece estranho? Para entender esse processo é preciso voltar um pouco no tempo.

A impressão offset é uma evolução de processos como a litografia, técnica criada no século XVII e, consequentemente, a prensa de Johannes Gutenberg, que por meio da pressão sobre uma superfície com tinta, transferia imagens para papel ou tecido. Inovadora para a época, a técnica permitiu realizar cópias em maior quantidade. Essas influências revolucionaram a indústria gráfica, evoluindo até os dias de hoje para o modelo padrão de impressão no Brasil e no mundo para jornais, revistas, livros, embalagens e afins.

“A chapa de alumínio é usada em impressoras offset como matriz de impressão, sua função é reproduzir imagens que serão impressas em milhares de folhas”, explica Sidney Andrade, gerente de suporte técnico da IBF, Indústria Brasileira de Filmes, fabricante nacional de chapas de alumínio para uso litográfico. Nesse processo, a imagem é passada para uma chapa de alumínio, que a transfere para uma blanqueta de borracha, que repassa a imagem para o papel.

Tradição

Com o tempo, o alumínio consolidou-se na função devido à evolução tecnológica da indústria gráfica no mundo. Michael Peter Steffen, gerente de comunicação da Hydro, explica que, nos anos 1960, os fabricantes de chapas litográficas desenvolveram novos métodos baseados em processos eletroquímicos. Como resultado, a demanda pelos laminados de alumínio começou a aumentar. “Com o crescimento do uso da impressão offset, investimentos significativos em laminação, desengraxe e capacidade de nivelamento foram feitos para atender à demanda”, conta.

“Hoje ela é muito mais avançada e consideramos a nova geração de chapas offset como chapas offset digitais, as quais são gravadas por um equipamento chamado CtP (computer-to-plate)”, explica Eduardo Sousa, gerente de marketing América Latina da belga Agfa Graphics, uma das maiores fabricantes de chapas litográficas com presença mundial, inclusive no Brasil.

Essa técnica é executada por meio de laser controlado pelo computador. Dessa forma pode-se garantir a qualidade final da imagem. Além dessa, existe também um método mais avançado, que consiste na gravação por ultravioleta. A utilização dessas chapas deve-se ao fato de ter um custo relativamente baixo perante sua produtividade e maneabilidade. E também, por sua espessura fina, podendo curvar-se e adaptar-se aos suportes que são usados dentro das máquinas de impressão.

Além disso, Andrade, da IBF, destaca outras vantagens do metal: “O alumínio continua sendo o melhor substrato para as chapas offset, principalmente pela resistência que o óxido de alumínio confere à sua superfície no processo de anodização, permitindo centenas de milhares de cópias na impressão”, afirma.

Pegada verde

A reciclabilidade dessas chapas não é apenas uma vantagem do material, mas uma necessidade do setor. “Normalmente o processo de produção envolve quatro cores primárias: cyan, magenta, amarelo e preto. Da combinação dessas cores temos a impressão do jeito que conhecemos. Para cada cor utiliza-se uma chapa, ou seja, temos sempre o uso de quatro chapas para a frente da folha e O metal continua sendo o melhor substrato para as chapas offset, pela resistência que o óxido de alumínio confere à superfície, o que permite milhares de cópias quatro chapas para o verso”, explica Neto, da Eskenazi. Assim, basta fazer as contas do volume de chapas utilizadas a cada publicação.

Steffen, da Hydro, conta que a empresa faz a reciclagem do metal, pois tem uma unidade na Alemanha específica para isso.“Praticamente 100% das chapas estão sendo recicladas, devido aos eficientes métodos de refusão do alumínio, usando apenas 5% da energia necessária na primeira produção do metal”, ressalta.

A importância da reciclagem vai além do benefício ao meio ambiente, pois apresenta um retorno financeiro interessante. “A sucata de alumínio é uma receita importante tanto para o cliente que compra e consome a chapa, como para quem vende as aparas de alumínio”, explica Sousa, da Agfa Graphics.

As gráficas, após o final do processo comercializam sua própria sucata, o que naturalmente também entra na conta. “Ao final do processo, a chapa pode ser totalmente reciclável, gerando outros materiais. Portanto, seu custo pode ter o abatimento da revenda do material em desuso”, conta Neto, da Eskenazi, que revende as chapas litográficas pós-uso para uma empresa de reciclagem especializada.

Concorrência

Apesar de consolidado, o setor não se esquiva da atual crise econômica no país e tem sofrido impactos de ambos os lados. “O mercado está em declínio, muito porque a crise econômica influi diretamente na área de comunicação como um todo, desde a impressão de embalagens que são menos compradas no varejo, como em segmentos editoriais nos quais temos visto queda no número de circulação de revistas, jornais, etc.”, conta o gerente de marketing da Agfa.

Fora isto, há pela frente um outro desafio, que divide opiniões. Embora o digital venha concorrendo com o impresso e alguns nichos de mercado tenham sucumbido à internet, o consumo mundial de papel impresso se mantém estável ou em crescimento. Andrade, da IBF, explica que isso se deve ao fato de alguns segmentos de impressão não estarem relacionados à mídia digital. “Com a diminuição do nível de pobreza em países emergentes, por exemplo, milhões de pessoas entraram para o mercado consumidor e passaram a adquirir produtos industrializados, cujas embalagens são impressas utilizando-se chapas off-set”, diz. É uma história ainda com muitas páginas pela frente.

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