O workshop on-line realizado pelo Instituto de Embalagens nos dias 28 e 29 de abril abordou como a pandemia da Covid-19 tem alterado as tendências de consumo de embalagens no Brasil e trouxe à tona questões sobre a sustentabilidade no setor.
Assunta Napolitano Camilo, diretora da entidade, explicou que os consumidores estão mais preocupados com a saúde e ficam atentos a data de validade dos produtos, lacres e tabela nutricionais. A escolha do material também se tornou relevante, à medida que deve proteger bem o conteúdo de fatores externos e ser de fácil higienização.
Segundo a executiva, a presença de itens para limpeza e higiene explodiu nos supermercados neste período, com desinfetantes em tubos de aerossol e álcool em gel em todos os tipos de embalagens, incluindo de alumínio.
“As pessoas ficaram preocupadas em limpar suas compras e tem optado até pelos packs, que são mais fáceis de transportar e higienizar”, conta.
Outro efeito da pandemia foi a maior percepção sobre a geração de resíduos. Com o home office, houve aumento das compras via e-commerce, delivery e take-away e as pessoas tiveram de conviver com o lixo dentro de casa e se preocupar com o seu descarte. Soma-se a isso, a perda do poder aquisitivo no país, que impulsionou as embalagens mais competitivas.
“Diante de todas essas mudanças, as pessoas passaram a entender que não dá mais para conviver em sociedade sem cuidar das questões ambiental, econômica e social”, argumenta Assunta.
Latinhas de alumínio
Apesar do impacto inicial da crise sanitária, houve um crescimento de 7% na venda de latas de bebidas de alumínio nos últimos 12 meses, informou Estevão Braga, diretor de Sustentabilidade da Ball South America.
A procura foi impulsionada pelas inúmeras vantagens que a embalagem oferece. Além da conveniência, o setor de bebidas tem se preocupado em proporcionar novas experiências para os consumidores. E durante a pandemia esse foi um fator importante porque as pessoas estavam em isolamento social.
A sustentabilidade ajudou neste processo. De acordo com o diretor da Ball, a boa notícia é que reciclagem da lata não foi afetada pela pandemia. Conforme divulgado pela Associação Brasileira do Alumínio (ABAL) e a Associação Brasileira dos Fabricantes de Latas de Alumínio (Abralatas), o índice de reciclagem permaneceu estável, somando 97,4% da produção.
“A conclusão é que existe uma infraestrutura no Brasil para capturar o valor dessa lata e transformá-la em uma nova embalagem. Hoje, ela demora, em média, 60 dias depois do consumo para retornar para as gôndolas dos supermercados. É um setor dinâmico e rápido”, afirma.
O setor de latas de alumínio também tem atraído novas categorias de bebidas, com destaque para o mercado de águas, que soma 16,9 bilhões de litros na América do Sul por ano, e cujo crescimento estimado é de 3% até 2024. Segundo dados de 2020, nesta categoria, a água sem gás representou 66,1%, com gás (24,5%), saborizada (9,1%) e funcional (0,3%).