Magnesita

Boas práticas conferem agilidade na manutenção de fornos

Os refratários estão presentes em toda a cadeia produtiva do alumínio. Desde o processamento de secagem da bauxita, obtenção do hidróxido de alumínio, calcinação e obtenção do alumínio metálico, na reciclagem, na laminação e na fundição de suas ligas — e o seu desempenho está diretamente ligado à qualidade do material final.

“Um bom alfaiate é aquele que consegue entender as necessidades de seu cliente e atendê-las à risca, criando um produto na medida certa. E é assim que trabalham os refrataristas que atendem à indústria do alumínio, com a responsabilidade de garantir equipamentos em condições adequadas para o uso, sem deixar seu cliente na mão na hora errada”, explica Luiz Sérgio de Carvalho, engenheiro da Proa Gestão e Projetos Industriais, consultoria especializada no segmento.

Hoje no mercado uma das grandes preocupações é o tempo de parada dos fornos para as manutenções necessárias, o que pode atrasar todo o andamento dos processos produtivos e comprometer prazos. Por isso, os refrataristas decidiram investir em dois pontos: inovação e pesquisa. O estudo aprofundado sobre as características dos metais trabalhados e o desenvolvimento de tecnologias têm se mostrado alternativas seguras e práticas, além de preventivas. “Um forno que antigamente durava seis meses, hoje pode chegar a três anos devido às análises dos equipamentos”, aponta Carvalho.

Ele conta que muitas empresas fazem o reparo a quente, exatamente para não ter de parar o forno durante quinze ou vinte dias. “Mas passar por cima dessas práticas necessárias acaba causando mais prejuízos. O intuito é descobrir maneiras novas de evitar mais tempo de parada”, diz.

Os defeitos descobertos durante problemas de operação resultaram no desenvolvimento de soluções para que os fornos e demais equipamentos fossem mais bem planejados e revestidos. No caso do alumínio, que exige a operação dos fornos em altas temperaturas, as principais preocupações são a contaminação do material pelo refratário, o que pode resultar na perda de todo o trabalho de uma empresa, e o vazamento de alumínio líquido por brechas no equipamento. Assim, os refratários devem resistir aos impactos mecânicos da limpeza, ao ataque químico, inibir a formação de corundum e ter baixa umectação pelo metal.

INOVAÇÃO

Visando maior durabilidade de operação dos fornos, a Ibar, especializada em soluções avançadas em tecnologia de materiais refratários, conseguiu reduzir o tempo de aplicação e aquecimento dos fornos, durante a manutenção, ao desenvolver uma linha de produtos para alumínio com base em itens aplicados por bombeamento e betão projectado para outras indústrias.

“A evolução das ligas de alumínio e a busca constante na redução dos custos exigem refratários mais sofisticados. Temos atendido essa demanda com o desenvolvimento de novos aditivos antiumectantes, refratários de pega química, que reduzem o tempo de aplicação, bem como o de aquecimento”, informa Jean Cléber de Oliveira, engenheiro e gerente de vendas da Ibar.

A Ibar investe 3% de todo o seu faturamento global em pesquisa e desenvolvimento de produtos e tecnologias. Da mesma forma trabalham seus concorrentes: a Refrata aposta no ambiente acadêmico. “O principal desafio na indústria é conciliar qualidade com desempenho atrelados
a custo/benefício. Temos parcerias com universidades, como a UFSCar, que em conjunto desenvolvem novos materiais para este e outros setores da economia”, explica Valdir Pasetto, diretor da empresa.

CONHECIMENTO

As empresas do setor apostam no treinamento de equipes especializadas em engenharia para poder dar auxílio aos clientes e acompanhar a performance de seus equipamentos. Mas trata-se de uma via de duas mãos: os clientes também devem estar a par das necessidades de seu material no processo de transformação. Para isso, investem em cursos, workshops e até mesmo no intercâmbio de especialistas entre fornecedores e empresas do alumínio.

É o que acontece com a Novelis, que estabelece uma parceria com seus fornecedores para garantir o bom funcionamento dos fornos que utiliza para reciclagem, como explica Daniel Freire, diretor de operações da fábrica de Pindamonhangaba: “Uma equipe de refrataristas realiza limpezas, pinturas protetoras e pequenos reparos. Além disso, temos engenheiros de manutenção especializados na aplicação de refratários e desenvolvimento de novos produtos que ampliem o custo/benefício, através do aumento na vida útil”.

O diretor revela que 90% das devoluções de clientes com origem na área da refusão são provenientes de partículas refratárias reagidas. “Por isso, um extenso e detalhado monitoramento das condições dos refratários é realizado semanalmente, por meio de auditorias diárias para evitar desvios.” Responsável pela reciclagem de 300 mil toneladas por ano, a Novelis utiliza fornos com refratários sílico-aluminosos, com baixos teores de cimentos e aditivos antimolhabilidade. “Uma linha especial de refratários nanoligados a base de sílica coloidal está sendo testada, com bons resultados no custo/benefício”, adianta Freire.

A reciclagem brasileira, que no caso das latas de alumínio para bebida, por exemplo, possui índice próximo a 100%, com o passar dos anos tornou-se cada vez mais estratégica para o mercado de fornecedores de revestimentos refratários. “O nosso foco principal no setor de alumínio é a reciclagem, uma vez que são consumidores importantes em volume e frequência”,conta Valdir Pasetto, da Refrata.

MERCADO

Com o foco no desenvolvimento de tecnologias, nas pesquisas sobre o comportamento dos materiais e desempenho dos fornos, a tendência é que a indústria de refratários se expanda. “Não pode haver medo de inovar. Existe o risco de falha ou de uma descoberta excepcionalmente boa. Estamos evoluindo a cada dia e precisamos dar mais ênfase ao processo”, afirma Carvalho.

Já para a Magnesita, companhia de mineração que opera no Brasil desde 1939 e conta com o maior centro de pesquisa de refratários da América Latina, as exportações estão sendo muito positivas e mantêm a empresa com otimismo no momento econômico. “Outro ponto importante é o foco na gestão de custos e otimizações dos processos. O futuro deste segmento é promissor, pois a maioria das indústrias depende dos materiais refratários para manutenção de seus processos.”

Com mais de 7% de seu faturamento fruto da indústria do alumínio, a Ibar afirma que o futuro está na busca do melhor custo/benefício dentro do mercado. Ideia compartilhada por Valdir Pasetto, da Refrata, que enxerga o cenário atual como ideal para novas oportunidades, por isso aposta em feiras como a ExpoAlumínio. “É neste momento que se encontram as melhores oportunidades de crescimento, de reeducação administrativa e acima de tudo somos obrigados a buscar novos mercados e novas tecnologias”, conclui.

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