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Carga pesada… mas a carroceria, não!

Uso do alumínio proporciona leveza e outros benefícios para caminhões

Quando se fala em carroceria de caminhão no Brasil, o que vem à mente são estruturas construídas com aço ou madeira. Mas, fora do País, o cenário já é diferente: aqui mesmo na América do Sul, países como Argentina e Uruguai já se encontram bastante familiarizados com o uso do alumínio nas carrocerias de seus veículos.

Embora ainda haja um longo caminho a percorrer até que o material se popularize como uma opção nesse mercado, já existem várias iniciativas interessantes desenvolvidas para que isso aconteça. A seguir, apresentamos algumas delas e explicamos por que o uso do metal nos implementos é extremamente vantajoso para os caminhões.

Um produto, múltiplas qualidades
As vantagens do alumínio já aparecem logo que o metal é colocado frente a frente com as outras opções para carrocerias. “O alumínio é 2/3 mais leve que o aço e mais resistente do que a madeira”, observa Marcelo David, gerente-comercial e de Desenvolvimento do Grupo Recicla BR. Augusto Nogueira, vice-presidente comercial da Novelis América do Sul, acrescenta: “Com o alumínio, as carrocerias ficam mais leves e, consequentemente, consomem menos combustíveis ou energia da bateria para funcionar, emitem menos gases de efeito estufa, aceleram mais rapidamente, freiam em distâncias mais curtas e manobram melhor do que veículos mais pesados e menos eficientes”.

A leveza é o diferencial mais chamativo do alumínio, mas está longe de ser o único. Alcides Braga, sócio-diretor da Truckvan, empresa que fabrica baús de alumínio para caminhões, lista outros benefícios:

  • Maior durabilidade: o alumínio possui vida útil mais longa em comparação com os metais convencionais e é imune à corrosão e oxidação;
  • Flexibilidade na customização: apesar de ser resistente a diversas situações que envolvem durabilidade, o alumínio é extremamente soldável, o que proporciona maior facilidade para uma infinidade de acabamentos e revestimentos;
  • Impermeabilidade: o alumínio é um material resistente às intempéries climáticas, mantendo assim a integridade dos produtos transportados no baú.

Vale destacar ainda o fato de se tratar de um metal altamente reciclável, o que permite o uso total dele para a fabricação das carrocerias e dispensa a preocupação com a geração de resíduos.

Potencial desconhecido pelo setor
Com tantas vantagens, por que, então, o alumínio ainda é tão pouco utilizado nesse mercado? Para Hoberdan Bertotti, diretor-comercial da Nolly Implementos Rodoviários, a principal razão é cultural: “O preço inicial é relativamente mais alto e o conhecimento da resistência do alumínio em diversas áreas ainda é pequeno”, afirma. Ele considera que a migração para as carrocerias de alumínio deve acontecer gradativamente, assim que o mercado tiver mais conhecimento sobre o metal.

“Um equipamento feito de alumínio custa cerca de 60% a 70% a mais que o similar de aço”, aponta Adão Soares Nogueira, diretor-presidente da Frota Implementos Rodoviários. Mas ele ressalta: quando é feito um estudo de custo-benefício, o alumínio mostra-se muito mais vantajoso do que o aço, uma vez que a leveza e resistência mecânica garantem grande economia com combustível, pneus, freio e manutenção do caminhão.

Josué Correia, gerente da Divisão de Engenharia da Noma do Brasil, afirma que o País ainda carece de investimentos para potencializar o uso do material em carrocerias. “Em todo caso, entendemos que, com o tempo, o mercado demandará produtos mais competitivos, com resultados efetivos na operação de transporte, o que certamente impulsionará o crescimento do uso do alumínio, assim como já acontece na Europa e nos Estados Unidos.”

Com foco no transporte de animais
Após viagens aos Estados Unidos e Europa, a Frota Implementos Rodoviários percebeu que o alumínio já estava presente há mais de vinte anos nos veículos locais. “Chamou atenção a sua utilidade, principalmente para animais vivos, pois o alumínio não é corroído pela urina. Assim, iniciamos os estudos no sentido de desenvolver um produto específico para o mercado brasileiro e para o Mercosul”, conta o diretor-presidente Adão Soares Nogueira.
Para lançar as carrocerias, a empresa gastou um ano desenvolvendo o projeto e mais um em testes. “O produto ficou pronto em dezembro de 2016 e os trabalhos de testes tiveram início em janeiro de 2017. Após um ano de trabalho, analisamos o semirreboque, que quase não apresentou defeitos: os pontos de soldas não trincaram e se mostraram muito resistentes devido à liga utilizada nos arames para solda e também pela liga dos perfis de alumínio que são estruturais e de alta resistência”, lembra.
A empresa começou a divulgação e venda de carrocerias, reboques e semirreboques de alumínio em meados de 2017, e desde então tem tido um grande sucesso, tanto pelo desempenho como pelo visual arrojado e ousado proporcionado pelo alumínio com acabamento escovado, o que confere às carrocerias um aspecto moderno e futurista. Já há no mercado cinquenta produtos, entre carrocerias, reboques e semirreboques de um ou dois andares, rodando no Brasil, Uruguai e Paraguai.
“Hoje, percebemos que todo cliente que adquiriu um produto de alumínio não o compra mais se for de aço ou madeira, o que demonstra assim o sucesso desse metal nesse segmento. Esse já é um caminho sem volta”, considera Nogueira.

Carroceria de alumínio para carga animal da Frota: se comparado ao aço, material demonstra maior leveza e economia de combustível, pneus, freio e manutenção

Entusiasta da carroceria carga seca de alumínio
Presente no mercado de carrocerias há 36 anos, a Nolly Implementos Rodoviários observou em 2011 uma demanda dos caminhoneiros pela capacidade de transportar mais peso. Após estudar diferentes materiais dentro e fora do Brasil, incluindo o plástico, a empresa concluiu que o alumínio era a opção mais interessante e, após rodar o protótipo ao longo de 2012, lançou a primeira carroceria aberta carga seca de alumínio em 2013, na Fenatran — Salão Internacional do Transporte Rodoviário de Carga (a empresa promete mais novidades para a edição deste ano).
“Desde 2012, nenhuma delas teve qualquer necessidade de manutenção”, conta o diretor-comercial da empresa, Hoberdan Bertotti. Segundo ele, o manuseio e a troca da carroceria são fáceis de fazer, enquanto a leveza do produto tem sido bastante vantajosa aos clientes: “Um deles tinha só um caminhão quando começamos a negociar, e hoje tem dezesseis — ele descobriu um nicho no mercado, o cliente em que ele retira as cargas prefere esse veículo, porque é o único que consegue levar 1 t a mais; com um caminhão a menos enchendo o pátio por dia, ele leva a mesma carga. É uma nota fiscal a menos, um motorista a menos”, explica.

A Nolly começou a desenvolver suas carrocerias de alumínio em 2011, após perceber a demanda dos caminhoneiros pelo transporte de mais peso por viagem

Trabalho em parceria
Em 2013, a fabricante Noma do Brasil e a Associação Brasileira do Alumínio (ABAL) deram início ao Projeto ABAL Carga Seca. A iniciativa teve o objetivo desenvolver uma carroceria sobre chassi feita 100% de alumínio. “A introdução do produto no mercado acabou sendo prejudicada pela retração sofrida pelo modelo sobre chassi nos últimos anos, bem como pelo alto valor de investimento inicial frente ao tempo de retorno”, lamenta Josué Correia, gerente da Divisão de Engenharia da empresa.
Apesar disso, o potencial do alumínio nessa área chamou atenção durante os testes: embora os pesquisadores esperassem eventuais problemas estruturais na avaliação de resistência da carroceria a situações extremas e mesmo de mau uso, como excesso de peso em áreas concentradas, não houve nenhum tipo de quebra, trinca ou empenamento sofrido pelos protótipos.

Rodotrem basculante da Noma: estudo conduzido pela empresa com a ABAL para carrocerias sobre chassi inteiramente de alumínio não constatou qualquer problema estrutural

Experiência de longa data
A Truckvan surgiu em 1992 como uma pequena oficina de reformas de baús de alumínio. Com o tempo, a empresa cresceu e passou a fabricar os próprios baús com esse metal, usando tecnologia de ponta e tornando-se referência nacional para esses produtos.
Embora ainda não haja no País uma rede de manutenção dedicada a essas carrocerias, a própria Truckvan investe em maquinário de ponta para realizar solda em alumínio. E a fabricante não pretende abandonar esse material tão cedo. “Somos sempre receptivos a novos desafios e nos movemos constantemente em busca de evolução. Portanto, nunca descartaremos o uso de materiais que possam melhorar nossos produtos, como é o caso do alumínio”, afirma Alcides Braga, sócio-diretor da Truckvan. “Acreditamos que uma maior aproximação entre a indústria de alumínio e o setor de implementos rodoviários resultará na criação de novas ideias e oportunidades de aplicação.”

Carroceria feita pela Truckvan para transporte de bebidas: empresa é referência nacional na fabricação de baús de alumínio com tecnologia de ponta

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