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Carroceria aberta carga seca de alumínio confirma suas vantagens

Uma agradável surpresa. Esse é o sentimento dominante entre os motoristas participantes da fase de testes do pioneiro “Projeto Abal Carga Seca”. Fruto de um consórcio entre dez empresas do setor do alumínio e capitaneado pela Associação Brasileira do Alumínio, o propósito é apresentar para o mercado as vantagens do implemento inteiramente com o metal leve. Após as simulações e análises iniciadas em 2013 — que contabilizaram mais de duas mil horas de estudos — e o estágio de desenvolvimento e montagem de dois protótipos pela fabricante Noma, na etapa atual acontecem os testes pelas estradas do país. E o desempenho tem sido acima do esperado.

“O projeto foi desenvolvido com todo o rigor para resistir a situações extremas e até de mau uso, como excesso de peso em áreas concentradas na carroceria. No entanto, como é normal em qualquer projeto, estávamos na expectativa de possíveis problemas estruturais. Mas isso não aconteceu: não tivemos nenhum tipo de quebra, trinca, empenamento”, conta Marcelo Gonçalves, coordenador do projeto. Ele ressalta que no mercado a quilometragem padrão rodada para testes em implementos rodoviários é de 50 mil km, já ultrapassados pelos modelos. No entanto Gonçalves diz que o objetivo é ir além: “Queremos chegar aos 100 mil km, para não existir a menor possibilidade de dúvidas sobre a qualidade e a resistência”.

VANTAGENS

Desde outubro de 2015 com o implemento em alumínio integrando sua frota, o Grupo Beira Rio, especializado em transporte e logística, abraçou o projeto e, para alcançar índices comparativos mais apurados, colocou um caminhão do mesmo modelo em operação com uma carroceria de aço. “Foi aferida uma economia de 13% de combustível, devido ao fato de o modelo em alumínio ser uma tonelada mais leve”, aponta Breno Zucconi, diretor do grupo.

Outras vantagens do menor peso podem ser percebidas na prática: maior velocidade média, menos desgaste de pneus e freios (quando o caminhão não está rodando na capacidade máxima de carga) e menor esforço do motorista para manusear a carroceria (facilidade de abrir, fechar e/ou retirar as guardas nas operações de carga e descarga). “Além disso, seria possível transportar mil quilos a mais de carga, o que é muito interessante para quem trabalha com frete. No nosso caso, temos como cliente a Votorantim Metais em que, tipicamente, é uma carga fixa de até 14 toneladas de lingotes de zinco e sacarias de óxido de zinco. Por ser uma carga de peso concentrado, fica evidente a resistência do material”, diz Zucconi, deixando claro que o alumínio é vantajoso independentemente do tipo de operação – seja com aumento da capacidade de carga ou com a otimização da eficiência operacional.

A resistência do alumínio é um ponto importante para o segmento de transportes. O mito no mercado, muito disseminado entre os motoristas, é o de que o material não “aguenta o tranco” das estradas. “Eu, particularmente, não acreditava que [a carroceria] fosse ficar na posição que está hoje, depois desse tempo todo, operando constantemente sem ter problemas”, conta William Freitas, responsável pela área de logística da fabricante de perfis Perfileve, onde está em testes outro protótipo da carroceria.

PRECONCEITO

Freitas conta que foi necessário contornar uma resistência inicial por conta do motorista e da equipe de operação, que estavam acostumados a trabalhar com modelos em madeira. “Era o preconceito de que o alumínio é fraco e de que o material não ia servir para carroceria. Aparentemente as guardas pareciam ser frágeis e eles tinham receio de que o sistema de amarração pudesse amassá-las, ou que com o manuseio elas fossem se deteriorar com facilidade”, lembra.

Mas, isso não aconteceu. Hoje, a dinâmica e a percepção sobre a carroceria são outras. “É muito mais fácil, o motorista sozinho consegue manusear as guardas de forma tranquila. Com o modelo de madeira, eram necessárias de três a quatro pessoas para desmontar as guardas ou fazer alguma adaptação na hora do carregamento ou do descarregamento”, compara. Ele aponta alguns contratempos iniciais que foram necessários contornar. Há mais de um ano rodando com o implemento de alumínio, a logística da Perfileve foi quem teve o primeiro contato na prática. “Foram questões pequenas: alguns parafusos do assoalho da carroceria soltaram e foram substituídos por outros maiores, autoblocantes; foi preciso fazer a instalação da tira fina, para amarração da lona; de borrachas, para vedação das guardas laterais; e de fita antiderrapante no assoalho”, enumera. Todas adaptações simples, implementadas rapidamente e com baixíssimo custo.

MANUTENÇÃO

Zucconi, da Beira Rio, também tinha a questão dos eventuais reparos como um ponto crucial, mas que na prática tornou-se vantajosa. “Por ser inteiramente parafusada, eu consigo fazer a manutenção na minha própria garagem, economizando custos tanto de oficina quanto do veículo parado. Na versão de aço, por ser soldada, qualquer reparo já exigia uma mão de obra especializada”, explica. Ele ainda aponta que devido ao acabamento natural do alumínio, o implemento também não demanda reparos neste quesito.

“Por ser pintada, após um ano de uso o aço já fica todo descascado e enferrujado; a de alumínio continua sempre parecendo nova. O visual é muito importante principalmente quando vamos ao cliente, é a imagem da empresa que está ali”, diz. A carência de pessoal especializado na manutenção desses implementos de alumínio é sempre uma preocupação para os usuários.

Mas, segundo Marcelo Gonçalves, é possível adotar técnicas comuns, similares às usadas pelos serralheiros de esquadrias de alumínio, trazendo o modelo de aprendizagem industrial e treinamento em caixilharia para o de implementos rodoviários. “O Senai, por exemplo, tem grande expertise nesse tipo de capacitação e poderia auxiliar na construção de uma rede especializada em manutenção de carrocerias carga seca de alumínio”, sinaliza Gonçalves. Pensando nisso, a Abal já iniciou diálogo com o Senai Maringá, no Paraná, que é a unidade focada em Metal Mecânico. A região é propícia para se tornar um centro de competência do segmento, uma vez que o eixo Curitiba, Londrina e Maringá conta com diversas empresas fabricantes de implementos rodoviários e do setor de alumínio”, completa.

Pelos desempenhos nos testes e pelo potencial de uso altamente favorável quanto à operação de transporte da carga percebida, os participantes dos testes não pensam duas vezes se trocariam toda a frota por modelos em alumínio. Zucconi, do grupo Beira Rio, vai além e confessa já ter feito cálculos. “Levando em consideração o preço da carroceria de alumínio, aproximadamente 15 mil reais mais cara do que a de aço, em um ano é possível recuperar a diferença do investimento por causa dos ganhos em termos de maior lucro no frete e menor consumo de combustível”, aponta. Além de outras vantagens: “Ela é muito bonita, virou um xodó dos motoristas, estão todos sempre de olho”, diz. No final, não é a primeira impressão que fica, mas, sim, a da qualidade.

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