Uma nova forma de morar e economizar com alumínio

Casafoz DesignA arquiteta Livia Ferraro se viu diante de uma proposta desafiadora, quando a cliente, uma bióloga argentina preocupada com o meio ambiente, sugeriu utilizar exclusivamente materiais de segunda mão na obra de sua casa. Mas, para ela, proprietária da Ferraro Container Habitat, a saída encontrada era óbvia: incorporar um contêiner marítimo ao projeto. “Uma obra com contêineres diminui significativamente o volume de produção de resíduos em uma obra convencional: de 30% para 1% de desperdício. São três caçambas de entulho contra um saco de lixo”, compara.

A escolha dos reservatórios do tipo “reefer” – modelos utilizados para o transporte de cargas refrigeradas – pareceu a mais acertada, na avaliação da arquiteta, pioneira neste tipo de projeto. Isto, devido ao isolamento térmico original deste modelo de contêiner e ao alumínio e outros materiais presentes na estrutura, que asseguram sua durabilidade. “O alumínio se mostrou altamente resistente e versátil. Pois este produto foi projetado para o transporte naval e para receber água salgada diariamente. E a fácil manutenção garante a conservação por gerações quando em terra firme”, explica Livia Ferraro.

A alternativa simples, ecológica e duradoura já é um nicho consolidado na Europa e nos Estados Unidos. E o Brasil começa a contar cada vez mais com projetos de potencial promissor: o que antes tinha como destino o descarte no pós-uso, agora virou oportunidade – inclusive de negócios.

Em Foz do Iguaçu, Paraná, o Tetris Container Hostel é primeiro hotel do país erguido à base destes componentes. “A arquitetura lembra o jogo de Tetris, onde peças se encaixam, formando uma estética divertida”, explica Karin Nisiide, uma das arquitetas responsáveis pelo projeto, que contou com 15 contêiners, em 498 m² de área construída.

Presente no projeto, a Belmetal forneceu todas as portas e janelas em perfis de alumínio. Karin relata que a adaptação das esquadrias e demais vedações com o metal foi um desafio, afinal “os marcos dos contêineres já estavam instalados, e se tiver algum fora do prumo, a instalação da esquadria fica mais difícil”. A estrutura de metal possibilita total interação com outros subprodutos do alumínio. “As chapas de alumínio composto são outra tendência e podem ser utilizadas no revestimento externo e interno”, detalha Marcos Silverin, representante comercial da Belmetal, em Balneário Camboriú.

Érica Ribeiro, coordenadora de marketing da Belmetal, atesta que o uso do alumínio é versátil e permite inúmeras aplicações de acordo com a necessidade do projeto ou até mesmo da criatividade de quem utiliza o metal: sistemas de esquadrias, revestimentos, coberturas, chapas, piso, entre outros. Além disso, o alumínio se faz presente na própria estrutura dos contêineres, quando inteiramente composto pelo metal leve ou em partes isolantes. “Acreditamos no crescimento do mercado de contêineres. Já é possível encontrá-los em estabelecimentos comerciais como restaurantes, lanchonetes, academias e escritórios. No âmbito residencial, há diversos padrões, inclusive dos mais altos”, diz.

Para Cristiano Lopes, representante da 7box Container na América Latina, contêineres marítimos têm se tornado uma opção viável para o projeto de casas tanto pelo design quanto pela economia. “Os de alumínio podem ser vistos cada vez mais em alojamentos temporários como canteiros de obra e instalações temporárias, pois são duráveis e mais fáceis e baratos de se transportar”, ressalta Lopes.

Em outros países, mais um segmento promissor tem sido a construção de casas feitas de pequenos contêineres ou totalmente de alumínio. Trata-se de um movimento chamado Tiny House que são as casas supercompactas. “Este movimento tem crescido bastante e carrega um apelo sustentável, já que as minicasas têm impacto reduzido ao meio ambiente. É uma ideia que pode virar tendência aqui no Brasil”, sinaliza Érica Ribeiro.

Na Holanda, o estúdio MONO projetou casas de alumínio para contrastar com as construções de alvenaria da pequena cidade de Almere. Chamadas de “Rebel Houses”, ou Casas Rebeldes, o formato irregular é contornado por chapas que se encaixam em portas, janelas e demais passagens de ar. O revestimento interno utiliza chapas corrugadas que atuam como isolantes térmicos.

Para os projetistas, o design arrojado é justamente vencer velhos preconceitos e conectar a casa ao meio ambiente. “As chapas de alumínio refletem a luz solar e os arredores com extrema leveza”, definem os arquitetos Gijs Baks, Jacco van Wengerden e Milda Grabauskaite, no site do estúdio holandês.

A arquiteta Livia Ferraro, da Ferraro Container Habitat acena que, embora no Brasil ainda predomine o sistema construtivo da alvenaria convencional, “já surgem algumas iniciativas visando a mecanização e a minimização do impacto ambiental que estes processos acarretam”. Sinal de que o chamado à sustentabilidade já começa a apresentar novas peças ao mercado.

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